Assim Caminha a Fraternidade


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Por Luiz Sérgio Castro

Há tempos em que a Maçonaria parecia caminhar em passos largos, ocupando espaços na política, na ciência, na cultura, moldando a sociedade de forma visível. Hoje, o compasso é outro. O caminhar é mais lento, às vezes discreto demais, como se a Ordem tivesse decidido refugiar-se na penumbra para não ser confundida com as sombras que ela própria jurou combater.

No Brasil, as lojas continuam acesas, mas as colunas já não se sustentam apenas com a pompa das tradições. O desafio é outro: como despertar o interesse dos jovens em um mundo que vive à velocidade das redes sociais, onde tudo é imediato e superficial? Como falar de simbolismo, silêncio e paciência a uma geração que vive de “stories” que desaparecem em 24 horas?

No mundo, a situação não é tão diferente. A fraternidade segue viva, mas atravessa encruzilhadas. A globalização e a tecnologia ampliaram o alcance das ideias, mas também fragilizaram os laços presenciais. Muitos irmãos se perdem na burocracia dos rituais, esquecendo-se de que o verdadeiro templo se constrói no coração e não apenas nos altares.

Ainda assim, a Maçonaria resiste. Em cada loja, em cada reunião, há sempre um olhar fraterno, uma mão estendida, uma palavra de conforto. A chama não se apagou; apenas exige mais zelo para não se transformar em brasa quase invisível.

O que o futuro reserva? Talvez a fraternidade precise reaprender a caminhar. Menos apegada a títulos e cargos, mais aberta ao diálogo com o mundo real; menos preocupada em guardar segredos que já não são segredos, mais dedicada em cultivar os mistérios da alma.

Afinal, assim caminha a fraternidade: tropeçando e se reerguendo, enfrentando críticas e preconceitos, mas sempre com a esperança de que, enquanto houver homens dispostos a se tornarem melhores, haverá espaço para erigir templos à virtude e cavar masmorras ao vício.

E talvez o maior desafio esteja em lembrar que não é o tempo quem molda a Maçonaria, mas sim a Maçonaria quem pode ensinar o tempo a ser vivido com sabedoria.



 


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