Por Mateus Hautt Nörenberg (*)
Boaz é uma coluna, com significado
maçónico, postada ao Norte, ou seja, à esquerda, trazendo a representatividade
dos Aprendizes.
MAS PORQUE ELA SE CHAMA BOAZ?
PORQUE ELA REPRESENTA OS APRENDIZES?
Estas perguntas, que para mim também eram
inquietantes, aqui irei vos responder.
Inicialmente, é fundamental entendermos os
conceitos profanos de coluna, que podem ser traduzidos do próprio dicionário,
como algo fundamental do Corpo Humano, ou também, algo fundamental da Arquitetura.
Ambas definições nos trazem a
seguinte explanação:
Coluna Vertebral – É uma estrutura axial,
ou seja, significa o relativo a um eixo, este do corpo humano, que é formada
por 33 vértebras, são responsáveis por permitir o movimento, sustentar o
equilíbrio e apoiar o nosso tronco.
Coluna Arquitetônica – É um suporte
vertical, apresenta-se de diversas formas, com ou sem ornato, sustentando
partes estratégicas de uma edificação.
Maçonicamente, Coluna significa o lugar onde os Maçons se encontram, na sua maior parte, um corpo cilíndrico, que sustenta a abóbada. O templo maçónico, busca as suas referências, e aqui manifesto oportunamente o REAA, no templo de Salomão.
Bom, vamos falar sobre a Coluna B, ou
BOAZ, ou ainda Coluna do Norte, respondendo o primeiro questionamento, do
porque se chama BOAZ.
Para responder a esta pergunta, faz-se
absolutamente necessário a leitura do Livro de Rute, que conta a história de
uma viúva, com testemunho de fé, e pertencente a Tribo de Judá.
Rute, vivia em Moabe, o seu esposo Malom,
falecera com o seu irmão Quiliom, a mãe e o pai dos meninos eram Noemi e
Elimeleque, o pai falecera antes, deixando Noemi após tudo com as duas noras,
Rute e Orfa. Esta época, foi marcada por um tempo de muita fome, miséria,
terras inférteis a plantação, o que forçou as três mulheres saírem de lá e
retornarem para Judá. Orfa, logo retornou ao seio da sua família e terra natal,
deixando Noemi e Rute, que foram a Belém, no início da colheita de cevada.
Aí, aparece Boaz, parente de Elimeleque,
esposo falecido de Noemi, que buscava um lugar para se estabelecer. Rute logo
foi para os campos de cevada colher os feixes, que são espigas por
característica de terem grãos longos, citadas como respigas, aquelas que ficam
após a colheitas nos campos. Logo Boaz aparece, e Rute roga para que ele a
deixe pegar uns feixes. Boaz, deixa que ela colha, dá-lhe abrigo, comida e
bebida junto com os seus empregados, e lhes exige o maior respeito para com
ela.
Boaz, após toda a sua bondade, abrigando Rute e Noemi, se apaixona por ela, casa e demonstra um ato de coragem, pois diferente dos demais, não ligava para preconceitos por Rute ser uma Viúva e respigador de Trigo. O fruto deste casal foi Odebe, que gerou Jessé, que gerou David. Odebe, em certo momento disse a seu neto: “David, se não fosse pela fé de Noemi e pela coragem de Rute, nós não estaríamos aqui.”
Podemos afirmar certamente que pela tradição Hebraica, Boaz foi, o projetor da família que mais tarde estabeleceria Israel.
Bom, mas o que isso tem a ver com o Templo de Salomão?
Salomão, era filho de David, e Deus fez uma promessa a David:
“Teu filho Salomão, ele edificará a minha
casa e os meus átrios; porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por Pai.” 1º
Crônicas, 28:6
Salomão cumprindo a vontade de Deus, fez o
Templo, com tamanha riqueza e perfeição divina, e aí vemos a citação da Coluna
Boaz, em 1º Reis, 7:21
“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.”
Admite-se que Salomão, colocou esse nome Boaz, em homenagem a seu Bisavô, que era um homem justo, generoso, fiel e muito trabalhador. No Hebraico, Boaz significa EM VIGOR.
O motivo dos Aprendizes se sentarem ao
Norte, na Coluna B ou Boaz, é que naquela época, ainda operativa, tinham muitos
trabalhadores nos canteiros de obra, muitos mesmos, e ali, costumavam
separar-se por colunas, para manter a melhor organização e funcionamento, sem
causar transtornos e desavenças. Se colocavam nas colunas para receberem os
seus salários, que eram moedas, alimentos e utensílios de trabalhos, os
Aprendizes se colocavam a esquerda, eram assim chamados pois eram responsáveis
nos carregamentos das pedras ásperas, ou imperfeitas para o uso imediato,
considerados como ajudantes.
Ainda, existe uma termologia conhecida nos
nossos rituais, que é o termo “Solsticiais”, normalmente antecedendo a Palavra
ou sílaba B e J, isso se dá por uma relação com a mudança de estação, de
Inverno para Verão ou vice-versa, cuja rotação da Terra está inclinada 23,5° em
relação ao seu próprio eixo, ou seja, ela não está totalmente reta como
costumamos ver nos mapas, isso acontece trazendo mais luz ou menos luz para
Norte de acordo com a estação vigente. A coluna se localiza ao Norte, pois está
ligada ao trópico de Câncer, que todos já vimos nas aulas de Geografia, situado
ao norte, logo acima da Linha do Equador, que situa o Centro do Templo, de
Oriente a Ocidente.
Por fim, temos as respostas que no início do tema nos ficaram pendentes de entendimento, sabendo que muito nos deve honrar sentar e ocupar lugar nessa coluna, que traz desde o antigo testamento uma grandiosa representatividade.
(*) Mateus Hautt Nörenberg, C. M. – CIM nº
26414
Fonte: Fremason.pt
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