Templo e Loja


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Por Robson de Barros Granado

Templo e loja maçônica são apresentados como símbolos entrelaçados. O templo é, a princípio, o local onde as sessões na maçonaria acontecem. Os maçons conhecem as dimensões da loja, que correspondem às do universo vivenciado a partir da superfície da Terra. O universo é o templo; a loja é a humanidade que se espalha pela Terra, de onde contempla o infinito.

Templo e loja maçônica são apresentados como símbolos entrelaçados. O templo é, a princípio, o local onde as sessões na maçonaria acontecem. Os maçons conhecem as dimensões da loja, que correspondem às do universo vivenciado a partir da superfície da Terra. O universo é o templo; a loja é a humanidade que se espalha pela Terra, de onde contempla o infinito.

Templo ou loja são representações simbólicas. Representação é um substituto daquilo que é representado. Uma fotografia em um passaporte representa o portador; um desenho de um leão junto a uma jaula representa o animal preso ali. Estes são exemplos de ícones — representações que guardam semelhança visível com o representado.

Símbolos também são representantes de seus representados, mas mantêm uma relação arbitrária com eles. A palavra "maçã", por exemplo, representa a fruta que todos conhecem, mas qual é a relação entre a palavra e a fruta? Nenhuma. Simplesmente passaram a chamar a fruta de “maçã” — e pronto.

No cristianismo, a imagem de uma pomba representa simbolicamente o espírito ou a alma. Uma imagem de uma criança dormindo pode ser símbolo de paz. No que diz respeito a ícones e símbolos, o que importa é o que representam. O templo ou a loja, na maçonaria, são símbolos — representações da humanidade no infinito do universo. Simbolizam o mundo em que vivemos.

O que realmente importa: a sala que os maçons chamam de templo, onde se reúnem, ou o universo e a humanidade espalhada sobre a superfície da Terra? Os maçons, quando se reúnem no templo e se encontram em loja, estão representando a humanidade no mundo — e isso é o que importa.

O mundo em que vivemos é representado na maçonaria como uma dupla dualidade. Ele se divide em oriente e ocidente, e este, por sua vez, em norte e sul.

O oriente é símbolo do ponto de onde a luz provém: o mundo invisível, o mundo espiritual. O ocidente representa a região para onde a luz se dirige: o mundo visível, o mundo material.

Neste mundo material, existem norte e sul. A luz originada no oriente transita pelo sul, clareando o mundo visível, antes de se ocultar após sua passagem pelo ocidente. Do norte nunca vem a luz; o norte é a região da penumbra, da contração da vibração.

O mundo espiritual, representado no templo pelo oriente, não é visível para os humanos que habitam o mundo material, o ocidente. Os símbolos não são a verdade; esta se encontra naquilo que eles representam. Os espaços físicos no templo, indicados como oriente e ocidente, são representações da verdade.

O mundo material é um aspecto do mundo espiritual — os dois se interpenetram, não estão espacialmente separados. Quando se diz que o oriente é o mundo invisível, em verdade está se afirmando que nenhum dos cinco sentidos humanos capta estímulos no mundo material que provenham do espiritual.

Não detectamos imagens, sons, odores, paladares ou sensações táteis vindas das energias espirituais porque os humanos não precisam disso para sobreviver no mundo físico — e esse potencial não foi desenvolvido. Contudo, alguns entre nós captam, por meios extrafísicos, estímulos originados no mundo espiritual.

O mundo espiritual não é uma dimensão desabitada; ele é repleto de entes espirituais que estão entre nós, habitantes do mundo material. No templo, a hierarquia estabelecida determina que os mestres — aqueles que ascenderam ao mundo espiritual — orientem o trabalho a ser conduzido por aqueles que, no ocidente, se dividem entre as colunas do norte e do sul.

Os humanos que se espalham no ocidente do templo — o aspecto material do universo — se deslocam entre dois trechos (colunas): o norte e o sul.

O norte é a etapa da introspecção, do enfrentamento dos obstáculos emocionais e psicológicos, da busca pelo autoconhecimento e do domínio de si mesmo. É no norte que o humano enfrenta as distorções do pensar malformado, as cadeias das paixões e dos vícios. Deste processo pode emergir a necessidade da coerência, da estruturação lógica dos fatos, da disposição adequada para a busca da verdade.

A superação dessa etapa conduz o humano a estudar e se preparar para, ativamente, contribuir na transformação do mundo. No sul, os obreiros — humanos fraternos — se dedicam a construir um mundo melhor, com justiça social, equilíbrio com a natureza e respeito pelo próximo.

É por isso que:

o sul é conhecido como a coluna da beleza (o mundo da razão bem-formada e bem instruída, onde floresce a possibilidade de uma humanidade feliz);

o norte, como a coluna da força (o domínio da vontade esclarecida, origem da força moral);

e o oriente, como a coluna da sabedoria, pois somente com sabedoria os entes espirituais podem induzir as transformações necessárias à realização da utopia maçônica de uma humanidade feliz.

O candidato à iniciação ingressa no mundo material — que é um aspecto do mundo espiritual — e ali jura cumprir um plano estabelecido para sua ascensão espiritual.

Aceito e incorporado à loja, começa sua jornada iniciática no universo, em meio à humanidade espalhada por todo o planeta. Sua primeira tarefa é vencer suas amarras emocionais e psicológicas: precisa dominar seus vícios e ser senhor de sua vontade. Ignorância e preconceitos não podem mais guiar seu raciocínio; é necessário adquirir uma disciplina rigorosa de organizar ideias e conceitos com base na lógica e na busca da verdade.

Se conseguir, ingressa na etapa seguinte: ampliar seus conhecimentos para poder contribuir com a tarefa maior de construir um mundo onde a justiça social seja o fundamento da convivência entre os humanos.

Precisa garantir os opostos de liberdade e igualdade, que só se harmonizam sob o império da fraternidade.

A tarefa de tornar feliz a humanidade é uma utopia, mas é a única missão a ser realizada pela loja — que é a humanidade espalhada sobre a superfície da Terra, no templo que tem as dimensões do universo.

Fonte: Retales de Masonería


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