Descubra a história não contada de como os
maçons ajudaram os sul-americanos a imigrar para o Brasil após a Guerra Civil,
promovendo o crescimento econômico e educacional em Santa Bárbara d'Oeste e
Americana.
Poucas
pessoas sabem dos esforços que os maçons fizeram para ajudar um grupo de
sulistas americanos a imigrar para o Brasil após o fim da Guerra Civil
Americana, fomentando assim o desenvolvimento econômico, agrícola, industrial e
educacional na região de Santa Bárbara d'Oeste – SP e da atual cidade de
Americana – SP.
Dando continuidade a esta história,
explicarei como a colônia americana e sua loja maçônica garantiram a laicidade
do Estado brasileiro.
Em 1866, estava em vigor a Constituição
Política do Império do Brasil de 1824, outorgada pelo nosso imperador e irmão
Dom Pedro I (conhecido como Guatimozim), e seu artigo 5º dizia:
“A Religião Católica Apostólica Romana
continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras religiões terão
permissão para serem adoradas em casa, ou privadamente em casas designadas para
esse propósito, sem nenhuma forma externa do Templo.”
Portanto, os cultos protestantes não tinham
reconhecimento ou prerrogativas legais. Vale lembrar que nascimentos eram
comprovados por Certidão de Batismo; casamentos por Certidão de Casamento, e
óbitos por declaração de óbito, todos emitidos pela Igreja Católica.
Enterros de não católicos não eram permitidos
em cemitérios públicos ou em cemitérios onde católicos estivessem presentes. A
sugestão era que eles fossem enterrados com animais ou em terras distantes. As
escolas eram inteiramente católicas e ensinavam essa fé.
Todas e quaisquer religiões, exceto as
constitucionais, tinham que manter suas reuniões em casa, e eram proibidas de
usar sinos, cruzes e torres, símbolos exclusivos da Igreja Católica.
Em 1866, chegaram ao porto de Santos-SP os primeiros norte-americanos do sul, vindos, em sua maioria, do estado do Alabama.
As primeiras famílias foram:
Baird, Bookwalter, Bowan, Broadnax, Capps,
Carlton, Carr, Cullen, Daniel, Fumas, Fenley, Ferguson, Creen, Hall, Harris,
Hawthorne, Holland, Jones, Keese, Kennerly, McFadden, McKnight, Meriwether,
Miller, Mills, Moore, Norris, Parks, Pyles, Quillen, Rowe, Smith, Steagall,
Taver, Tanner, Terrel, Thatcher, Thompson, Vaugham e Whitaker.
Ao se estabelecerem na atual cidade de Santa
Bárbara d'Oeste e Americana, perceberam os muitos desafios que teriam que
superar, inclusive a fé. Pertencentes às denominações: Batista, Metodista e
Presbiteriana, construíram duas pequenas capelas feitas de tábuas, que foram
desfiguradas devido à Constituição Política.
O primeiro deles foi no chamado Campo, local
que serviu e ainda serve como cemitério exclusivo para americanos e seus
descendentes.
A segunda ficava na propriedade rural do
irmão Joseph Henry Moore (tataravô do autor deste artigo), sob o nome de Capela
de Moore, servindo como igreja e escola para crianças.
Essas denominações devem muito a esses maçons
imigrantes do sul, já que os irmãos e pastores Richard Ratcliff e Robert Porter
Thomas estabeleceram oficialmente a primeira Igreja Batista em solo brasileiro
em 10 de setembro de 1871, usando essas duas capelas improvisadas, com outros 8
maçons batistas em sua gênese.
As outras duas denominações também
encontraram refúgio nas capelas: os metodistas (irmãos e pastor Junius Estaham
Newman) e os presbiterianos (reverendo irmão William Emerson e reverendo irmão
William Macfadden).
Eles eram todos trabalhadores na Loja George
Washington nº 309 (Rito de York), fundada em 1874 na colônia. As colunas B e J
foram gentilmente esculpidas pelo irmão John Edward Steagall e ainda estão em
uso hoje pela loja Campos Salles II na cidade.
Gostaria de destacar a informação de que a capela em Campo que conhecemos hoje foi doada pela George Washington Lodge, depois que a anterior desabou. Vários Charity Trunks levantaram a quantia de $:970$000 para construir uma nova, e o tesoureiro, irmão John F. Whitehead, decidiu que, no final de 1899, as colunas da loja deveriam ser cortadas.
A colônia não só inspirou fé, mas também
educação; deu origem à chama formadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie;
da Universidade Metodista e suas filiais para a Universidade de São Paulo –
USP.
Há muitas outras histórias sobre esses imigrantes que as páginas de revistas e livros não conseguem conter, mas os vislumbres revelam o quão importante essa colônia foi para o desenvolvimento do nosso país e para a liberdade religiosa, tudo isso evidentemente inspirado por nossos amados irmãos do passado.
(*) Renan
Williams Soglia Moore, 33 anos, Mestre Maçom da Loja Fronteira Paulista 448,
afilhada da Grande Loja do Estado de São Paulo, cidade de Bragança Paulista,
São Paulo – Brasil.
É
formado em História e especialista em História da Arte.
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