Falta de Fraternidade: Um Risco Real para a Humanidade


Por Giordano Bruneau 

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Os republicanos franceses acertaram ao identificar esses três pilares como a base de uma verdadeira humanidade, dotada de direitos inalienáveis. Entre eles, a fraternidade destaca-se como um elemento indispensável para sustentar nossa coexistência. 

A Maçonaria, alinhada a esses valores, adota a fraternidade como um de seus princípios fundamentais, embora com características particulares. Em sua essência, a fraternidade maçônica exige que cada um ame o outro tanto quanto a si mesmo. Mas, até que ponto esse ideal resiste quando posto à prova? Quem, de fato, cumpre a obrigação moral assumida solenemente no momento em que ela se torna necessária? 

Longe de criticar a sinceridade da fraternidade maçônica, reconheço que muitos, eu incluso, já experimentaram o calor de abraços fraternos nos momentos mais difíceis. A força dessa fraternidade, mesmo fora do templo, em ocasiões inusitadas, evidencia seu poder e significado. 

Entretanto, para compreendê-la plenamente, é importante distinguir os diferentes tipos de fraternidade e como eles se manifestam. Assim, proponho quatro categorias principais: 

1. Fraternidade familiar, originária e natural, baseada nos laços de sangue e no amor compartilhado. 

2. Fraternidade comunitária ou religiosa, que une indivíduos em torno de crenças e valores espirituais. 

3. Fraternidade social ou universal, que visa a união da humanidade como um todo. 

4. Fraternidade maçônica, um vínculo específico que transcende o individual e busca um ideal universal. 

 Fraternidade Familiar: A Base de Tudo 

A fraternidade familiar é a primeira experiência de união e partilha. Originada no amor parental, ela representa a essência de todos os laços fraternos. Contudo, nem sempre resiste a desafios, como o falecimento de um ente querido ou a dispersão causada pela formação de novas famílias. 

Minha experiência pessoal ilustra isso. Cresci em uma família com cinco irmãos, marcada por desafios e eventos que moldaram nossa convivência. A perda de nosso pai, por exemplo, revelou que ele era o pilar central de nossa união. Essa dinâmica familiar reflete, de certa forma, a história de uma loja maçônica, com sua gênese, evolução e figuras emblemáticas. 

 Fraternidades Religiosas e Universais 

As fraternidades religiosas podem ser um caminho para a fraternidade universal, desde que superem os fanatismos que segregam em vez de unir. Como destacou o Abade Pierre, é essencial denunciar essas barreiras para alcançar o amor e a união verdadeiros. 

Por sua vez, a fraternidade social ou universal enfrenta desafios ainda maiores. A competição, muitas vezes preferida à cooperação, compromete a sobrevivência coletiva. Embora a competição tenha sua função como motor de progresso, ela se torna destrutiva quando alimenta desigualdades e privações. 

Pierre Rabhi, filósofo e economista, alerta que a fraternidade universal pode ser o único caminho viável para a sobrevivência da humanidade, especialmente diante do avanço tecnológico desenfreado. A ganância e o egoísmo têm esgotado os recursos do planeta, colocando em risco as futuras gerações. 

 Fraternidade Maçônica: Um Compromisso Elevado 

Na Maçonaria, a fraternidade é a pedra angular que une seus membros. O compromisso assumido pelo iniciado transcende o individualismo e busca construir um mundo mais justo e harmonioso. 

Os maçons compartilham não apenas bens materiais, mas, acima de tudo, o que são. Esse compartilhamento é o alicerce de uma fraternidade que se manifesta dentro e fora do templo. O trabalho maçônico não se limita ao aprimoramento individual ou ao fortalecimento da ordem, mas busca estender seus benefícios à humanidade como um todo. 

A verdadeira fraternidade maçônica também implica ação prática. Doar sangue, cadastrar-se como doador de medula óssea ou disponibilizar órgãos após a morte são formas concretas de viver os valores fraternais. Esse compromisso é um passo decisivo rumo à fraternidade universal. 

A ausência de fraternidade representa um risco existencial para a humanidade. Sem ela, a sociedade perde o equilíbrio, e o progresso tecnológico torna-se uma ameaça, em vez de uma bênção. 

A fraternidade maçônica, com sua busca por união, reflexão e altruísmo, é um modelo a ser seguido. Cabe a nós, maçons e cidadãos do mundo, cultivar e disseminar esses valores, transformando a fraternidade em um princípio universal que transcenda fronteiras e barreiras. Afinal, a sobrevivência e a felicidade da humanidade dependem de nossa capacidade de viver e promover a fraternidade em todas as suas formas. 

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