A Loja do Aleijadinho

“O Aleijadinho” – tela de Elias Layon, 2015


Por Elton Belo Reis (*)

Coletâneas e iconografia.

Tiradentes, Inconfidência Mineira e Aleijadinho, mito ou realidade influência de pedreiros livres.

Por muitos anos, venho visitando as cidades de Congonhas do Campo, Ouro Preto e Mariana, sendo que cada dia mais surpreso fico em poder observar certos símbolos que nos remetem a ideias, principalmente os símbolos velados e praticados pela maçonaria. Pesquiso todas as anotações, leio varias obras sobre o tema e no contexto conseguimos realizar uma substanciosa coletânea de ideias que nos permite o descortinar em uma nova gama de reflexões que mesmo velada, nos induz a ter certeza de que Aleijadinho, Mestre Ataíde, entre outros além de escultores e pintores eram também promotores de reclamações acobertadas em suas obras em um período tenso em que o Brasil colônia passava puderam vivenciar e repassar para o futuro através de suas obras. A luta da sobrevivência de uma monarquia minada pelos ideais iluministas de jovens recém formados em escolas Europeias, um novo mundo a descortinar  Compilamos aqui artigos diversos que neste imenso quebra cabeças, nos remete a uma historia oculta que aos poucos estão vindo a tona da misteriosa maçonaria. Foi assim que muitos artistas deixaram suas mensagens gravadas em todo o território brasileiro, que apenas um iniciado nos mistérios terá condições de dar vida a estas pedras, madeiras esculpidas, frias e inertes.

Desenho atribuído a Rodrigo Franco Arquiteto das Ordens, com especificações sobre o retábulo a ser reproduzido na Matriz de casa Branca. Exemplo de circulação Ultramarina.

Assim vemos pelo Brasil, de norte ao sul símbolos expostos nas Igrejas, da cultura maçônica. As imagens são na Igreja de São José de Botas, Tamandaré – PE. Infelizmente a Igreja está em ruinas, possivelmente tais arquivos permanecerão apenas em fotografias se não for restaurada.

Proibições contra Pedreiros Livres e vestígios de presenças e perseguições de ideias no Império e na Colônia portuguesa.

Os franco-maçons ou pedreiros-livres já eram condenados pela Igreja Católica desde a Bula In Eminenti (1738) do papa Clemente VII e pelo Breve Providus (1751) do papa Bento XIV, sendo perseguidos pelo Tribunal do Santo Ofício em Portugal, com mais determinação sob o governo de D. Maria I (1777-1816). Não permitem que seus fieis possam admitir em seus templos homens e mulheres que tenham crenças diversas no conceito de Deus. Não poderia ser contrário, que o Brasil Colônia pudesse ser herdeira estas novas reflexões, pois alunos eram levados a ter a melhor educação nas grandes universidades, que na realidade era local do verdadeiro foco do liberalismo. Prova que maçons iniciados, aqui estiveram em períodos nebulosos como registra informações pelo site do Grande Oriente do Brasil: O argentino Alcebíades Lappa, em 1981, em tese internacional, usando um Livro de Atas do Duque de Norfolk, em Londres, provou que o Ir.: Randolph Took foi designado, já em 1735, como Grão-Mestre Provincial para a América do Sul (o que equivalia a dizer Brasil).

Outro fato registrado, é que existe uma carta do médico inglês Robert Young, em nome da Loja de São João, de Buenos Aires, em 1741, dirigida à Loja de São João do Brasil, recomendando-lhe o Ir.: Richard Lindsey que se encontrava no Brasil.

Há vestígios da existência, em 1750, de um grande Oriente Maçônico, em Salvador, vinculado ao Grande Oriente da França, com fortes tendências liberais e republicanas. No Rio em 1752 foi criada a Associação Literária dos Seletos. Possíveis maçons que aqui se instalaram se resguardavam em suas aparições como tais, certos de que a perseguição lhes seria fatal, onde há dificuldades de encontrar provas documentais, as que existem são poucas, motivo pelo qual a maçonaria era secreta e não discreta. Podemos descortinar estes vestígios ou influencias dos pedreiros livres mediante as atitudes e particularidades expostas. Muitos se reuniam nas famosas Academias, local propicio onde trocavam ideias, liam e discutiam obras proibidas, estes pontos de encontros foram instalados no Brasil Colônia em várias Vilas. Pelo visto, alguns ateliers de artistas também serviam para estes encontros com possibilidade de registrarem em suas obras de arte, vários símbolos que remetem a maçonaria, nossas escritas veladas.

Pérolas, evidencias, fatos, registros, ligações, denúncias.

Dentro de uma cronologia histórica vamos retratar aqui alguns registros de fatos que ocorreram em Portugal e no Brasil colônia que venham contribuir na montagem deste quebra cabeças de fatos que ligam envolvimentos aos iluministas, pedreiros livres, maçonaria. Registra-se que foi na Bahia a instalação da Academia Brasílica dos Renascidos, em 6 de junho de 1759 (próximo a data comemorativa de São Joao) sob a direção do magistrado Jose de Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, fidalgo, Magistrado português e administrador colonial do Brasil. Um dos convidados para participar foi Cláudio Manoel da Costa, que enviou uma carta datada de 3 de novembro de 1759, agradecendo de ter sido escolhido como membro desta academia. Foi prudente em não participar da Academia, pois o Ministro Carvalho e Melo soube em Lisboa de algumas atitudes do desembargador Mascarenhas em que recebeu “oficiais de uma frota francesa” na reunião da Academia. Drasticamente foi promovida uma reação em que próximo ao Natal de 1759 chega o Marques do Lavradio novo vice-rei com uma serie de decretos assinados por Marques de Pombal. Um destes decretos Mascarenhas é preso e transferido para o Rio de Janeiro, depois enviado para a fortaleza de São Francisco hoje Florianópolis em Santa Catarina. Mascarenhas só sai do cárcere após a queda do Marques de Pombal. Mas o motivo evidente da atitude de Pombal foi a pouca vontade de Mascarenhas em perseguir os jesuítas. Reação em que um dia após o fechamento da Academia Brasílica dos Renascidos, iniciou o cerco ao Colégio dos Jesuítas.

Também eram integrantes desta Academia o Engenheiro José Antônio Caldas, autor do livro Noticia geral da capitania da Bahia desde o seu descobrimento até o presente ano de 1759, José Ferreira fiscal da Mesa de inspeção e representante da associação dos homens de negócios.

Movimentação em Portugal, desde a subida ao trono Dom José, a perseguição aos franco-maçons havia sido suspensa. O Conde de Oeiras admitia a segurança de pessoas e ignorava a bula papal de Clemente XII, reeditada por Benedito XIV em 1751 que incitava a inquisição a vigilância e perseguição. Desconfia-se que o próprio ministro era um franco-maçom, apesar de que havia sido acusado de ser maçom por seus inimigos e considerado pedreiro-livre por irmãos. A primeira Loja física instalada em Portugal foi em 1727 e a segunda 6 anos depois sob os auspícios da Grande Loja de Londres. Há registros inquisitoriais, policiais e provas documentais disso.

