Da Redação
Chaplin diz em sua autobiografia:
Se eu conhecesse os verdadeiros
horrores dos campos de concentração alemães, não teria conseguido fazer "O
Grande Ditador", não teria conseguido fazer humor com a loucura homicida
dos nazistas.
Ele assume o comando do terror
desencadeado pelo Nacional-Socialismo. Essa sensibilidade lhe permite não só
criar uma obra-prima do cinema, mas também escrever um discurso inigualável,
cheio de valores e responsabilidade. Um chamado à Fraternidade Universal que
nós, humanos, parecemos esquecer, permitindo que aqueles que abusam, subjugam e
assassinam sigam soltos. Este discurso é um lembrete maravilhoso. É uma
obrigação divulgá-lo e defendê-lo.
O texto diz o seguinte:
Sinto muito, mas não quero ser imperador;
esse não é meu trabalho. Não quero governar ou conquistar ninguém, mas sim
ajudar a todos, se possível. Judeus e gentios, brancos ou negros.
Temos que ajudar uns aos outros. É assim
que nós, humanos, somos. Queremos fazer os outros felizes, não infelizes. Não
queremos odiar ou desprezar ninguém. Há espaço para todos neste mundo. Um bom
solo é rico e pode alimentar todos os seres.
O caminho da vida pode ser livre e belo,
mas nós o perdemos. A ganância envenenou almas. Ele levantou barreiras de ódio.
Ela nos empurrou para a miséria e a matança.
Fizemos um progresso muito rápido, mas nos
aprisionamos. A maquinaria, que cria abundância, nos deixa na miséria. Nosso
conhecimento nos tornou cínicos. Nossa inteligência, dura e seca. Pensamos
muito e sentimos muito pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de
humanidade. Mais que inteligência, tenha gentileza e doçura. Sem essas
qualidades, a vida será violenta. Tudo estará perdido.
Aviões e rádios nos fazem sentir mais
próximos. A própria natureza dessas invenções exige bondade humana. Ela exige a
fraternidade universal que nos une a todos.
Neste momento, minha voz alcança milhões
de pessoas ao redor do mundo, milhões de homens, mulheres e crianças
desesperados. Vítimas de um sistema que tortura homens e aprisiona pessoas
inocentes.
Para aqueles que podem me ouvir, eu digo:
não se desesperem. O infortúnio que sofremos nada mais é do que a ganância e a
amargura passageiras de homens que temem seguir o caminho do progresso humano.
O ódio dos homens passará. E os ditadores
cairão. E o poder que foi tirado do povo será devolvido ao povo. E assim,
enquanto o homem existir, a liberdade não perecerá.
Soldados! Não se renda a esses homens! que
na verdade desprezam vocês, escravizam vocês, regulam suas vidas e dizem o que
vocês devem fazer, o que pensar e o que sentir. Eles fazem lavagem cerebral em
você, eles engordam você, eles tratam você como gado. E como bucha de canhão.
Não se entreguem a esses indivíduos
desumanos, homens-máquina, com cérebros e corações de máquinas. Vocês não são
máquinas; vocês não são gado. Vocês são homens. Vocês carregam o amor da
humanidade em seus corações. Não ódio. Só odeia quem não ama. Aqueles que não
amam e os desumanos.
Soldados! Não lute pela escravidão, mas
pela liberdade! No capítulo XVII de São Lucas lemos: o reino de Deus está
dentro do homem. Não de um homem ou de um grupo de homens, mas de todos os
homens. Em você.
Vocês, o povo, têm o poder. O poder de
criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vocês, o povo, têm o poder de
tornar esta vida livre e bela. Para transformá-lo em uma aventura maravilhosa.
Em nome da democracia, vamos usar esse
poder agindo juntos. Lutemos por um mundo novo, digno e nobre que garanta
trabalho para todas as pessoas. E dar um futuro aos jovens. E na velhice,
segurança.
Com a promessa de tais coisas, as feras
ascenderam ao poder. Mas eles mentiram. Eles não cumpriram suas promessas e
nunca cumprirão. Os ditadores são livres, só eles. Mas eles escravizam o povo.
Vamos agora lutar para tornar nossas promessas realidade. Todos lutem para
libertar o mundo. Para quebrar barreiras nacionais. Para eliminar a ambição, o
ódio e a intolerância.
Lutemos pelo mundo da razão. Um mundo onde
a ciência, onde o progresso, nos leva a todos à felicidade.
Soldados, em nome da democracia, todos nós
devemos nos unir!
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