Da Redação
Os Filaletos, cujo nome em grego antigo significa "amigos da verdade", desempenharam um papel central na história da Maçonaria francesa do século XVIII. Fundado em 1773 pelo Marquês Charles-Pierre-Paul Savalette de Langes, o rito surgiu no seio da loja “Les Amis Réunis” em Paris, como um movimento filosófico e místico. O objetivo era aprofundar a busca pela verdade e explorar os mistérios esotéricos da época, marcando um período de grande efervescência intelectual e espiritual na Maçonaria.
A
Origem e Organização dos Filaletos
Sob a liderança de Savalette de Langes,
os Filaletos estruturaram sua prática em torno de uma comissão de fileiras e
arquivos, estabelecida em 1775 para desenvolver um plano que conduzisse ao
“conhecimento da verdade”. Após cinco anos de intenso trabalho, essa comissão
apresentou um rito organizado em doze graus, cada um acompanhado por uma
cerimônia de recepção. Esses graus estavam divididos em três seções, refletindo
a progressão tradicional de muitos ritos maçônicos.
O movimento também ficou conhecido como
uma verdadeira “academia oculta”. Os Filaletos adotaram a regra de “nada
rejeitar”, interessando-se profundamente pelas sociedades místicas paralelas à
Maçonaria e buscando compreender as relações entre o homem e os espíritos. Esse
ecletismo resultou na construção de pontes entre a Maçonaria e outras tradições
místicas europeias, como os Rosacruzes.
O
Convento de 1785: Apogeu dos Filaletos
O ponto alto da influência dos Filaletos
foi o Convento de 1785, convocado por Savalette de Langes. Esse evento foi uma
resposta ao Convento de Wilhelmsbad de 1782, que consolidou a retificação
escocesa. Reunindo 228 irmãos, o Convento de 1785 destacou-se pela sua
abordagem filosófica e universalista. Foi elaborado um questionário de dez
pontos, explorando questões fundamentais como a natureza divina, a redenção e a
origem dos símbolos maçônicos.
O convento refletiu a tentativa de
conciliar ciência, teologia e filosofia, em busca de uma visão universalista
que unisse o conhecimento esotérico e os valores iluministas. Porém, também
expôs tensões internas na Maçonaria, revelando divergências entre os adeptos do
esoterismo puro e os defensores de um retorno aos valores sociais e morais do
Iluminismo.
O
Declínio dos Filaletos e sua Influência Posterior
A morte de Savalette de Langes em 1797
marcou o início do declínio dos Filaletos. A Revolução Francesa, com suas
profundas transformações sociais e políticas, também contribuiu para o fim do
rito, que carecia de uma estrutura centralizada capaz de sustentar suas
atividades. Apesar disso, a influência dos Filaletos permaneceu.
No século XX, o nome e o espírito dos
Filaletos foram resgatados pela Sociedade dos Philalethes, uma organização
maçônica internacional dedicada ao estudo dos símbolos e da história maçônica.
Embora independente dos Filaletos do século XVIII, essa sociedade perpetua o
legado de investigação intelectual e espiritual iniciado por Savalette de
Langes.
Legado
e Relevância Contemporânea
Os Filaletos simbolizam uma faceta única
da história maçônica: a de um movimento que buscava sintetizar ciência,
espiritualidade e humanismo em uma perspectiva universalista. Sua abordagem,
baseada no estudo rigoroso de textos antigos, símbolos e doutrinas místicas,
inspirou movimentos intelectuais e espirituais dentro e fora da Maçonaria.
Embora efêmero como rito estruturado, o
movimento dos Filaletos deixou uma marca indelével na tradição esotérica
francesa e na busca pela verdade universal. Em tempos contemporâneos, sua
herança ressoa na reflexão sobre o diálogo entre ciência, espiritualidade e o
sentido da existência.
Os Filaletos permanecerão como um exemplo de como a Maçonaria pode ser um espaço de investigação profunda, integrando diversas tradições e promovendo um ideal elevado de fraternidade e busca pela verdade.
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Luiz Sérgio Castro
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