Por outro lado, Tomas Antônio Gonzaga era estudante na Universidade de Coimbra em período que existiam Lojas físicas, organizadas por oficiais militares ingleses. Mas a iniciação de Tomas Antônio Gonzaga aconteceu, com toda a certeza, podendo ser até mesmo após o seu exilio. Pois em março de 1803, quando o capitão de milícias José Joaquim Vieira Couto, de 30 anos foi levado aos cárceres secretos dos Estaus e Terceira Casa das Audiências da Santa Inquisição, entre papeis apreendidos estava um que confirmava a afiliação de Tomaz Antônio Gonzaga á maçonaria. O documento é um relatório de secretário da Policia, José Anastácio Lopes Cardoso, para o intendente-geral da Polícia, o grande perseguidor de maçons, Pina Manique, sobre o material apreendido de posse de José Joaquim Vieira Couto.

Há fortes indícios da existência de uma Loja em Coimbra, em forma de Clube, à beira de Mondego na segunda metade do século XVIII em que participavam estudantes que iriam influenciar os acontecimentos do Brasil, como José Bonifácio de Andrada e Silva, José Alvares Maciel, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Hipólito José da Costa. Estes influenciados nesta época pelo professor Jose Anastácio da Cunha. Os estatutos da Academia foram aprovados em 24 de dezembro de 1779. No registro de 22 de maio de 1780 consta a filiação do Padre Joaquim Veloso de Miranda que ao vir para Minas Gerais ficou como sócio correspondente da Academia. Para a corte remeteu não só pedras preciosas, mas também muitas espécies destinadas ao Jardim Botânico da Ajuda, a pedido da corte estudou também várias qualidades de salitre, possivelmente retratado nas cartas chilenas como Damião.

O nosso Damião enfim abana

Ao lento fogo, com o que o sábio tira 

Os uteis sais da terra.”

Neste período havia entre maçons a tolerância a costumes, talvez por não existir uma Loja reguladora, sendo assim vistas grossas a ligações extra conjugais, recusa de jejum e a abstinência, leitura de livros proibidos pela Igreja Católica e a discursão de uma nova moral. Por isso estes alunos eram apelidados de libertinos. Há fortes indícios também que Joao Bernardo Gonzaga o pai de Tomas Antônio Gonzaga tenha sido maçom. Se Tomas não havia iniciado nesta época em Portugal, pelo menos fazia parte de grêmios organizados pelos iluministas, uma espécie de criptomaçonaria. Registra que ao menos 43 estudantes brasileiros frequentaram a Universidade de Coimbra em 1767. Mas um grupo de 12 alunos de estudantes na Universidade de Coimbra antes de se transferirem para a França fizeram um pacto. Dos 12 temos conhecimento apenas de 6 ou 7. Os cariocas, Joaquim da Maia e Jose Maria Leal da Câmara. Os mineiros: Jose Pereira Ribeiro, Diogo de Vasconcelos, Francisco de Melo Franco e José Alves Maciel e possivelmente um paulista Jose Bonifácio de Andrada e Silva, que “fecharam um acordo em não descansar enquanto não vissem o Brasil independente”.

Toda a monarquia estava abalada com os últimos acontecimentos, divisão da Inglaterra e as suas colônias, guerra americana, pois sentiam ameaçados com a prosperidade da republica, pouco tempo depois a Revolução francesa 1789 e 1799.

Fundação da Academia Real das Ciências (considerada a primeira organização para-maçônica portuguesa) em 24 de dezembro de 1779, funcionando oficialmente em 1780, local de reunião de cérebros.

Entre os fundadores, Dom João Carlos de Bragança (Duque de Lafões, primo da Rainha Maria I) o abade Correia da Serra, o italiano Domingos Vandelli, todos maçons e iniciados em Lojas constituídas no estrangeiro. O primeiro secretário da Academia foi Luís Antônio Furtado e Castro do Rio de Mendonça (o nosso Visconde de Barbacena), que gozava da amizade de três influentes e eloquentes pedreiros livres. O jovem futuro Visconde de Barbacena, entrou na Universidade de Coimbra um ano após a saída de Tomas Gonzaga, mas em seu período foi o preterido do Mestre Domingos Vandelli.

Para termos noção das ligações, o Duque de Lafões e financiava saraus em sua residência, participou de apresentações do jovem compositor Wolfgang Amadeus Mozart (Iniciado em 14 de dezembro de 1784, na loja "Zur Wohltätigkeit" _Beneficência, em Viena).

Alvarenga Peixoto, estudante em Coimbra recorria a capitalistas para financiar seus estudos, sendo um destes Bento Rodrigues de Macedo (Irmão de Joao Rodrigues de Macedo) e alguns tios de Alvarenga que eram muito ricos. Com esta ligação, por outro lado no Brasil tinha João Rodrigues de Macedo um dos grandes influente capitalista instalado em Minas Gerais que acredito ser um dos grandes financiadores da Inconfidência Mineira. Jose Pereira Marques capitão do 1° regimento de cavalaria auxiliar e comerciante em Vila Rica, simpatizante da conjuração possivelmente até outro financiador, encontra com o alferes Tiradentes em março na Vila da Igreja Nova da Borda do Campo, hoje Barbacena, oferecendo-lhe um cavalo para que cumprisse a viagem até o Rio de Janeiro em busca de adesão para o levante. Tiradentes portanto preferiu continuar com o muar que lhe havia sido oferecido por João Dias da Mota.

João Rodrigues de Macedo era um coimbrão vindo para o Brasil Colônia em 1745, aos 15 anos de idade, trabalhando com tios e primos. Era de família de muitas posses. Possivelmente devido as suas grandes influencias compareceu em Vila Rica por volta de 1775, para arrematar o contrato das entradas. Era amparado por financiadores de respeito, como o comerciante Antônio Gonçalves Ledo, seu sócio em outros negócios e Manoel Mendes de Oliveira, ambos do Rio de Janeiro. Todos eram ligados a maçonaria tempos depois em 1822.

Macedo tornou-se sócio do Coronel José Ayres Gomes, proprietário de extensas terras de Minas a caminho do Rio de Janeiro entre a Mantiqueira e a Borda do Campo. Fez também seu sócio José Alvares Maciel, que havia sido caixa do arremate do contrato das entras Domingos Ferreira da Veiga de 1759-1761.

Rodrigues de Macedo, também se associou por laços comerciais e de amizade com o Coronel Manuel Rodrigues da Costa, pai do Inconfidente homônimo Padre Manuel Rodrigues da Costa. Mas a frente se acercou com seu futuro vizinho o Inconfidente Domingos Abreu Vieira, que morava em frente a sua mansão projetada a Rua São José em Vila Rica a atual Casa dos Contos. Domingos Abreu Vieira era amigo íntimo do Padre Jose da Silva de Oliveira Rolim que por sua vez era íntimo de Tomas Antônio Gonzaga já que haviam sido contemporâneos em Coimbra na mesma época em que ali estavam Alvarenga Peixoto e o padre Joaquim Veloso de Miranda.

Joaquim Jose da Silva Xavier (Tiradentes) era amigo de Rolim e Abreu Vieira sendo este padrinho de uma filha de Joaquim José da Silva Xavier. Vizinho da casa de Abreu Vieira visitava sua casa com frequência com quem jogava cartas, gozando de sua intimidade no estabelecimento de relações de compadrio.

