A Lenda da Palavra Perdida na Maçonaria



A Maçonaria Antiga culmina simbolicamente na ideia da "Palavra Perdida" e na busca por sua recuperação, tema central na ritualística maçônica. Entretanto, há pouca explicação explícita sobre seu significado nas cerimônias e rituais.

A linguagem, em sua essência, é uma criação humana, com cada palavra surgindo de uma necessidade mental ou física. As palavras são mais do que simples sons; elas carregam as marcas das emoções e experiências humanas ao longo dos tempos. Através das palavras, esculpimos nossa história, transmitimos nossas verdades e cristalizamos a essência da nossa existência.

Na Maçonaria, a "Palavra Perdida" simboliza uma verdade perdida, uma essência divina que se busca incessantemente. Desde tempos imemoriais, a humanidade tem acreditado que certas palavras possuíam poderes sobrenaturais. Este conceito é ilustrado em antigos hinos babilônicos, que exaltavam o poder de uma palavra capaz de fazer o céu e a terra tremerem. Alguns estudiosos maçônicos associam essa palavra ao antigo nome onímico de Deus, "AUM" ou "AOM", sugerindo que essa poderia ser a verdadeira Palavra Perdida.

O simbolismo da "Palavra Perdida" na Maçonaria é muitas vezes associado ao tetragrama hebraico "JHVH", o nome de quatro letras de Deus, que muitos acreditam ser a Palavra Perdida. Na tradição judaica, o nome de Deus era tão sagrado que só podia ser pronunciado pelo sumo sacerdote e apenas uma vez por ano, durante o Dia da Expiação. Com o tempo, e especialmente após o cativeiro babilônico, o conhecimento exato da pronúncia desse nome foi perdido, tornando-se o objeto de uma busca espiritual que perdura até hoje.

A busca pela "Palavra Perdida" não é apenas a busca por um vocábulo, mas sim por uma verdade suprema. Essa busca representa a jornada espiritual do homem em direção ao desenvolvimento espiritual e à compreensão do poder e da glória de Deus. É uma busca contínua pela verdade, pelo bem, pelo belo e pelo divino.

Esse conceito de busca espiritual é ilustrado na narrativa de "O Outro Sábio", de Henry van Dyke, que conta a história de Artaban, o quarto sábio. Artaban busca um rei recém-nascido, guiado por uma estrela, e, em sua jornada, sacrifica seus bens materiais para ajudar os necessitados. No final de sua vida, Artaban descobre que sua busca pelo Rei foi, na verdade, uma busca pela verdade e pela bondade, manifestada em seus atos de compaixão e misericórdia.

A "Palavra Perdida" simboliza uma verdade que não pode ser adquirida apenas através do estudo ou da instrução, mas que deve ser conquistada através das experiências pessoais e das vicissitudes da vida. Representa o entendimento de que a vida humana é curta demais para compreender completamente a revelação divina, mas que cada ato de bondade e cada busca sincera pela verdade nos aproxima dessa compreensão.

Na ciência maçônica, toda a jornada é uma busca pela verdade divina, simbolizada pela "Palavra", pelo "Nome". Essa busca nos conduz para mais perto de Deus, guiando-nos através dos símbolos e rituais maçônicos para um entendimento mais profundo da moralidade e da espiritualidade.

Assim, a lenda da "Palavra Perdida" na Maçonaria é mais do que uma simples narrativa; é um chamado à busca incessante pela verdade e pelo divino, uma jornada que reflete a marcha da humanidade em direção a uma compreensão maior do universo e de si mesma.

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