Da Redação
A Independência do Brasil, proclamada em 7 de
setembro de 1822 por Dom Pedro às margens do riacho Ipiranga, é um dos
acontecimentos mais marcantes da história nacional. Contudo, por trás do
célebre “Grito da Independência”, existiu um movimento mais amplo, articulado
nos bastidores, no qual a Maçonaria exerceu papel decisivo.
A influência maçônica se fez sentir tanto antes
quanto depois da proclamação formal, sendo essencial para consolidar a
emancipação política e estabelecer os rumos do novo império.
O Contexto Pré-Independência
No início do século XIX, o Brasil ainda vivia
sob o jugo da Coroa portuguesa. A transferência da corte em 1808 para o Rio de
Janeiro trouxe transformações econômicas e culturais, mas também acirrou o
debate sobre autonomia política.
Foi nesse cenário que a Maçonaria começou a
atuar como espaço de debate e articulação. Nas lojas maçônicas do Rio de
Janeiro e de outras províncias, intelectuais, militares e políticos discutiam
ideias iluministas, de liberdade, igualdade e soberania, herdadas da Revolução
Francesa e da independência dos Estados Unidos.
Entre os principais maçons envolvidos estavam:
José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca
da Independência”;
Joaquim Gonçalves Ledo, jornalista e
articulador político;
José Clemente Pereira, figura central no
movimento constitucionalista;
além de inúmeros oficiais militares simpáticos
à causa separatista.
As lojas maçônicas serviram de plataformas
secretas de organização, onde se debatiam os rumos do Brasil e se planejavam
estratégias de convencimento junto a Dom Pedro, então príncipe regente.
A Atuação Maçônica Antes do Grito
A Maçonaria teve papel crucial em dois pontos
decisivos:
Convencimento de Dom Pedro a permanecer no
Brasil:
O episódio do “Dia do Fico”, em 9 de janeiro de
1822, foi resultado de intensa pressão popular e política, na qual a Maçonaria
teve participação direta, encorajando Dom Pedro a desafiar as Cortes de Lisboa
e permanecer no Brasil.
Preparação da ruptura formal:
Nos meses seguintes, a Maçonaria se dedicou a
criar condições para que a separação fosse inevitável. José Bonifácio liderava
as negociações políticas, enquanto Gonçalves Ledo articulava pela imprensa e
nas lojas maçônicas, mobilizando a opinião pública.
O Grito da Independência
No dia 7 de setembro de 1822, às margens do
riacho Ipiranga, Dom Pedro proclamou a célebre frase: “Independência ou
Morte!”.
Embora o gesto tenha sido o marco simbólico, é
preciso compreender que o Grito da Independência foi o resultado de um longo
processo de articulação política e maçônica, que já vinha se desenrolando desde
1821.
A Maçonaria Após o Grito
O trabalho maçônico não cessou com a
proclamação. Pelo contrário:
Foi nas lojas que se organizaram os apoios
necessários para legitimar a decisão perante as províncias.
Maçons influentes articularam a aclamação de
Dom Pedro como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil em 12 de
outubro de 1822.
O juramento da Constituição, em 1824, também
foi profundamente marcado pelo espírito liberal que muitos maçons defendiam.
Além disso, a Maçonaria se tornou um dos sustentáculos do novo Império, embora as divergências internas entre grupos mais liberais e mais conservadores levassem a disputas e até à suspensão de atividades maçônicas em determinados períodos.
A Independência do Brasil não pode ser
entendida apenas como um ato isolado de Dom Pedro às margens do Ipiranga. Ela
foi fruto de um movimento político, social e filosófico mais amplo, no qual a
Maçonaria teve participação decisiva.
Antes do grito, foi a Maçonaria que preparou o
terreno, articulou lideranças e convenceu o príncipe regente a romper com
Portugal. Depois, foi ela que ajudou a consolidar o novo Império, oferecendo
quadros políticos e sustentação ideológica.
Assim, ao lado de figuras célebres como Dom
Pedro I e José Bonifácio, é preciso reconhecer que a Maçonaria brasileira foi
um dos pilares invisíveis da emancipação nacional.
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