Macedo também desfrutava de ligações comerciais com Claudio Manoel da Costa, o poeta que “suicidou” nos porões da Casa dos Contos, ou seja, a casa de João Rodrigues de Macedo, arrendada para o governo.

O Visconde de Barbacena, após ascender ao serviço régio, abandonara o cargo de secretário da Academia Real e alinhou-se as ideias da polícia do Reino, o Manique, dos pedreiros livres. Chegou ao cumulo de perseguir seus colegas e contemporâneos como o naturalista Joaquim Veloso de Miranda até que a Rainha Maria I mandou Barbacena retornar a Miranda os pagamentos de suas viagens filosóficas.

Claudio Maciel retorna ao Rio de Janeiro após permanecer 3 anos em Coimbra, viajando para a Inglaterra, afim de aperfeiçoar em siderurgia e industrias têxteis (proibidas no Brasil colônia) sendo destacado como principal assessor do novo governador para área de pesquisas minerais.

Outra figura proeminente foi Eleutério José Delfim, matriculado em 13 de outubro de 1786 em Montpellier, fazia parte da turma dos 12 do pacto realizado na faculdade, teria sido quem levara a credencial dos comerciantes maçons do Rio de Janeiro que permitiu Maia (Vendek) aproximar-se de Tomas Jefferson. Maciel dizia que havia sido o portador de uma mensagem de Maia aos seus correspondentes comerciantes no Rio de Janeiro.

ALOJAMENTO EM OURO PRETO.

Como já relatamos, diante da casa de Macedo ficava a residência de Domingos Abreu Vieira a Rua São José. Em 1788 hospedaram no palácio de Macedo, o Coronel Inácio Jose de Alvarenga, O padre Manoel Rodrigues da Costa, o Conego Luiz Vieira da Silva, o Coronel José Ayres Gomes e o doutor José Vieira Couto e outros mais sujeitos do Serro. Também ali reuniu altos funcionários régios como o fiscal dos diamantes Luiz Beldrão de Gouveia Almeida que estava acompanhado pelo aventureiro inglês Nicolau Jorge Gwerck, seu protegido, que irregularmente ocupara cargo público em Diamantina até ser perseguido por Cunha Meneses. Tiradentes não precisaria hospedar na casa de Macedo pois tinha uma casa alugada ali próximo do mesmo lado da rua e frequentava a mansão com intimidade. Todos estes homens foram envolvidos na projetada sublevação de 1789. Muitas evidencias de ações por parte de iluministas, pedreiros livres, franco maçons no silencio como tal se reconheciam, sendo assim, voltemos ao Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. Foram grandes patrocinadores das obras de Congonhas, Claudio Manoel da Costa, João Rodrigues de Macedo através das “irmandades religiosas” as quais pertenciam.

Em cena Antônio Francisco Lisboa.

Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto,

c. 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 – Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial. Sabia como empregar o maço e o cinzel a régua, o nível e o prumo com grande precisão e conseguia esculpir imagens inspiradas em faces de personalidades em que convivia no cotidiano. Desde pequeno acompanhava no atelier de seu pai os trabalhos efetuados por conceituados Mestres. Em 1777 depois de diagnosticado com uma moléstia foi apelidado de Aleijadinho.

Mestres, Auxiliares e Aprendizes.

Durante o período colonial, o Brasil não dispunha de escolas de ensino artístico. O aprendizado geralmente acontecia no trabalho com algum mestre. Predominava uma guilda do ensino e trabalho artístico baseada nos moldes das corporações de ofícios europeias da época do descobrimento, que eram organizações que regiam as áreas profissionais. Havia uma hierarquia, cujo topo era ocupado pelo mestre, responsável ela elaboração e acabamento das obras e pela formação de novos aprendizes; abaixo dele, estava o oficial, um profissional habilitado, mas com menor autonomia; depois dele, os auxiliares, aprendizes e, por último os escravos. Quase que nos mesmos moldes estruturais da maçonaria. Essa organização ao redor de um mestre é o motivo pelo qual muitos artistas do período eram conhecidos por esse título.

Joaquim Jose da Silva Xavier.

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes (Fazenda do Pombal, batizado em 12 de novembro de 1746 — Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792), foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político nascido no Brasil, que atuou nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, bem como foi tropeiro pelas bandas da Bahia, desconfia-se que dai que teve seu primeiro contato com ideias iluministas. Seu corpo foi dividido em quartos e salgados, espalhados em pontos estratégicos, alertando a população do triste final de quem conspirasse contra a coroa portuguesa. Sua cabeça foi exposta em Vila Rica, seu quarto direito exposto no Arraial da Igreja Nova da Borda do Campo (Barbacena MG). Outra parte em Cebolas Rio de Janeiro, na Estalagem de Varginha entre Conselheiro Lafaiete e Ouro Branco. Mas que fim ocorreu com a cabeça exposta em praça publica? Que paradeiro tomou? Sobre o emblemático Tiradentes faremos outra tratativa em outra edição.

Conspiradores em Minas Gerais.

Domingos de Abreu Vieira, os padres José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa, Carlos Correia de Toledo e Melo, cônego Luís Vieira da Silva, os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, capitão José de Resende Costa e seu filho José de Resende Costa (filho), sargento-mor Luiz Vaz de Toledo Piza e alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como "Tiradentes". Devemos inserir na listagem com toda certeza João Rodrigues de Macedo.

Não podemos aqui esquecer do papel das mulheres que dentro de suas limitações participaram do movimento, de uma forma ou outra. Hipólita Jacinta Teixeira de Melo foi a única mulher a ter uma participação ativa na Inconfidência Mineira. Ela era da elite de Vila Rica, atual Ouro Preto, e sua propriedade era um local de encontros dos inconfidentes na Serra de São Jose entre Tiradentes e Bichinho. Maria Doroteia Joaquina de Seixas (a Marilia de Dirceu) e Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira que no final de sua vida foi salvo os seus bens por arremate por João Rodrigues de Macedo. (Interessante esta atitude em favor de cunhadas e desfavorecidos).

Misterioso e poderoso João Rodrigues de Macedo –

João Rodrigues de Macedo (Campos, concelho de Póvoa de Lanhoso, 4 de março de 1739, São Gonçalo do Sapucaí, 6 de outubro de 1807) foi um importante comerciante, banqueiro e contratador na Capitania de Minas Gerais. Figura super conhecida no Brasil Colônia em que “acredito seja uma das principais fontes articuladoras da movimentação da conspiração Mineira”, por isso destaco este personagem.

Negociava e foi amigo do comerciante Antônio Gonçalves Ledo no Rio de Janeiro, sendo este o pai de Joaquim Gonçalves Ledo, muito reconhecido pela sua atuação na maçonaria brasileira, líder de uma facção liberal e democrata em torno da independência do Brasil em 1822.Gonçalves Ledo foi um dos jovens patrocinados em estudar na Universidade de Coimbra em 1795, retornando ao Brasil por ocasião da morte prematura de seu pai em 1808.

João Rodrigues de Macedo patrocinava integralmente jovens para estudar em Portugal na Universidade de Coimbra, em que tinha naquele educandário proeminentes livres pensadores, citados pela Inquisição e por Pina Manique, tais como Domingos Vandelli (1735-1816). Este foi um professor italiano de química e ciências naturais na Universidade de Coimbra, em Portugal. Ele foi convidado para lecionar no Real Colégio dos Nobres pelo Marquês de Pombal. Qual o motivo em que conduziu Macedo a estes patrocínios aos quais mais tarde muitos destes jovens participaram ativamente da Independência do Brasil, exemplo disso Joaquim Gonçalves Ledo.

