Reflexões Maçônicas Sobre as Expressões Decorais e Abrilhantais


Por Francis Flosi

“Irmãos que decorais a Coluna do Norte e Irmãos que abrilhantais a Coluna do Sul”

O 1º Grau do Simbolismo Maçônico, Graus de Aprendiz é consagrado a Fraternidade. No R.E.A.A o Grau de Aprendiz dedica-se ao desenvolvimento dos princípios fundamentais da Maçonaria Universal, procurando, através de sua filosofia, doutrina, alegorias, símbolos e seus ensinamentos. E é neste momento que tomamos conhecimento dos símbolos e suas colocações dentro do templo. No Ocidente esta a Coluna do Norte onde se posta o 1º Vig :. que permite a ele observar todo o Ocidente, que está sob sua direção e orientação, os CCmp :., cuja instrução é de sua responsabilidade. Tendo sua fala acrescida do verbo DECORAIS *.

Já na parte Sul ( a direita da entrada do templo ) se posta o 2º Vig :., que tem sob sua direção e orientação a Col :. do Sul, que lhe permite observar o topo da Col :.do Norte,  onde estão os AApr :., cuja a instrução é de sua responsabilidade. Mas tem na sua fala o verbo ABRILHANTAIS*1 .

*DECORAIS : 1º VIG :. – IIr :. que decorais a Col :. do Norte, eu vos anuncio, da parte do Ven :. Mestre que ... 

- Foi ai que em determinada sessão maçônica de 1º Grau me chamou a atenção. Esta diferença no alerta a Coluna do Norte era diferente do alerta da Coluna do Sul. Então por estas e outras fui atrás de literaturas que me explicassem porque as diferenças nas chamadas das nossas colunas durante as sessões. Confesso que para meu desalento não encontrei muito nas bibliografias pesquisadas, apenas no http://pedro-juk.blogspot.com – Pedro Juk – 2021 é que achei os relatos deste Ir:. no texto chamado RITOS E RITUAIS PRATICADOS NO BRASIL - Pedro Juk – 2021. Mas isso não me fez desistir e a seguir descrevo o que encontrei e meus comentários.

No próprio Painel da Loja, há que se notar a existência de três janelas – uma no Oriente, uma no Sul e a outra no Ocidente. Isso implica a marcha da Luz. Daí, nessa relação não existir janela na banda Norte.

No caso do Primeiro Vigilante e a locução “(texto do manual...) decorais a Coluna do Norte” existem dois aspectos para serem considerados: Primeiro, DECORAR, como verbo transitivo direto que menciona o ato de guarnecer com adorno, ornamentar, realçar, avivar, etc. Nesse sentido o significado está diretamente ligado à Meia-Noite que em linhas gerais representa de forma figurada a maturidade e a aproximação do fim da vida. Em linhas gerais a relação simbólica com a morte no Grau de Aprendiz está na passagem pela Câmara de Reflexão. Nela, em primeira análise, o Candidato à Iniciação, operando uma reflexão sobre si mesmo, morre para uma vida para renascer noutra.

Assim, o Candidato deixa no ambiente reflexivo um testamento simbólico e perscruta filosoficamente as questões que lhe são apresentadas. Em síntese significa morrer para a vida profana (pró = antes; fanum = templo; antes do templo, ou o não iniciado) e renascer para a vida do iniciado - aquele que sai da escuridão (ignorância) e começa a procurar a Luz (sabedoria).

Nesse sentido, essa transição do não-iniciado para o iniciado exige do candidato sua morte para posteriormente renascer.

A Câmara de Reflexão, além do simbolizar a masmorra que prende o fanatismo e a superstição do homem (flagelos da humanidade), também representa o seio, ou o útero da Terra por onde se iniciará a investigação das Leis Natureza em busca constante da Verdade.

No seio da Terra o iniciado representa uma semente que coberta e adormecida se prepara para germinar e produzir uma nova planta (o recém-iniciado). É o neófito (neo = novo; fito = planta) que, como a semente, morre para produzir bons frutos.

Relacionado à primavera, o recém-iniciado começa sua jornada para cumprir o ciclo da vida. Por esse caminho, purificado pelos elementos, ele rompe a sua marcha em direção à maturidade, época em que passará por outro ciclo chamado de Grande Iniciação, mas esse não é assunto para os Aprendizes e nem para os Companheiros – a certeza é de que um dia o Iniciado chegará lá.

