É tempo de
estudos, um chamado a contrapor a ignorância costumeira que insiste em
perpetuar uma condição crônica em nossa Instituição.
"Tempo de
Estudos" não deveria ser uma mera formalidade; ao contrário, deveria ser
um período de profundo engajamento com o conhecimento e a reflexão. No entanto,
muitas vezes nos deparamos com leituras superficiais, repetições do óbvio, que
nada acrescentam ao desenvolvimento da sabedoria. Ao invés de enriquecer nosso
Templo da Sabedoria, assistimos à ignorância se infiltrar em espaços onde ela
jamais deveria ter lugar.
Quantas vezes nos
fatigamos com a falta de planejamento e de instruções adequadas para preencher
um dos momentos mais importantes da nossa cerimônia Maçônica?
Onde, ao longo de
nosso percurso, a ignorância passou a sobrepujar os méritos institucionais que
deveriam estar pautados nas Virtudes e nas reflexões mais profundas? A
Instrução já foi dada. Os mestres ecoaram, dentro das paredes de nosso Templo,
que o combate às mazelas e vícios se faz através da prática de seu contrário. É
pela vivência das Virtudes que ocupamos o tempo da ignorância; é promovendo a
sabedoria que relegamos a ignorância ao seu espaço restrito e clausurado.
Certos assuntos,
repetidos de maneira contínua, nos poupariam tempo valioso se ao menos uma
pesquisa mínima fosse realizada. Vivemos em uma era onde o conhecimento está ao
alcance de um simples toque. Consultar fontes confiáveis antes de nos
aventurarmos em discussões seria o mínimo de respeito que poderíamos oferecer
ao Tempo de Estudos.
O verdadeiro
Mestre, aquele que veste o avental com honra, não deveria ser menos preparado
do que um profano bem instruído. Ainda assim, observamos Mestres incautos, que,
por sua própria limitação, guiam os Virtuosos Aprendizes por caminhos que os
castram intelectualmente, em vez de elevar seu potencial.
A castração
intelectual é um fenômeno preocupante. Aqueles que pouco sabem, por vezes,
amordaçam os que poderiam oferecer algo além do óbvio. Neófitos são obrigados a
descer ao nível dos Mestres menos preparados, para não perturbá-los com a
profundidade de seus saberes e a diversidade de suas áreas de conhecimento.
Isso é prejudicial, pois alguns Irmãos atingem um grau de compreensão que vai
além de seus graus formais, e nada podem fazer, senão limitar suas
contribuições a expressões simples e conformistas. Muitos não percebem que
foram além, e ainda assim, são forçados a retroceder para acomodar a ignorância
dos outros.
Enquanto a
repetição do trivial ocupar o Tempo de Estudos, o progresso Maçônico estará
estagnado, correndo o risco de se transformar em uma exibição superficial de
vaidades e conveniências.
Dito isso, cabe ressaltar
que, em nenhum momento, minha reflexão tem por objetivo contrapor ou difamar a
Ordem Maçônica. Pelo contrário, é com profundo respeito e dedicação ao
progresso e às tradições que me permito lançar essa crítica construtiva.
É Tempo de
Estudos. É também tempo de progresso. Convido os Irmãos ao Templo da Sabedoria,
a ocupá-lo com os méritos universais que fazem de nossa Sagrada Ordem um
bastião do conhecimento, das leis e dos princípios que a sustentam.
Trabalhar às
Virtudes é algo que está muito além da cartilha, dever-se-ia fazer parte dos
debates e estudos constantes, é inerente ao progresso de nossa Ordem. O
Planejamento, a diversidade de linhas de saberes, a simbologia, a filosofia, a
história e leis tratadas em um nível de debate sadio. Não temos razão para ler
para os outros aquilo que é de obrigação de todos lerem, a pauta é outra, é em
um degrau acima.
Precisamos
combater a Ignorância, o Fanatismo e toda forma de castração intelectual e
subjugação, promovendo o bem-estar da Ordem e de seus membros. O momento é
agora. O meio-dia já se instalou, o sol brilha em um solo fértil, sem sombras,
aguardando que plantemos as sementes do conhecimento e do progresso.
Hilquias
Scardua
Cavaleiro
Rosa-Cruz
1 Comentários
Sensacional meu Ir. Ótima reflexão! Sempre vale a pena ler suas publicações. TFA
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