A famosa casa dos contos em Ouro Preto, foi construída por João Rodrigues de Macedo, arrendado para ser local em que aquartelou tropas do vice-rei e serviu de prisão nobre de Inconfidentes, como Cláudio Manoel da Costa. A partir de 1792, foi sede da "Administração e Contabilidade Pública da Capitania de Minas Gerais", daí o nome "Casa dos Contos" sendo o mesmo casarão que Cláudio Manoel da Costa “suicidou”.

João Rodrigues de Macedo,foi sócio de José Ayres Gomes, um dos mais ricos latifundiários, fazendeiro, escravocrata e mineradores do Arraial da Igreja Nova da Borda do Campo proprietário da centenária fazenda da Borda do Campo. José Ayres foi um dos quem patrocinou João Rodrigues de Macedo para ser o contratador das Minas Gerais.

João Rodrigues de Macedo emprestou grande soma de dinheiro ao Governador das Minas Gerais dias antes da delação da Inconfidência. Talvez o motivo de não ter sido preso pelas suas ligações.

 

Claudio Manoel da Costa - João Rodrigues de Macedo -p Domenico Vandelli.

Tiradentes – Inconfidentes - Alvarenga Peixoto - Tomas Antonio Gonzaga

 

INICIAÇÕES POR COMUNICAÇÃO, MAÇONARIA DE EMERGENCIA ANTIGA TRADIÇÃO 

É registrado que no passado era de costume iniciar novos Irmãos por comunicação. Procedimento em que cobrava compromissos, silencio e repassava sinais toques e palavras. Como na Colônia portuguesa era expressamente proibido os Pedreiros livres, não havia possibilidades alguma de abrir uma Loja física para receber Irmãos.

Como havia necessidades libertarias e havia proibições era certo de que utilizassem destes procedimentos, muitas vezes em Lojas de mesa nas tabernas, sob as luzes de velas ou óleo de baleia em calorosos jantares, regados ao vinho. Prova disso vemos registros de denúncias a inquisição destas reuniões em Portugal e aqui não seria diferente. Na atualidade, a Ordem por ser iniciática, exige o cumprimento dos interstícios e suas respectivas cerimonias, como obrigação e consagração do candidato que se submete a tal. Este costume de Iniciar por comunicação foi abolido pelas Potencias Regulares, portanto já existiu.

 


Há outros Mestres nesta oficina e a Loja estava instalada em céu aberto...

Não podemos deixar de registrar os trabalhos executados em pinturas, principalmente do o Mestre Manuel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde, foi um professor, pintor e decorador brasileiro. Foi contemporâneo e parceiro de trabalho de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cujas estátuas encarnou. Pouco sabemos sobre sua vida e formação artística, e nem todas as suas criações estão documentadas, mas deixou obra considerável, espalhada em várias cidades mineiras. Nasceu em 18 de outubro de 1762, Minas Gerais Falecimento: 2 de fevereiro de 1830, Mariana, Minas Gerais Períodos: Barroco, Rococó Morte: 2 de fevereiro de 1830 (67 anos); Mariana. Destaco aqui seus afrescos pintados na Igreja de São Francisco de Assis, imagens em Congonhas do Campo onde acompanhou quase toda a trajetória de Aleijadinho. Enquanto o Mestre Lisboa esboçou a construção da Igreja de São Francisco de Assis e na sacristia esculpiu um “franciscano com os olhos vendados” o Mestre Ataíde pintou para este mesmo local “São Francisco de Assis em uma gruta” e aos seus pés um crânio humano bem como outra pintura do mesmo santo de posse de uma ampulheta e um outro crânio. Já na parte superior do pórtico do templo, outra pintura com anjos, crânio, espelho refletindo a arvore da vida, incenso, uma vela.

Uma verdadeira câmara para reflexões.

                         Pintura 1                                 Pintura 2

Em ambas as telas São Francisco de Assis apontam para o crânio e a ampulheta, pinturas do Mestre Ataíde.

 

Pintura 3

Esta pintura (pintura 3) do Mestre Ataíde encontra-se na parte superior da entrada do Templo, na parte interna, acima do pórtico. Espelho refletindo a arvore da vida, crânio com uma coroa de louro, incenso, vela, anjo sustentando outro crânio, uma bilha de agua, um banjo, uma ampulheta deitada sobre a mesa, um tinteiro, uma pena para assinatura do testamento e o pergaminho. Um querubim sustentando os dizeres VANITA VANITA TUM (vaidade das vaidades). E sobre a mesa ME MENTO MORI ("lembre-se de que é mortal" ou "lembre-se de que morrerá").

Em outro painel retratou o próprio Mestre Aleijadinho como um soldado romano sem o capacete.

Na santa ceia, o estilo dos mulatos presente e o número maior de personagens presentes na cena. Ao lado de Cristo um apóstolo com uma camisa e gravata usada na época do Brasil colônia.

Na santa ceia, o estilo dos mulatos presente e o número maior de personagens presentes na cena. Ao lado de Cristo um apóstolo com uma camisa e gravata usada na época do Brasil colônia.

O EMBLEMATICO E EXPRESSIVO LAVABO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS DE OURO PRETO A CAMARA INICIATICA.

Esta imagem é do cartão postal do Lavado existente na sacristia da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto MG. Curioso é de registrar a existência nesta sacristia de afrescos de grutas contendo esqueletos, crâneos, nos lembrando a nossa Câmara de Reflexões. Um monge com os “os olhos vendados” nos lembra momentos em que passamos das trevas para a luz, sobre sua cabeça o louro da vitória, tão reconhecido em nosso meio .

No pergaminho esta esculpido, HAEC EST, AD COELUM QUAE VIA DUCIT OVES. “Este é o caminho das ovelhas”. (Eis os nossos Lowtons, novatos)   Abaixo existe outra faixa esculpida com os dizeres: “AD DOMINUM CURRO SITIENS UT CERVUS AD UNDAS”

Significa, corro para o Senhor como o veado corre para a fonte.

Destaque duas romãs aos pés da cruz de Lorena abaixo o capitel de duas colunas do pórtico do templo na Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto MG.

Na fonte esta esculpida uma homenagem aos auxiliares sacristãos figura por inteiro.

Este lavabo está esculpido dois anjos, um sustentando uma ampulheta e o outro sustenta um crâneo. O formato do lavabo é de uma perpendicular (o fio a prumo) a terceira joia móvel de uma Loja Maçônica. É fixado no centro de um arco de abóbada é o símbolo tributo do Segundo Vigilante.

 


Prumo.

Um registro de prisão no Rio de Janeiro de um propagador de ideias sediciosas. Francisco Antônio Lisboa ou Antônio Francisco Lisboa?