Assim, a morte relativa ao Aprendiz é a morte iniciática, ou seja, a de morrer para renascer na Luz e seguir sempre com perseverança em busca do aprimoramento. À meia-noite (fim da vida), ao ter completado a jornada iniciática, que a sua obra seja então imortal, de tal sorte que permaneça para sempre na mente dos pósteros.

 Em linhas gerais a relação simbólica com a morte no Grau de Aprendiz está na passagem pela Câmara de Reflexão. Nela, em primeira análise, o Candidato à Iniciação, operando uma reflexão sobre si mesmo, morre para uma vida para renascer noutra.

Assim, o Candidato deixa no ambiente reflexivo um testamento simbólico e perscruta filosoficamente as questões que lhe são apresentadas. Em síntese significa morrer para a vida profana (pró = antes; fanum = templo; antes do templo, ou o não iniciado) e renascer para a vida do iniciado - aquele que sai da escuridão (ignorância) e começa a procurar a Luz (sabedoria).

Nesse sentido, essa transição do não-iniciado para o iniciado exige do candidato sua morte para posteriormente renascer.

A Câmara de Reflexão, além do simbolizar a masmorra que prende o fanatismo e a superstição do homem (flagelos da humanidade), também representa o seio, ou o útero da Terra por onde se iniciará a investigação das Leis Natureza em busca constante da Verdade.

No seio da Terra o iniciado representa uma semente que coberta e adormecida se prepara para germinar e produzir uma nova planta (o recém-iniciado). É o neófito (neo = novo; fito = planta) que, como a semente, morre para produzir bons frutos.

Relacionado à primavera, o recém-iniciado começa sua jornada para cumprir o ciclo da vida. Por esse caminho, purificado pelos elementos, ele rompe a sua marcha em direção à maturidade, época em que passará por outro ciclo chamado de Grande Iniciação, mas esse não é assunto para os Aprendizes e nem para os Companheiros – a certeza é de que um dia o Iniciado chegará lá.

É simples. A Loja possui 03 Luzes que a governam: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante. Essas 03 Luzes ficam localizadas em 03 lados do templo: Oriente (VM), Ocidente (1º Vig) e Sul (2º Vig). Ora, o templo possui 04 lados, então um não possui Luz: o Norte! Por esse motivo, a Coluna do Norte é considerada o “lado escuro do templo”.

O Aprendiz até pouco tempo atrás era um candidato na escuridão, desejoso de receber a Luz. Seu lugar é no lado mais escuro do templo onde, simbolicamente, sua visão poderá se acostumar com a Luz que lhe é dada aos poucos. O Aprendiz está no hemisfério norte, enquanto o Sol está fazendo seu giro do Oriente para o Ocidente inclinado ao Sul, o que indica que o Aprendiz está no inverno do hemisfério norte, quando as noites são maiores que os dias, ou seja, a escuridão ainda prevalece sobre a luz do dia.

Vejam que isso está muito bem registrado nas instruções dos rituais mais antigos, mas se perdeu na evolução de muitos ritos e na constante “revisão” que quase todos sofrem constantemente.

'' Na Maçonaria, o norte tem sido apontado como o local da escuridão e, em obediência a este princípio, nenhuma luz simbólica foi permitida iluminar a parte do norte da Loja. O leste, então é na Maçonaria, o símbolo da ordem, e o norte, o símbolo do mundo profano. A pedra bruta é depositada no extremo noroeste da Loja, pois ela é o símbolo da POSIÇÃO do neófito…. Do mundo profano ele acabou de emergir, portanto algumas de suas imperfeições ainda estão consigo… '' (The Symbolism Of Freemasonry – Alberte G. Mackey)

Pensando nisso e entendendo quanto é rica e quão bela é a doutrina e a liturgia maçônica, sobretudo quando nos despimos das crendices, dos excessos de preciosismo e das distinções mundanas. Quem dera todos os Iniciados assim compreendessem a Maçonaria, ao contrário de ficar procurando o "onde está escrito".

 

A Obra, nessa definição, é o elemento construído ao longo da vida que, se bem aplicada e bem produzida decora a passagem do Homem pela efêmera vida terrena. Em síntese é a moldura do quadro da vida. 

