Quando um Grão-Mestre Será Eleito Usando IA na Maçonaria?


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Da Redação

A Albânia deu um salto gigantesco rumo ao futuro ao nomear Diella, a primeira ministra de inteligência artificial (IA) do mundo. Essa inovação ousada, anunciada pelo primeiro-ministro Edi Rama, desperta uma reflexão instigante: e se a IA, esse “sol” virtual da administração albanesa, pudesse um dia se infiltrar até mesmo nas esferas mais tradicionais, como a Maçonaria?

Em uma Ordem iniciática em que as eleições para Grão-Mestres são realizadas por meio de votos secretos, debates filosóficos e pela busca da sabedoria ancestral, a ideia de um líder algorítmico soa improvável — e, ao mesmo tempo, intrigante.


 Diella, o “Sol” Virtual que Ilumina Tirana

Na Albânia, terra de águias e montanhas escarpadas, a política acaba de ganhar um toque futurista. Durante a vitória de seu quarto mandato, em maio de 2025, Edi Rama apresentou Diella: uma ministra virtual responsável pelas licitações públicas.

“Diella é o primeiro membro do governo que não está fisicamente presente, mas sim criado por inteligência artificial”, afirmou o premiê, provocando entusiasmo e cautela.

Seu nome significa “sol” em albanês, remetendo a luz e transparência — virtudes necessárias em um país ainda marcado pela corrupção. Desde janeiro de 2025, a assistente digital já processou 36.600 documentos e atendeu a quase 1.000 serviços para os cidadãos. Agora, terá o poder de supervisionar licitações e garantir 100% de transparência no uso do dinheiro público.

Retratada como uma mulher em trajes tradicionais, Diella foi humanizada para se tornar culturalmente próxima da população. Para uns, representa esperança no fim do suborno endêmico; para outros, um risco de desumanização da política. De qualquer forma, é um marco mundial: nenhum outro país entregou a uma IA um posto ministerial tão relevante.

 Um Eco Maçônico em Tirana?

Se a Albânia ousou nomear uma ministra de IA, será que a Maçonaria — guardiã dos símbolos ancestrais — poderia um dia eleger um “Grão-Mestre virtual”?

A provocação encontra eco na própria história maçônica do país. A Maçonaria chegou à Albânia no século XIX, impulsionada por lojas otomanas, francesas e italianas. Intelectuais como Ibrahim Temo Bey (1865-1939) foram iniciados em Istambul e no Egito, onde a Ordem serviu como catalisadora do nacionalismo cultural que levou à independência albanesa em 1912.

Durante o regime comunista de Enver Hoxha (1944-1985), a Albânia se declarou o “primeiro Estado ateu do mundo” e proibiu sociedades secretas, incluindo a Maçonaria. Só após 1991, com a queda do comunismo, as lojas ressurgiram, culminando na fundação da Grande Loja da Albânia em 2011, reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra em 2013.

Hoje, com cerca de 500 membros distribuídos em vinte lojas, a Maçonaria albanesa cresce lentamente, marcada por um perfil liberal e humanista. Em tempos pós-Covid, algumas lojas, como a Skanderbeg, já utilizam ferramentas digitais para reuniões virtuais. O passo seguinte seria ousar ainda mais: imaginar eleições digitais mediadas por IA.


 Utopia ou Necessidade Iniciática?

A questão divide opiniões. No plano prático, um algoritmo poderia eliminar favoritismos, avaliando candidatos ao Grão-Mestrado por critérios objetivos:

 Fraternidade medida em suas ações;

 Sabedoria reconhecida por suas contribuições doutrinárias;

 Transparência em sua vida maçônica.

Esse “olhar imparcial” da máquina traria justiça e neutralidade, evitando disputas políticas internas. Contudo, a Maçonaria é, antes de tudo, uma escola de humanidade. Como lembram as Constituições de Anderson (1723): “o homem é o único trabalhador de sua própria felicidade”.

A iniciação exige experiência, sensibilidade e livre-arbítrio — qualidades que nenhum algoritmo pode replicar. A IA poderia apoiar como conselheira, mas dificilmente substituir o fator humano, essencial para a transmissão simbólica.

 Um Futuro à Luz de Tirana

Na Albânia, Diella já mostra que é possível unir tradição e inovação. Inspirados por esse exemplo, alguns maçons começam a questionar: “quando veremos o primeiro Grão-Mestre de IA?”

Talvez não em curto prazo. Mas, em um cenário em que a Maçonaria 2.0 ganha força, não é impossível imaginar um “Grande Arquiteto Virtual” ajudando a iluminar processos eleitorais e a garantir mais transparência dentro da Ordem.

Quando isso acontecerá?

Talvez em breve, se a IA continuar provando ser um “sol sem sombras”.

Por enquanto, Tirana segue iluminando o caminho para o futuro.

Esse artigo foi baseado em texto de Charles-Albert Delatour

 

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