Nos anos de 1794, 1795, 1796, ainda não conseguimos encontrar nenhum arquivo que registra ou aponte o paradeiro de Antônio Francisco Lisboa, exceto menções de finalizações dos portais de três igrejas. Ficou fichado nos arquivos da devassa carioca, que antecedeu a devassa da conjuração mineira, a prisão de um artista e escultor por maldizer contra o rei e governantes. Isto foi em 1794, dois anos antes da execução de Tiradentes. Neste período, acusaram através de denuncias reuniões em residências, botecos, academias, adro de igrejas. Quando instalaram a primeira devassa foram presos um grupo de literatos da Academia local, entre os quais o médico Jacinto José da Silva que estudara em Montpellier bem como o poeta Manoel da Silva Alvarenga. O delator foi Jose Bernardo da Silveira Frade.

Outro denunciante foi Diogo Francisco Delgado entre outros nomes, citou que um tal de FRANCISCO ANTONIO LISBOA, que fora soldado de artilharia e hoje entalhador, que usava com arrojadas palavras, deste artista, contem violentas críticas contra a monarquia. Considerava fidalgos “uns ladroens incluindo o rei”. Afirmava que “matar reis não era pecado, pois eles recebiam o poder dos povos e que o rei era um tirano e deveria padecer na forca”.

Indicava as leis dos franceses como santas e justas, capazes de atingir o bem comum e que .....isto não levaria volta enquanto não chegassem a colônia as novas leis da França. (Isto no Brasil Colônia).

Seus denunciantes informaram que isto ocorreu na botica (farmácia) de Vitorino de tal, onde Francisco Antônio participava de uma conversa sobre o poder sagrado dos reis. Procurado por um homem que lhe entregava um crucifixo para conserto, toma a cruz, brandindo-a exclama: “Esta é que é sagrada, que o rei é como qualquer um de nós”. (Registrado nos anais da Biblioteca Nacional, volume 61/1939).

A data da prisão de Antônio Francisco não consta destes autos sendo que a primeira denúncia ocorreu em dezembro de 1794.

O primeiro interrogatório consta em 17 de março de 1796 enquanto o segundo e último em 21 de abril do mesmo ano em que foi acareado com um dos denunciantes. E a partir desta data faz-se o silencio sobre este artista nos Autos da Devassa do Conde de Resende. Registra que Antônio Francisco negou as acusações e admitiu apenas sua admiração pelos franceses por serem “insignes nas ciências e nas artes”.

Em 1794-1796 dá por terminados os portais em pedra-sabão das fachadas das igrejas de Nossa Senhora do Carmo e de São Francisco de Assis, de São João del Rei por Antônio Francisco Lisboa.

Nas declarações alegou ter *51 anos de idade, solteiro, era entalhador, filho de Bento Gonçalves (teria mentido?). Não há registro deste entalhador no Rio de Janeiro e nem de um militar de artilharia com este nome. (*5 anos de diferença que a idade de Aleijadinho, assim fornecida).

Mas se a curiosidade aqui nos conduz, a assinatura gravada no depoimento, é bem similar à de Aleijadinho, (exemplo temos a comparar de suas assinaturas antes e depois da hanseníase). Em 1796 Aleijadinho reaparece em agosto incumbido de esculpir as figuras em madeira destinadas aos Passos da Paixão de Cristo, já em Congonhas do Campo, cronologicamente os fatos se ajustam.

 

Na figura vemos a assinatura do referido Francisco Antônio Lisboa (preso) nos dois interrogatórios aos quais foi submetido .

Assinatura de Francisco Antônio Lisboa (preso) em um recibo.

Autografo de Aleijadinho - Antônio Francisco Lisboa antes e depois da hanseníase. Parece ou não com o autografo do acusado de sedição no Rio de Janeiro?

Ele teria mesmo que sonegar a informação em deixar transparecer ser a mesma pessoa? Justifica-se que estava no meio do furacão, com o Brasil colônia em polvorosa devido às prisões e últimos acontecimentos. No entanto Aleijadinho era sim uma pessoa interessada, lucida dos acontecimentos e só através de um meio reclamaria para o futuro em suas obras de arte esculpidas no Templo supremo de Congonhas. Era um escultor culto em suas artes que praticava, também de certo ligado aos Inconfidentes de uma forma ou outra, enfim um Mestre contumaz, eloquente no maço e cinzel.

Aleijadinho foi um propagador e registrou em algumas esculturas pessoas e suas ideias revolucionárias sem duvidas. Teriam sido o acusado no Rio de Janeiro a mesma inocente pessoa? Tudo parece que as assinaturas como as informações declaradas sobre o indiciado foram forjadas pelo declarante para omitir os fatos. Tudo indica ser a mesma pessoa. Se não iniciado em maçonaria, estava sendo contratado por algum incumbente de proceder tais registros. Muitos personagens desta historia eram conhecidos e ligados entre si, de uma forma ou outra, pactuados.

 

Vamos ao que nos interessa. As imagens que nos contam, revelam expressões, através de gestos, olhares e cores...

Em torno de 1765 iniciou a preparação do terreno, e em 1766 as obras foram arrematadas pelo mestre pedreiro Domingos Moreira de Oliveira, seguindo um projeto de Aleijadinho As encomendas das obras de Aleijadinho eram feitas por influentes participantes de Irmandades religiosas. Estas eram exigentes na admissão de seus participantes, com muitas sindicâncias. Tomas Antônio Gonzaga era bem relacionado com Romualdo Jose Monteiro de Barros, (Barão de Paraopeba) e seu Irmão Lucas Antônio Monteiro de Barros (Barão e Visconde de Congonhas do Campo) conseguiam doações vultosas, para a construção do Adro da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, além de receber das mãos dos Irmãos, mão de obra escrava para a execução dos serviços.

A irmandade da Ordem Terceira de São Francisco de Vila Rica (atual Ouro Preto) encomendou a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a construção da fachada da Igreja de São Francisco de Assis. Nela podemos ver símbolos que nos remetem aos mesmos utilizados na maçonaria, tais como, duas colunas externas, três romãs anjos e querubins em ângulos de um triangulo, a cruz de Lorena e a ousadia da construção da fachada com as janelas do Templo. As imagens visuais é que denunciam está escrita velada. Assim como possuímos nosso alfabeto, nossos códigos, sinais, toques e palavras, assim Antônio Francisco Lisboa transmitiu em suas obras, códigos velados para que sejam lidos conforme nossas tradições, usos e costumes. Terei que ser bem superficial nas informações para não quebrar o sigilo da hierarquia maçônica repassada nos graus superiores, leves pinceladas no que relatar.

O contato visual nos revelará a grandeza de sinais, toques e o iniciado mais atento a simbologia entenderão o que tentaremos repassar.

É tradição maçônica apresentar aos iniciados parte da filosofia oculta expressas através dos sinais, símbolos, gestos e movimentos. E enfim o que é um símbolo? Símbolos são elementos que representam ideias, conceitos, objetos, pessoas, lugares e eventos. Eles podem ser visuais, verbais ou não verbais. Exemplo disso temos o nosso alfabeto.

 

Fotos da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto de direito de Rogério P.D.Luz.

As duas colunas no pórtico do Templo, lado externo, bem acima separadas destas estão expostas 2 romãs na ordem de 1 de cada lado e encimando todas estas esculturas está a Cruz de Lorena.

Existe a discursão sobre as posições das colunas do Templo, assunto a ser tratado em outra matéria, neste caso a da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, foi exposta no lado externo do templo (como existe ainda em algumas Lojas Maçônicas seculares que visitei exemplo a do Oriente de Rio Novo MG – (ARLS Culto ao Dever – GOMG -COMAB).