No segundo aspecto e de caráter exteriorizado seria do verbo “decorar” com transitivo direto e indireto que exprime dentre outros o caráter de “honrar, enobrecer”. Assim o significado está diretamente ligado àqueles que se posicionam na Coluna do Norte, cujo intuito é também o de honrar e enobrecer aquele espaço de trabalho, ou seja: os que honram e enobrecem Setentrião.

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*1 ABRILHANTAIS: 2º VIG :. – IIr :. que abrilhantais a col :. do Sul, eu vos anuncio, da parte do Ven :. Mestre que...

No caso do Segundo Vigilante e a locução “(texto do manual...) abrilhantais a Coluna do Sul”- Jachin, a coluna da direita, tem a sua origem numa pequena corruptela que deriva da junção da letra “Iod”, simbolizando Deus (“Jah/Yahvé”) com a palavra hebraica “Ahkin” que significa “estabelecer”.

ABRILHANTAR concerne ao Meio-Dia e a ação da Luz que abrilhanta a elevação da Obra. Nesse sentido o Meio-Dia, ou Sul está representado pelo quadrante por onde a Luz se desloca, ou a passagem do Sol (ponto de vista do Hemisfério Norte).

No próprio Painel da Loja, há que se notar a existência de três janelas – uma no Oriente, uma no Sul e a outra no Ocidente. Isso implica a marcha da Luz. Daí, nessa relação não existir janela na banda Norte.

Por assim ser o verbo “abrilhantar” tido como verbo transitivo direto menciona dar brilho, ou luz viva para alguma coisa. Também tornar brilhante, luzente e reluzente. Isso implica que o Obreiro dá Luz ao trabalho, tornando-o brilhante, reluzente.

Esse trabalho é a obra elevada, ou a Obra da Vida. ABRILHANTAR, ainda como verbo transitivo direto, implica em dar brilho, realçar, etc. 

Também completa a explicação se tomado como verbo pronominal que exara a tornar-se brilhante, reluzente, adquirir maior brilho, maior realce; realçar-se. 

Assim o verbo “abrilhantar” sugere uma ligação direta, em termos de Maçonaria, com os ocupantes da Coluna do Sul, onde o Segundo Vigilante observa a passagem do Sol no meridiano do Meio-Dia, tendo sobre si, no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito. A Estrela Flamejante, apresentada como a Estrela Hominal (objeto de estudo do Companheiro) que recebe o brilho, posto que ela, a Estrela, representa o Homem e a sua Obra (letra G=geometria) na fase intermediária da vida – entre a infância e a maturidade.

A deusa grega Afrodite é a representação da coluna do Norte, visto que na Grécia Antiga, Afrodite representava a beleza. Nas Lojas Maçônicas a coluna do Segundo Vigilante tem o nome de Coríntia e sempre está deitada nos trabalho de aprendiz maçon. É claro que está representação está ligada diretamente a formação. Como o aprendiz se encontra em estado de pedra bruta e está no processo de lapidação a beleza está ainda ausente, ou melhor ainda vai ser conquistado através da busca do conhecimento e de uma lapidação moral de seus vícios como nos ensina os rituais (Nas loja se constrói tempos de virtude e cava masmorras aos vícios).

Cuja interpretação da leitura das colunas se poderá entender como “Deus estabelecerá (o seu reino) na força”. Existindo aqui a clara impressão da presença do deus (Yahvé) do Antigo Testamento, um deus todo-poderoso, implacável e pouco tolerante com os erros dos seus seguidores, contrastando com o mesmo deus do Novo Testamento, este já, um Deus do Amor e da Paz.

Todavia, existe também uma lenda enoquiana (pré-diluviana) que aborda a criação de duas colunas preparadas cada uma de um material específico de tal forma que uma resistisse à água (em argila) e outra ao fogo (em pedra) e que dessa forma não se perdessem através dos tempos…; e que no seu interior oco foram guardados vários textos que continham a sabedoria existente à época. Essas colunas designam-se por “Colunas de Seth”. O próprio reverendo James Anderson, nas suas “Constituições dos Franco-Mações” as tinha relembrado no contexto da “Lenda do Ofício”, em particular no Canto dos Mestres. E a Maçonaria atribui-lhes também uma particular importância.

Diz-se que os maçons encerram nas suas concavidades interiores, todos os seus segredos e sabedoria. Logo, eles não estarão à vista de qualquer um, mas somente de quem os saiba corretamente interpretar.

