A Tradição dos Templos e sua Conexão com a Maçonaria


Da Redação

 Introdução

Desde tempos imemoriais, a humanidade tem erguido templos e santuários como espaços sagrados para o culto divino. A história da construção de templos, desde a Torre de Babel até o Templo de Salomão, apresenta não apenas um registro arqueológico e religioso, mas também um simbolismo profundo que ressoa nos ensinamentos e tradições da Maçonaria. Este artigo explora a conexão entre a construção dos templos e a história da Maçonaria, analisando como esses elementos se entrelaçam na tradição iniciática e esotérica.

 A Torre de Babel e os Primeiros Santuários

A Torre de Babel, mencionada na Bíblia como a primeira grande construção erguida pelo homem em sua tentativa de alcançar o divino, remete às antigas tradições arquitetônicas da Suméria e da Babilônia. Com a ascensão de Ninrode, um construtor e rei da Babilônia, os primeiros templos e zigurates foram erguidos como santuários para a comunicação com os deuses. A tradição das Guildas Maçônicas sustenta que os segredos da arte da construção foram primeiramente revelados a elas por Ninrode, através das antigas "Obrigações de Nimrod". Essa referência à transmissão de conhecimento operático revela um elo profundo entre as construções sagradas e os fundamentos da Maçonaria especulativa.

 O Tabernáculo e a Construção do Primeiro Templo

Com a migração de Abrão e o subsequente êxodo do Egito, os israelitas desenvolveram um sistema de culto portátil, o Tabernáculo. Esse santuário era um espaço sagrado onde se realizavam rituais e oferendas. A estrutura do Tabernáculo continha elementos que posteriormente seriam replicados no Templo de Salomão, como a divisão em um Lugar Santo e um Santo dos Santos.

Com a ascensão de Davi ao trono, a necessidade de um templo permanente tornou-se evidente. Davi conquistou Jerusalém e escolheu o Monte Moriá como local sagrado para abrigar a Arca da Aliança. Seu filho, Salomão, iniciou a construção do Templo, contando com o auxílio de Hiram, Rei de Tiro, e de um mestre construtor chamado Hurão Abiff, figura central na mitologia maçônica. O Templo foi edificado com precisão e riqueza, servindo como centro espiritual e político de Israel.

 Os Pilares Jaquim e Boaz

Dois pilares monumentais, Jaquim e Boaz, foram erigidos na entrada do Templo de Salomão. Sua função e significado vão além da decoração, simbolizando a força e estabilidade do templo e, por extensão, da sociedade. No simbolismo maçônico, esses pilares representam os fundamentos da instituição e a dualidade entre os opostos complementares.

 A Influência da Destruição do Templo na Tradição Maçônica

O Templo de Salomão foi saqueado e destruído por Nabucodonosor em 586 a.C., levando ao exílio babilônico. O impacto dessa destruição ressoou profundamente na cultura judaica e, posteriormente, na Maçonaria. A esperança de reconstrução do templo tornou-se um arquétipo de renovação espiritual e iniciação. Ezequiel profetizou a edificação de um novo templo, enquanto o decreto de Ciro possibilitou a construção do Segundo Templo, que permaneceu de pé até sua destruição pelos romanos em 70 d.C.

 O Templo de Herodes e a Persistência do Simbolismo

Herodes, o Grande, restaurou e ampliou o Segundo Templo, tornando-o uma das estruturas mais grandiosas do mundo antigo. Seu projeto visava glorificar sua própria imagem e estabelecer uma conexão entre Roma e Jerusalém. A destruição final do templo pelos romanos não apenas marcou um ponto de virada na história judaica, mas também perpetuou o simbolismo do templo na tradição esotérica.

 A Orientação dos Templos e sua Influência na Maçonaria

Os templos de Jerusalém eram orientados para o leste, simbolizando a busca pela luz. A Maçonaria Operativa seguiu essa orientação em suas lojas, mas a Maçonaria Especulativa inverteu essa posição, adotando a configuração das igrejas cristãs. Esse detalhe técnico influenciou a interpretação ritualística e simbólica da prática maçônica.

 Conclusão

A história dos templos, desde a Torre de Babel até o Templo de Salomão e sua destruição, tem uma influência marcante na tradição maçônica. A construção, destruição e esperança de reconstrução do Templo são reflexos da jornada iniciática, representando o progresso espiritual do iniciado. A tradição judaico-cristã, combinada com a herança das guildas de pedreiros, formou a base dos ensinamentos esotéricos e simbólicos da Maçonaria. O simbolismo do templo perdura como um arquétipo universal de busca pelo sagrado e pela perfeição interior.

 

 

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