Maçonaria e Judaísmo: Compreendendo Influências E Interpretações


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Da Redação

A relação entre a Maçonaria e o Judaísmo é um tema complexo e frequentemente mal compreendido por escritores maçônicos que não dominam a tradição judaica. Para evitar interpretações equivocadas, é essencial examinar alguns aspectos da cultura judaica que são comumente ignorados.

As Colunas do Templo de Salomão

Um exemplo claro de má interpretação é a referência às colunas do Templo de Salomão, mencionadas em 1 Reis 7-21: "Ergueu as colunas diante do pórtico do santuário; ergueu a coluna do lado direito, à qual deu o nome de Jaquin; ergueu a coluna da esquerda e chamou-a Boaz." A palavra "Boaz" tem um significado específico em hebraico, mas "Booz", frequentemente usada por maçons franceses e brasileiros, é uma corrupção que não possui significado em hebraico. Uma análise filológica adequada poderia evitar muitas discussões inúteis.

Características da Escrita Hebraica

Os caracteres da escrita hebraica não possuem vogais. As vogais são indicadas por sinais massoréticos. Quando escrevem o nome de Deus, os judeus religiosos o fazem de forma a evitar a pronúncia direta, como "D–s" ou "N-ss- S-nh-r". Diversos nomes são usados para se referir a Deus, como El, Eloim, El Shadai e Adonai. O nome inefável de Deus, YHVH (Javé em português), raramente é escrito ou pronunciado, sendo substituído por Adonai em leitura.

A Bíblia Judaica

A palavra "Bíblia" em hebraico é "Tanach", um acrônimo das três seções da Bíblia Hebraica: a Torá (Lei), os Nevi'im (Profetas) e os Ketuvim (Escritos). Diferente do cânon cristão, o cânon hebraico não inclui livros escritos em grego nem suplementos gregos de Ester e Daniel. A Torá, embora venerada, é apenas uma parte da Bíblia Judaica, que contém 39 livros na versão moderna.

Juramentos Maçônicos e Textos Judaicos

Para candidatos maçônicos judeus, a Torá não é suficiente como Livro da Lei no altar. Todo o Tanach deve ser considerado. O Talmud, apesar de ser uma fonte importante de interpretação legal e pensamento religioso judaico, não é a Sagrada Escritura, assim como as obras de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino não são para os cristãos.

O Uso do Chapéu em Loja

Os judeus usam a quipá (kipah) como sinal de respeito durante as orações. Na Maçonaria, a cobertura da cabeça varia entre ritos, podendo ser um chapéu negro desabado ou um solidéu. Algumas obediências maçônicas consideram a quipá como parte do vestuário, não como chapéu no sentido maçônico.

O Conceito de Fariseu

O judaísmo moderno é farisaico em seu temperamento, mas "fariseu" não é sinônimo de "hipócrita" para os judeus. Essa conotação negativa surgiu de conflitos entre os primeiros cristãos e os fariseus. Os fariseus, ao contrário dos saduceus, combinavam a Lei escrita e oral e acreditavam que qualquer pessoa, não apenas sacerdotes, podia adorar a Deus corretamente. Essa flexibilidade foi crucial para o desenvolvimento do judaísmo nos últimos dois mil anos.

A Maçonaria e o Judaísmo compartilham traços comuns em seus rituais, símbolos e palavras. A crença em um Deus criador, a oração, a imortalidade da alma e a caridade são fundamentais para ambos. A Torah é vista como a lei eterna dada por Deus, enquanto os Landmarks maçônicos estabelecem que não se pode inovar na estrutura básica da Maçonaria.

Comparações Cerimoniais

Há paralelos entre a circuncisão judaica e o Bar Mitzvah com as cerimônias de iniciação e exaltação maçônicas. Ambas marcam etapas importantes na vida religiosa e moral de um indivíduo.

Liberdade Individual

Tanto a Maçonaria quanto o Judaísmo valorizam a liberdade individual e o livre-arbítrio. A Maçonaria francesa, em particular, promove a liberdade absoluta de pensamento, enquanto o Judaísmo enfatiza o uso do livre-arbítrio para seguir o caminho ético.

A Luz como Símbolo

A luz é um símbolo importante em ambas as tradições. No Judaísmo, o Chanukah celebra a luz como vitória espiritual, enquanto na Maçonaria a luz representa o espírito divino, a razão e o esclarecimento intelectual.

O Templo de Salomão

O Templo de Salomão é central tanto no Judaísmo quanto na Maçonaria. No Judaísmo, representa o auge da religião israelita, enquanto na Maçonaria, o Templo e sua construção são símbolos de perfeição e trabalho coletivo.

Autoridade e Aprendizado

A tradição judaica e a Maçonaria ensinam respeito à autoridade e incentivam o aprendizado contínuo. A cultura judaica promove o conhecimento em diversas áreas, e a Maçonaria valoriza o desenvolvimento intelectual dos seus membros.

Conclusão

Maçonaria e Judaísmo, apesar de suas diferenças, compartilham valores fundamentais que promovem a ética, o conhecimento e o respeito mútuo. Compreender essas tradições em profundidade ajuda a evitar mal-entendidos e a reconhecer a riqueza de suas contribuições para a humanidade.

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