São essas as colunas que sustentam a nossa Ordem, pois ao “guardarem dentro de si” a sabedoria e conhecimento maçónico, obriga a que os obreiros ao partirem a sua pedra (estudar/trabalhar), possam atingir essa sabedoria oculta no seu interior.

Quem ao entrar numa catedral, nunca reparou nos belos entalhes na pedra, símbolos esses do legado maçónico dos artificies pedreiros que na pedra, gravaram os seus conhecimentos e símbolos e que até hoje persistem nessas construções.

Mas, ultrapassando a questão da existência simbólica e da simbologia da nomenclatura das colunas, no Templo Maçónico elas se encontram também tal como no Templo de Salomão, na sua entrada. Sendo por entre elas que os Obreiros efetuam a sua entrada em Loja. Admitindo-se desta forma, que elas formam uma espécie de portal imaginário para outra dimensão. Quando um Obreiro as ultrapassa, entra num novo mundo, a sua Loja Maçónica.

Em Loja, existem também outras colunas:

As colunas humanas, a Coluna do Norte e a Coluna do Sul, onde têm assento os irmãos Aprendizes (N) e os irmãos Companheiros (S). (os irmãos Mestres têm assento em ambas às colunas, ficando apenas localizados à frente dos restantes irmãos). E cada uma delas, depende de um Vigilante. A coluna do Norte tem como seu oficial o “Segundo Vigilante”, e a coluna do Sul, o “Primeiro Vigilante”.

As colunetas de Ordem Grega (Jónica, Dórica e Coríntia) que se encontram sobre o Pavimento Mosaico, e que representam as três Luzes da Maçonaria, a “Sabedoria”, a “Força” e a “Beleza”.

As colunas zodiacais, que simbolizam os doze signos do Zodíaco e que se encontram espalhadas em partes iguais nas colunas do Norte e do Sul.

E finalmente, a Coluna da Harmonia, onde tem assento o Mestre da Harmonia. Irmão esse, que se encontra encarregado de “iluminar” o Templo com a sua arte musical.

E assim ficaram descritas as colunas maçónicas, cada uma no seu género, mas todas ligadas entre si…

ABRILHANTAR concerne ao Meio-Dia e a ação da Luz que abrilhanta a elevação da Obra. Nesse sentido o Meio-Dia, ou Sul está representado pelo quadrante por onde a Luz se desloca, ou a passagem do Sol (ponto de vista do Hemisfério Norte).

Assim pela união das energias desses oficiais dirigentes cada um em sua coluna – Norte ou na SUL , o sistema é adornado e estabelecido com a firmeza de uma rocha no meio do Oceano, enfrentando bravamente ataque maléficos da inveja, da calunia ou da difamação.  

Isto posto acredito que como eu buscando sempre o conhecimento e o aprimoramento interior, abraço esse conhecimento que muito me acrescentou e tenho certeza que  seremos sempre eternos aprendizes maçons.

SIGNIFICADO E SIGNIFICÂNCIA SIMBÓLICA NA DICOTOMIA MAÇÓNICA

A maçonaria deve ser traduzida através de uma dicotomia ao nível da linguística. Esta questão colocou-se a Platão, Sócrates e Aristóteles, quando observava na Alma o lugar privilegiado da Razão, da Sabedoria e da Ciência. Neste sentido o Corpo é secundário já que erra e permite o enfraquecimento do pensamento. Estamos perante a visão idealista do universo em que se baseia a Maçonaria e que nasce na Grécia Antiga:

“Nada caracteriza melhor o homem do que o fato de pensar”

(ARISTÓTELES, 384 – 322 a. C.).

“Tudo era um caos até que surgiu a mente e pôs ordem nas coisas”

(ANAXÁGORAS, 500 - 428 a.C.).

 

Bibliografia.

Ritual Aprendiz Maçom – R.E.A.A. – GOB – 2009

Costa, Wagner Veneziani - Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e Seus Símbolos – Ed. Madras.SP- 3ª Ed. – 2020 

https://www.youtube.com - RITOS E RITUAIS PRATICADOS NO BRASIL - Pedro Juk – 2021 -

Autor : 

Acadêmico da ACML – Cadeira 12 

Francis Flosi - Maç.'. Grau 14 – A:.R:.L:.S:. Constância nº 1147  

 

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