Por Luiz Sérgio Castro
Dom Pedro I, figura central da Independência do Brasil, era um homem cheio de contradições. Apesar de sua posição como monarca, ele nutria simpatias pelas ideias liberais, algo que refletia não apenas em suas ações políticas, mas também em símbolos culturais, como o hino da Independência. A letra de Evaristo da Veiga e a música composta por Dom Pedro I ressoam um espírito liberal que permeava a época. Curiosamente, até a escolha da tonalidade musical, Mi bemol maior, traz consigo um simbolismo que conecta política, música e Maçonaria.
A Simbologia do Mi Bemol Maior
A tonalidade de Mi bemol maior, além de sua beleza sonora, carrega um significado simbólico para os maçons. A armadura dessa tonalidade possui três bemóis, que formam um triângulo visualmente na pauta musical. Este triângulo é uma representação do símbolo maçônico da Trindade, presente tanto nas crenças religiosas (Pai, Filho e Espírito Santo) quanto nos graus da iniciação maçônica: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Assim, compositores maçônicos utilizavam essa tonalidade para expressar valores heroicos e iniciáticos, como na Sinfonia Heroica de Beethoven, que também era associada a ideais libertários e iluministas.
A Maçonaria como Rede de Apoio aos Músicos
No período em questão, os músicos começaram a se tornar profissionais liberais, marcando uma ruptura com os antigos modelos de patrocínio aristocrático ou eclesiástico. Wolfgang Amadeus Mozart, por exemplo, foi um dos primeiros compositores a depender de sua capacidade de vender composições e obter encomendas, ao invés de ser sustentado por uma corte ou pela Igreja. Mozart, um maçom ativo, usou a ópera A Flauta Mágica para contar uma história permeada por simbolismos maçônicos, incluindo iniciações e os valores de fraternidade e sabedoria.
Joseph Haydn e Ludwig van Beethoven, também influenciados pela Maçonaria, seguiram caminhos semelhantes, e suas obras estão repletas de alusões aos princípios maçônicos. A Maçonaria, nesse contexto, funcionava como uma rede de apoio mútua para esses artistas, promovendo a difusão de ideias iluministas e valores de igualdade e liberdade.
A Maçonaria e a Disseminação das Ideias Liberais no Brasil
A Maçonaria teve um papel fundamental na disseminação das ideias liberais no Brasil. Dom Pedro I ingressou na ordem em 1822, no mesmo ano em que proclamou a Independência do Brasil. O movimento pela emancipação política foi influenciado por princípios maçônicos, como a busca pela liberdade e a fraternidade universal. Isso se refletiu não apenas no Brasil, mas em outros contextos revolucionários. Thomas Jefferson, um dos autores da Declaração de Independência dos Estados Unidos, era maçom e mantinha correspondência com outros líderes da ordem.
As ideias liberais que alimentaram as independências das colônias espanholas e brasileiras chegaram ao continente pelas redes maçônicas, criando pontes entre diferentes nações e culturas. A Maçonaria foi, nesse sentido, um dos grandes agentes de transformação social e política do século XIX.
Declínio do Ideal Iluminista no Século XX
Infelizmente, a Maçonaria que outrora inspirou músicos, pensadores e estadistas com ideais iluministas parece ter perdido parte de sua vocação original no século XX. A democratização do conhecimento, tão central aos seus objetivos, foi sendo diluída ao longo do tempo, embora suas contribuições históricas continuem a ser reconhecidas.
Conclusão
A história da Maçonaria, da música e das ideias liberais no século XIX revela uma interconexão rica entre arte, política e espiritualidade. Seja através de tonalidades como o Mi bemol maior, de composições icônicas como a Sinfonia Heroica, ou do protagonismo de figuras como Dom Pedro I, a Maçonaria se destacou como uma força motriz de transformação cultural e política, deixando um legado que ressoa até hoje.
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Luiz Sérgio Castro
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