Da Redação
A presença da Maçonaria na África é uma narrativa rica e multifacetada, que entrelaça a história colonial, as lutas de independência, e as complexas dinâmicas sociais e políticas do continente. Este artigo analisa o desenvolvimento da Maçonaria em África, destacando sua introdução, expansão, influência nas lutas anticoloniais, e seu papel nas sociedades contemporâneas.
Introdução da Maçonaria em África
A Maçonaria foi introduzida na África principalmente
através das potências coloniais europeias. No século XVIII, as primeiras lojas
maçônicas foram estabelecidas em colônias como o Egito, a África do Sul, e as
possessões francesas e britânicas na África Ocidental. Estas lojas serviam
principalmente as elites coloniais e expatriados, sendo, em muitos casos,
exclusivas para europeus.
No Egito, por exemplo, a Maçonaria se
estabeleceu com a chegada das tropas de Napoleão Bonaparte em 1798, criando uma
tradição maçônica que se entrelaçou com movimentos nacionalistas no século XIX.
Na África do Sul, a Maçonaria chegou através dos colonos holandeses e
britânicos, evoluindo em um contexto de segregação racial que refletia as
divisões da sociedade sul-africana.
A Expansão e a Inclusão dos Africanos
A partir do século XIX, a Maçonaria começou a
se expandir além das elites coloniais, incorporando africanos educados e
membros das emergentes classes médias. Em países como a Nigéria, Gana e
Senegal, africanos que estudaram na Europa ou que se envolveram em missões
cristãs foram os primeiros a serem iniciados na Maçonaria.
Esta inclusão de africanos na Maçonaria teve
um impacto significativo. Muitas das figuras proeminentes nos movimentos de
independência africanos eram maçons, e as lojas maçônicas tornaram-se espaços
de discussão política e organização. Em países como Gana, a influência maçônica
foi evidente na vida de líderes como Kwame Nkrumah, que utilizaram os
princípios da fraternidade e da liberdade, comuns na Maçonaria, como parte de
sua retórica política.
A Maçonaria
e as Lutas Anticoloniais
Durante o período das lutas anticoloniais, a
Maçonaria desempenhou um papel ambivalente. Por um lado, algumas lojas
maçônicas estavam alinhadas com os interesses coloniais, enquanto outras
apoiavam movimentos nacionalistas e anticoloniais. Este paradoxo reflete a complexidade
da Maçonaria em África, onde a ordem serviu tanto como uma ferramenta de
controle colonial quanto como um meio de resistência.
Em Angola e Moçambique, por exemplo, as lojas
maçônicas foram ativamente envolvidas na organização de movimentos de libertação.
No entanto, em outras regiões, como na África do Sul, a Maçonaria foi associada
à elite branca e ao apartheid, levando a uma percepção negativa entre muitos
africanos.
A Maçonaria na África Contemporânea
No pós-independência, a Maçonaria na África continuou
a evoluir, adaptando-se às novas realidades políticas e sociais. Em muitos
países, ela passou a ser vista como uma instituição elitista, ligada às esferas
de poder político e econômico. Em nações como o Gabão e o Togo, a Maçonaria
desempenha um papel visível nas políticas nacionais, com líderes políticos
sendo membros ativos de lojas maçônicas.
No entanto, a Maçonaria na África também
enfrenta desafios. O crescimento do cristianismo evangélico, que muitas vezes
vê a Maçonaria com suspeita ou como uma ameaça, criou tensões em alguns países.
Além disso, a persistência de teorias conspiratórias e a percepção da Maçonaria
como uma organização secreta com agendas ocultas têm limitado sua aceitação em
algumas sociedades africanas.
Conclusão
A Maçonaria na África é uma instituição que
reflete as complexas realidades históricas e sociais do continente. Desde sua
introdução pelas potências coloniais até sua participação nas lutas
anticoloniais e sua presença nas sociedades contemporâneas, a Maçonaria tem
sido tanto um espelho das mudanças políticas quanto um ator nestas
transformações. Sua história na África é marcada por momentos de inclusão e
exclusão, de apoio à opressão e de luta pela liberdade, e continua a ser uma
força significativa em muitos países africanos hoje.
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