CRONOLOGIA DA VIDA DE ALEIJADINHO 

1730- 1738 (?) 29 setembro – nascimento de Antônio Francisco Lisboa em Vila Rica. 1738- Casamento de seu pai Manuel Francisco Lisboa com Antônia Maria de São Pedro. 1750- 15 de julho – ingresso de Antônio Francisco no seminário. 1752- risco de chafariz interno do Palácio dos Governadores 1756- viagem ao Rio de Janeiro com Frei Lucas de Santa Clara. 1758- execução do chafariz do Hospício Terra Santa. 1759- Em 1766 Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto. 29 junho saída do seminário. 1767- 07 julho morte de seu pai Manuel Francisco Lisboa. 1768- 02 abril incorporação do Regimento de Infantaria em Vila Rica. 1769- projeto e execução da portada da Igreja do Carmo de Sabará. 1776- Viagem ao Rio de Janeiro, onde conhece Narcisa Rodrigues da Conceição. 1777- nascimento de seu filho Manuel Francisco Lisboa, com Narcisa. 1788- é nomeado Juiz da Irmandade de São José dos Pardos. 1794- 10 julho morte de seu escravo Agostinho. 1796- início de confecção dos Passos da Paixão em Congonhas. 1798- novo contrato para a feitura dos passos. 1799- término da execução dos passos. 1800- 25 de novembro casamento de seu filho Manuel Francisco Lisboa com Joana Francisca de Araújo Corrêa. 1800- primeiro contrato para confecção dos doze profetas para o plano inferior. 1804- execução da caixa para o órgão em Congonhas. 1805- segundo contrato para a confecção dos profetas para o plano superior. 1805- execução dos lampadários em Congonhas. 1807- contrato para a confecção de dois altares na nave da igreja do Carmo em Vila Rica. 1808- execução do candelabro em Congonhas. 1808- término das obras em Congonhas. 1812- último ano que trabalha. 1814- 18 novembro falecimento em Vila Rica.

INCONFIDENCIA, PRISÕES, CONDENAÇÕES, EXECUÇÕES E EXILIOS.

Foi através de denúncias, por óbvios interesses, deu-se o início a Devassa da Inconfidência Mineira. Sabemos que muitos, como nos mesmos, defendemos nossos interesses pessoais e fatos marcantes de toda esta trama nos induz a sentir um envolvimento articulado de livres-pensadores na história da Inconfidência Mineira. Joaquim José da Silva Xavier, foi o único que direcionou toda a culpa para si, protegendo aos demais envolvidos e o único a receber a pena Capital. Mas na calada da noite, sua cabeça após decapitada desapareceu de uma gaiola pendurada em praça pública em Ouro Preto, nem sequer sabem informar seu paradeiro. “Almas caridosas cometeram este crime”. Os demais Inconfidentes foram exilados ou para África ou conventos em Portugal. Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou cinco badaladas.

Coincidências ou não?

Através de documentos pode observar fortes ligações de alguns inconfidentes com iniciados iluministas, pedreiros-livres, entre eles destacamos alguns com fatos registrados na história. Muitos dos Conjurados foram degredados para a África e religiosos para Portugal. Exilado para Moçambique, na África, Tomas Antônio Gonzaga, foi muito bem recebido por Irmãos iniciados (hoje comprovadamente denunciados em Portugal na história da África), tendo a felicidade de praticar seus dotes de oficio no local. Em Coimbra o poeta participou de grêmios secretos, organizados pelos iluministas, e teve renomados mestres, dentre os quais Domenico A. Vandelli, considerado o introdutor da Maçonaria em Portugal que, como notável expoente das ideias iluministas do filósofo John Locke, influenciou sobremaneira muitos de seus alunos. Os estudantes de Coimbra à época de Tomás, além de Vandelli, também eram influenciados pelo iluminismo católico de Verney e liam Voltaire, Montesquieu, Pope, Locke, Hobbes e outros ilustres pensadores. Outros inconfidentes não foram possuídos desta grande sorte, morreram pouco tempo após o degredo. Adelto Gonçalves em seu Livro Gonzaga um poeta do iluminismo, relata na página 56 de seu livro, a prisão do Militar em 1803 em Lisboa de José Joaquim Vieira Couto, de 30 anos, natural da Vila do Príncipe do Serro Frio, preso para os cárceres secretos dos Estaus e Terceira Casa das Audiências, confiscados papeis pela Inquisição, um deles relata filiação de Tomas Antônio Gonzaga na maçonaria.

O padre Rolim foi mandado em 6 de julho para cumprir prisão perpétua no Forte de São Julião da Barra, em Lisboa, tendo ali permanecido por quatro anos. Em 1796 veio a ser transferido para o claustro do Mosteiro de São Bento da Saúde, na capital lusitana. Fato extraordinário na vida do Padre Rolim foi ter sido companheiro de cela durante um mês e sete dias do célebre e mais importante poeta português do século XVIII, Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage), Maçom iniciado. Padre Rolim recebeu o perdão retornando a sua terra natal usufruindo dos bens protegidos antes do confisco. Faleceu 21 de setembro de 1835, aos 88 anos de idade. Foi enterrado na Igreja do Carmo, recebendo a sepultura N.º 2. Consta que teria sido vestido, para a cerimônia fúnebre, com paramentos maçônicos. Segundo o jornalista Roberto Wagner de Almeida. O próprio Tiradentes, há registros de compra de passagem para a Europa em período que lhe foi concedido licença militar, justamente no período do encontro de José Joaquim Maia e Barbalho (Pseudônimo Vendek) com o maçom Thomas Jefferson e o motivo seria um pedido formulado de socorro. Teria sido este pseudônimo seu batismo no Rito Adonhiramita? Registra-se que Vendek não esteve sozinho, foi acompanhado com uma pequena comitiva organizada pelo professor italiano Domenico Vandelli. O mais interessante ainda, é que Vendek era sobrinho do contratador de Aleijadinho a esculpir as imagens do adro do Santuário de Bom Jesus do Matosinhos.

Teria Tiradentes participado desta comitiva internacional? Pois justamente as datas coincidem de seu pedido de afastamento do quartel, sua estada no Rio de Janeiro, nenhum registro histórico de seus afazeres no Rio de Janeiro e justamente o período do encontro em Nínive com Tomas Jefferson. Existem teses e provas documentais de recibo da compra da passagem de Tiradentes para a Europa conforme afirma Isolde Helena Brans em seu livro Tiradentes face a face com fac símile de documentos comprobatórios.

No frontão da Igreja da Santíssima Trindade de Tiradentes o “Olho que tudo vê” local onde Tiradentes meditava quando por ali passava, onde o triangulo inspirou como símbolo para confecção da bandeira mineira. Claudio Manoel da Costa sugeriu o fundo branco, Tiradentes o triangulo verde e Alvarenga Peixoto o lema LIBERTAS QUAE SERA TAMEM”, inspirado em um poema de Virgílio.

Capelas dos Passos da Paixão de Cristo em 1796-

(Depois dos Passos perdidos vem o Átrio?).

