Há
tempos em que a Maçonaria parecia caminhar em passos largos, ocupando espaços
na política, na ciência, na cultura, moldando a sociedade de forma visível.
Hoje, o compasso é outro. O caminhar é mais lento, às vezes discreto demais,
como se a Ordem tivesse decidido refugiar-se na penumbra para não ser
confundida com as sombras que ela própria jurou combater.
No
Brasil, as lojas continuam acesas, mas as colunas já não se sustentam apenas
com a pompa das tradições. O desafio é outro: como despertar o interesse dos
jovens em um mundo que vive à velocidade das redes sociais, onde tudo é
imediato e superficial? Como falar de simbolismo, silêncio e paciência a uma
geração que vive de “stories” que desaparecem em 24 horas?
No
mundo, a situação não é tão diferente. A fraternidade segue viva, mas atravessa
encruzilhadas. A globalização e a tecnologia ampliaram o alcance das ideias,
mas também fragilizaram os laços presenciais. Muitos irmãos se perdem na
burocracia dos rituais, esquecendo-se de que o verdadeiro templo se constrói no
coração e não apenas nos altares.
Ainda
assim, a Maçonaria resiste. Em cada loja, em cada reunião, há sempre um olhar
fraterno, uma mão estendida, uma palavra de conforto. A chama não se apagou;
apenas exige mais zelo para não se transformar em brasa quase invisível.
O
que o futuro reserva? Talvez a fraternidade precise reaprender a caminhar.
Menos apegada a títulos e cargos, mais aberta ao diálogo com o mundo real;
menos preocupada em guardar segredos que já não são segredos, mais dedicada em
cultivar os mistérios da alma.
Afinal,
assim caminha a fraternidade: tropeçando e se reerguendo, enfrentando críticas
e preconceitos, mas sempre com a esperança de que, enquanto houver homens
dispostos a se tornarem melhores, haverá espaço para erigir templos à virtude e
cavar masmorras ao vício.
E
talvez o maior desafio esteja em lembrar que não é o tempo quem molda a
Maçonaria, mas sim a Maçonaria quem pode ensinar o tempo a ser vivido com
sabedoria.
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