História do Aperto de Mão


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Por Joi Grieg

Cada um de nós escolhe pesquisar um tema com base em interesses ou, às vezes, por pura sorte. Um dos meus passatempos favoritos é visitar cemitérios antigos e ler as inscrições nas lápides. Durante minha viagem à Grécia para comemorar meu 25º aniversário, visitei Kerameikos, um dos cemitérios mais antigos do mundo. Ele remonta ao terceiro milênio a.C., com túmulos datados da Idade do Bronze Antiga (2500-2000 a.C.) até o século VI d.C.

Enquanto caminhava pelo museu, deparei-me com uma lápide funerária grega retratando um jovem e um homem mais velho apertando as mãos de forma muito especial. A placa indicava que era um dexiosis ou um aperto de mão com a mão direita, datado de cerca de 400 a.C. Continuando minha caminhada, encontrei outra lápide com uma mulher sendo segurada pelo braço, e a explicação dizia que o gesto simbolizava sua recepção na vida após a morte pelos ancestrais ou pelos deuses, por meio de um aperto de mão com a mão direita.

Isso me fez refletir: Nunca pensei profundamente sobre apertos de mão. Há quanto tempo eles são usados? Que significados sagrados tiveram ao longo da história? Como isso se relaciona com a Maçonaria? E o que pode significar para cada um de nós?

Eu não sou a primeira, nem serei a última pessoa intrigada pela história ou pela arte. É intuitivo pensar no uso das mãos, seja para ajudar, amar ou até mesmo expressar raiva.

ORIGENS DO APERTO DE MÃO

O registro mais antigo de um aperto de mão parece remontar ao antigo Egito, onde hieróglifos mostram uma mão estendida que, segundo alguns, representa o verbo "dar", datado de cerca de 2800 a.C. Na escrita proto-cananeia, que deu origem ao hebraico, a pictografia original da letra yod também representava uma mão estendida, por volta de 1800 a.C.

Mais ou menos na mesma época, o "Painel de Investidura" da Mesopotâmia antiga, uma pintura figurativa, mostra um rei apertando a mão de uma estátua do deus Marduque, simbolizando a transferência de autoridade para o próximo ano. Este ritual fazia parte do Enuma Elish ("Quando nas alturas"), uma criação mítica.

Em sua Enciclopédia da Maçonaria, Albert Mackey discute a importância simbólica da mão e dos gestos manuais. Ele afirma que na Maçonaria a mão é um símbolo de alta relevância, encontrado também em religiões antigas. Segundo ele, a mão simboliza a "inteligência mística pela qual um maçom reconhece outro, tanto na escuridão quanto na luz".

SIMBOLISMO EM RELIGIÕES E MISTÉRIOS

As religiões de mistério, como o Mitraísmo e os cultos sumerianos, assírios e babilônios, também usavam o aperto de mão como símbolo. Pesquisadores mórmons, como Todd M. Compton, exploraram extensivamente o simbolismo do aperto de mão, relacionando-o a iniciações e à união com o divino. Compton escreve:

"Embora o uso 'secular' como símbolo de reconhecimento, amizade e acordo seja óbvio, as religiões de mistério o cooptaram como um emblema de amor, iniciação, salvação e apoteose."

No Antigo Testamento, o aperto de mão é mencionado em Salmos, Isaías e outros livros, geralmente simbolizando a elevação à vida eterna, a recepção de ajuda divina ou um papel elevado no conselho celestial.

Plutarco, historiador grego, mencionou que entre os pitagóricos o aperto de mão simbolizava amor, fraternidade e reconciliação. Ele escreveu:

"Devemos seguir o exemplo dos pitagóricos, que nunca deixavam o sol se pôr sem antes apertar as mãos direitas, abraçar-se e reconciliar-se."

Na Roma antiga, a mão direita era sagrada para Fides, a deusa da fidelidade. No Mitraísmo, iniciado em Roma, os adeptos chamavam a si mesmos de syndexioi, ou "unidos pelo aperto de mão". Já os seguidores de Mani (os maniqueus) viam o aperto de mão como um símbolo de "retirar-se da escuridão e entrar na luz".

O APERTO DE MÃO COMO SINAL DE SEGURANÇA

Na Idade Média e entre tribos nômades como os beduínos, o aperto de mão começou a ser usado como um gesto para demonstrar segurança, provando que ambas as partes não carregavam armas escondidas. O movimento de "sacudir" as mãos visava desalojar qualquer arma oculta. Assim, o aperto de mão tornou-se uma espécie de código para dizer: "Prometo que não estou prestes a te apunhalar."

Ao longo dos tempos, o aperto de mão evoluiu de um gesto sagrado e simbólico para um sinal de confiança e amizade, conectando culturas, tradições e histórias.

 


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