Em plena devassa, prisões, escândalos, pressões e opressões, como um artista receberia sua encomenda para reclamar para o futuro os fatos que ocorriam em sua terra. Contratava-se artistas, descreviam as obras intencionadas e o critério empregado pelo contratado, seria de acordo com a especialidade do tal.

Aleijadinho, era Mestre na arte e esculpia suas peças baseando os detalhes vistos nos semblantes de quem gostava ou não. Com esmero, fazia a caricatura de quem não gostava e semblantes divinos a pessoas que lhe eram de consideração. Prova disso poderemos perceber nas imagens das Capelas dos Passos. Aleijadinho esculpiu 66 imagens em cedro para as Capelas dos Passos da Paixão de Cristo, em Congonhas, Minas Gerais. As esculturas representam os passos da Via Sacra de Jesus Cristo. Disposição das Capelas dos Passos diante do Santuário. Seriam na realidade o número de 7 Capelas e só foram construídas 6. A capela da flagelação e coroação de espinhos começou a ser construída em 1864. Nessa época foi decidida a construção de apenas 6 capelas, ao invés das 7 previstas, o que fez com que esta capela abrigasse dois passos.

A distribuição destas imagens são em total 66 imagens, será que a intenção seriam distribuição em 33 imagens para cada lado dos passos..... 33 a direita e 33 a esquerda, um dos passos foi inserido em uma só capela.

Para visitarmos as capelas dos Passos, iniciando pela história cronológica bíblica, teremos que zigue - zaguear do Ocidente para o Oriente, até compreendermos o histórico dos passos de Cristo. Ao visitar as capelas dos Passos, somos obrigados a interromper por quebra de impulso os passos para atravessar para o outro lado íngreme a visitação da outra capela. Estes passos nos lembram das dificuldades encontradas e a necessidade de não afastarmos do verdadeiro caminho em busca da verdade. A verdadeira busca do Mestre Hiram. Lembremos que estes passos formarão a letra hebraica Lamed (ל).

No edifício Maçônico, o Templo situa-se na parte mais interna e vem separado da Sala dos Passos Perdidos pelo Átrio. No templo de Salomão, esse espaço se situava ao ar livre, limitado por muros protetores, assim como esta em Congonhas. O Maçom ao entrar no Templo, dirigirá com segurança os seus passos, não se perderá. No entanto, se não passar pelo Átrio vindo da sala dos Passos perdidos, ele transformará o seu trajeto dentro do Templo, seus passos se perderão. O átrio é uma área da Maçonaria que se localiza na frente do templo, à entrada. É um espaço simbólico que representa a transição do profano para o sagrado. Mas os sagrados passos   Vamos as capelas e imagens.

 


PRIMEIRA CAPELA – A DA SANTA CEIA 

Construída entre 1799 e 1808, é a maior das capelas, com 10 metros de altura e área de 6m x 6m. Traz os 12 apóstolos, Cristo e dois servos esculpidos por Aleijadinho, que teria também sido o responsável pelo desenho do prédio. Segundo pesquisas, foi a única que Aleijadinho viu concluída. A primeira capela dos Passos de Congonhas, a do Passo da Ceia, é a mais antiga e a maior do conjunto. Ela representa a Santa Ceia de Jesus com seus apóstolos e dois servos. As esculturas foram pintadas pelos Mestres Manoel da Costa Ataíde e Francisco Xavier Carneiro. As cenas foram compostas à maneira de quadros vivos, com cenários pintados nas paredes das capelas. As cenas representam os passos da Paixão de Cristo: Ceia, Horto, Prisão, Flagelação, Coroação de Espinhos, Subida ao Calvário, Cruz-às-Costas e Crucificação.


Possui 14 esculturas com pinturas do Mestre Ataíde, nas cores predominantes do vermelho ao azul. Detalhes da orquestra de gestos, posições de pés e mãos, do simbólico banquete dos Cavaleiros... Detalhe do ar pensante e arrependimento de Judas, as dúvidas de Tomé, quase todos firmam os olhos no Mestre e algumas posturas simbólica gesticulações das mãos conforme os Graus de cultura maçônica conquistada por cada um de nós. As cores oficiais da Maçonaria no Brasil simbolizam a reverência à Revolução Francesa (1789). Portanto esta cores têm significados simbólicos que representam diferentes fases da iniciação, a transformação do ser e a reverência à Revolução Francesa.

A SEGUNDA CAPELA PASSO NO HORTO–

A segunda capela do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), é a Capela da Agonia no Horto das Oliveiras. Jesus encontra-se assentado sobre uma pedra lapidada, dialoga com um anjo que o consola e lhe oferece o “cálice das amarguras”. Os Discípulos que o acompanharam até ao monte das Oliveiras, relaxados dormem sobre a pedra bruta enquanto outro profeta gesticula “assim como é em cima é embaixo”, contracenando com o seu Mestre. Os evangelistas são Lucas, Marcos e Mateus.

 

O anjo que oferece a taça da amargura a Jesus, e a forma de seu corpo apresenta como se fosse uma letra em hebraico shin (ש). A gesticulação teatral dos componentes desta capela são bem expressivas.

A TERCEIRA CAPELA – PASSO DA PRISÃO.

A Capela do Passo da Prisão, construída contemporaneamente à do Passo do Horto, apresenta características bem próximas. O tema iconográfico da prisão no Horto é representado em um de seus episódios mais populares, o milagre da cura de Malco. Oito personagens compõem esse grupo da Prisão: Pedro, Malco, Judas e quatro soldados. Num gesto instintivo de defesa, Pedro derruba um dos guardas que tentava se aproximar do Mestre e decepa-lhe a orelha com a espada. Cristo, mansamente, ordena a Pedro que reponha a arma na bainha e avança em direção à vítima para curá-la. Neste grupo nota-se já uma intensa intervenção do “Atelier” (os auxiliares de Aleijadinho). Apenas as imagens de Cristo e Pedro podem ser consideradas inteiramente esculpidas por Aleijadinho.

Observem o rosto de Cristo e dos seus discípulos, com formas definidas e dos soldados com formato caricato. Pedro com o pé esquerdo em sinal de romper o passo, nem todos descalços, incluindo um dos discípulos usando botas e pés em posição de esquadria.

QUARTA CAPELA - PASSO DA FLAGELAÇÃO E COROAÇÃO DE ESPINHOS.

Inexplicavelmente, após a conclusão das capelas do Horto e da Prisão, as obras dos Passos ficaram paralisadas durante quase meio século. A Capela da Flagelação e Coroação de Espinhos só começou a ser construída em 1864. Foi decidida nessa mesma época a edificação de apenas seis capelas em vez das sete inicialmente previstas. Essa decisão provocou o congestionamento deste quarto Passo, pois o espaço é pequeno para abrigar simultaneamente os dois grupos de imagens. No interior da capela ambas as cenas são independentes, separadas uma da outra por uma barra de madeira. Existe a impressão de desordem e confusão, causada pela falta de espaço.

Para um bom observador, o Cristo aparece com uma marca no pescoço, como se estivesse sofrido escoriações ou enforcamento? Teria sido alguma corda? Mas sua morte foi crucificação e não enforcamento. Será que o escultor retratou Tiradentes? Os mesmos detalhes caricatos expressos nos rostos dos personagens como se fossem mascaras.

QUINTA CAPELA - PASSO DA SUBIDA DO CALVÁRIO.

