Salmo 133 e a Fraternidade Maçônica: Um Chamado à Unidade e à Harmonia


Por Mario Múnera Muñoz PGM

O Salmo 133, extraído da versão Reina-Valera de 1960, começa com estas palavras: “Vejam como é bom e agradável que os irmãos vivam juntos em harmonia. » Estes versos antigos, ricos em simbolismo, encontram um eco particular na Maçonaria, onde santificam o ideal da fraternidade humana.

O Salmo 133 celebra a união das doze tribos de Israel numa única entidade, marcando assim a importância da unidade e da harmonia para além das diferenças tribais ou sociais. Esta mensagem ressoa profundamente entre os maçons, para quem a fraternidade é um princípio fundamental. Nas lojas maçónicas, esta unidade vai além das distinções de origem, religião ou estatuto social, e apela à harmonia coletiva dentro da comunidade.

Um símbolo de óleo de união espiritual

O óleo mencionado no Salmo é um símbolo poderoso: flui sobre a cabeça, desce pela barba de Arão e chega até a bainha de suas vestes. Na tradição maçônica, esta imagem evoca a harmonização de mentes e corações. O óleo, símbolo da espiritualidade, desce do topo da cabeça em direção às emoções, refletindo a necessidade de equilíbrio entre o intelecto e o coração.

Na Maçonaria, este óleo sagrado também representa unidade e coesão entre os membros da loja. Tal como o óleo bento é usado para ungir sacerdotes e reis, aqui torna-se um sinal de dignidade, sabedoria e respeito mútuo. A ação do óleo fluindo sobre a barba encarna a difusão desta sabedoria através das ações, lembrando-nos que a espiritualidade sem ação não tem sentido, assim como a ação sem espiritualidade é vã.

Fraternidade, fundamento da Maçonaria

A fraternidade está no cerne da Maçonaria, unindo os seus membros através de um amor fraterno que transcende as relações sociais tradicionais. A fraternidade maçônica baseia-se na confiança e no apoio mútuo e pretende ser um modelo para a sociedade em geral. Os maçons procuram construir um mundo mais justo, onde a harmonia e a tolerância sejam as palavras-chave.

O Salmo 133 é frequentemente interpretado na Maçonaria como um convite a viver em harmonia, baseado em valores universais de respeito e solidariedade. Este salmo reflete o ideal maçónico de uma fraternidade que une indivíduos de todas as origens, independentemente da sua filiação religiosa, cultural ou política.

Interpretação mística e cabalística

Uma interpretação cabalística do Salmo 133 oferece uma leitura mais profunda da unidade harmoniosa entre irmãos. Arão, nosso sumo sacerdote, representa a emoção, enquanto Moisés, seu irmão, personifica o intelecto. A sua união simboliza a necessidade de equilibrar as emoções e a razão, um equilíbrio essencial para alcançar uma compreensão espiritual mais elevada.

O azeite utilizado para a unção dos sacerdotes e dos reis é aqui visto como o resultado de um trabalho rigoroso, comparável à extração do azeite por moagem. Este processo simboliza a necessidade de transcender a materialidade e purificar a mente através do estudo, prática e meditação.

Um apelo aos princípios mais elevados

O Salmo 133 nos convida a buscar princípios superiores, simbolizados pelo orvalho do Hermom, esta alta montanha cuja neve derretida nutre os rios. Assim como o orvalho desce das alturas para nutrir a terra, o espírito humano também deve elevar-se em direção a ideais mais espirituais e transcendentes.

O templo de Jerusalém, erguido pelo rei Salomão, neto de Boaz, também é mencionado como local sagrado para onde convergem as energias espirituais. Neste espaço de fraternidade, os maçons se reúnem para compartilhar um ideal comum: o de construir uma sociedade mais harmoniosa, baseada no amor fraterno e na sabedoria.

Amor fraterno, a chave para a vida eterna

O Salmo 133 termina com uma promessa de bênção divina e vida eterna. Para os maçons, este amor fraterno transcende as simples relações humanas e torna-se um princípio espiritual fundamental. É através deste amor, expresso através de ações justas e gentis, que podemos esperar alcançar um estado de paz interior e transcendência.

Quando a vida na terra chega ao fim, o que realmente importa são as obras que deixamos. São eles que nos transcendem e nos trazem de volta ao nosso estado original. O Salmo 133 recorda-nos assim que a fraternidade é uma bênção, um vínculo sagrado entre os homens, e que nos guia para uma existência cheia de sentido e harmonia, não só aqui na terra, mas também no além. 

Fonte: https://www.elnacional.com

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