Já defrontando a esplanada que antecede a escadaria do Templo, encontra-se a penúltima capela que abriga o Passo da Subida ao Calvário ou Cruz-às-Costas, segundo denominação popular. Foi construída entre 1867 e 1875. Aleijadinho escolheu para ilustrar o caminho de Cristo para o Calvário, o episódio do “Encontro com as Filhas de Jerusalém”, relatado por São Lucas, Cap. 23, v. 27, 28”. E seguia-o uma grande multidão de povo  e  mulheres,  as  quais  batiam  no  peito  e  lamentavam. Mas Jesus, voltando-se para elas, disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorais sobre vós mesmas e sobre vossos filhos”.

Observem mais nitidamente a marca no pescoço de Jesus e quem seria o bobo da corte (o anãozinho) seria o Visconde de Barbacena? As mesmas caricaturas no formato do semblante dos soldados. A mulher chorando seria Marilia de Dirceu? – O formato geométrico do corpo de Jesus descreve novamente uma letra em hebraico....

SEXTA CAPELA - PASSO DA CRUCIFICAÇÃO.

O Passo da Crucificação e da Subida ao Calvário apresentam características arquitetônicas semelhantes. As onze imagens que formam o grupo da Crucificação, ao contrário do que se verifica nos outros Passos, não se acham subordinadas a um único foco de interesse. A composição é dividida em três partes distintas. A zona central onde se passa a ação principal é ocupada pela figura de Cristo, de dois carrascos que o pregam na cruz, estendida na posição horizontal e de Madalena, que de joelhos, lança seu olhar para o alto em desesperada súplica. À esquerda de Cristo, dois soldados disputam num jogo de dados a túnica do condenado. E como terceiro foco de atenção, aparece ao lado direito de Cristo, Gestas, o mau ladrão e o bom ladrão, esperando com as mãos atadas, o momento de serem também crucificados.

O interessante observar que existe entre os soldados, um outro com uniforme diferenciado e ao invés de capacete um barrete e não possui o rosto caricato e a posição da espada em que esta portando também não oferece perigo.


A confecção dos 12 Profetas a partir de 1800.

O grande prazer que nos conforta são as eternas coincidências dos detalhes e fatos nítidos esculpidos que podemos assistir no dia a dia, cada detalhe que Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) nos deixou como legado. O que poderemos observar que “as inscrições nos pergaminhos que cada profeta aponta, é de conotação, politica, social do que propriamente sacra, religiosa.”

Como dos maçons da atualidade, talvez muitos nunca ouviram dizer que existia no passado “iniciações por comunicação” as ditas Lojas de emergência, 8° preceito dos Landemarks. Atitude atual vedada aos Mestres Maçons.

Como notório é, que muitos Inconfidentes, vieram da Universidade de Coimbra ou Montpellier na França, locais de formações de novas ideias, principalmente as libertárias, celeiro de novas ideias.

Mais evidencias...

“O Ermitão Vicente Freire de Andrade, é citado na obra dos Profetas e Conjurados da renomada Isolde Helena Branz Venturelli, como “parente e primo de Francisco Freire de Andrade”, envolvido na inconfidência mineira. Por outro lado é certo de que Tomaz da Maia e Brito sabiam do movimento da sedição enquanto administravam a construção do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e ao contratarem Antônio Francisco Lisboa como artista escultor, o orientam quanto a representação religiosa ali produzida…e do atelier do escultor as obras falam por si. Eis aqui um elo de ligações fortes que com toda a certeza influenciou nas obras esculpidas no adro do Santuário, pois VENDEK - José Joaquim Maia e Barbalho era sobrinho de Tomaz da Maia e Brito. O pai de Vendeck foi calceteiro ao entorno do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo. Há de registrar de que em 1790 os devassantes do Rio de Janeiro, vieram a Congonhas inquirir possíveis implicados suspeitos ao movimento da Inconfidência e usaram inclusive as dependências do Santuário como local de interrogatório, como consta nos autos da devassa da Inconfidência Mineira”.

O Santuário de Congonhas, cuja construção foi iniciada em 1757, em agradecimento pela cura de uma doença grave pelo emigrante português Feliciano Mendes, milagrosamente salvo de uma grave enfermidade.

O Padroeiro escolhido foi o Bom Jesus de Matozinhos - o Cristo crucificado - venerado na localidade de Matozinhos, próxima à cidade do Porto, no norte de Portugal. Os trabalhos foram financiados pelas esmolas recolhidas com essa finalidade por Feliciano Mendes e, mais tarde, por seus sucessores na administração da nova devoção constituída em Confraria. As encomendas feitas a Antônio Francisco Lisboa eram para destinos certos. Os profetas foram esculpidos 10 anos após a construção da Igreja e eles representam o Antigo Testamento e as capelas dos passos o Novo Testamento.

O ADRO COM OS PROFETAS

Uma vez a igreja concluída, imediatamente foi iniciada a construção do adro, entregue após adjudicação, em 1777, ao mestre em pedra de cantaria, o canteiro-mor Tomás da Maia Brito. Durante cerca de treze anos, numerosos operários livres auxiliados por escravos negros trabalharam nessa obra, que exigiu significativa quantidade de pedras como o comprovam as importantes somas gastas anualmente tanto para sua extração e lavra de cantaria. A estatuária, composta de doze peças em pedra-sabão e de tamanho quase natural representa os profetas do Antigo Testamento, só foi executada cerca de dez anos depois, quando da estada de Aleijadinho em Congonhas. Foram esculpidos apenas 12 profetas, sendo que o velho testamento relata um maior número.



Curiosidade ou coincidência?

As iniciais dos nomes dos Profetas esculpidos por Aleijadinho retratam o seu próprio apelido, A-L-E-I-I-A-D-I-I- N-H-O. (*)

A -mós

L –Baruc (Berck-yah - L- é a inicial de Louvado). E -zequiel

I –onas (J não existe no alfabeto latino clássico) I –oel (J em latim conota o som de I).

A -bdias D -aniel I –saias

I -eremias N -aum

H -abacuc O –seias

O “I” a mais no nome ALEIJADIINHO – afirmam ter sido em homenagem a sua genitora Isabel.

Todos os profetas possuem uma lapide com termos em latim (vulgar) referindo a Capítulos e Versículos da bíblia. Baruc (Berk-yah) que quer dizer Louvado, pois não há Profeta com a inicial L. Portanto os dizeres não são fiéis aos sacramentados nas escrituras bíblicas.

*(Do livro Iconografia Maçônica Isolde Venturelli).

Existem imagens em várias posições, algumas com olhares vagos, distantes, ao céu ou chão... Bem como suas mãos e braços em situações que nos remetem a uma reflexão. Há de convir que gesto é anterior à palavra. Dedos e braços falaram milênios antes da voz. As áreas do Entendimento mímico são infinitamente superiores às da comunicação verbal. A Mímica não é complementar mas uma provocação ao exercício da oralidade. Sem gestos, a Palavra é precária e pobre para o entendimento temático.

Antes das interjeições primárias, a Mão traduzia a mensagem útil.

(A afirmação "As áreas de entendimento mímico são infinitamente superiores às da comunicação verbal" é de Carlos Alberto Silva, em um trabalho sobre a operacionalidade do gesto poético).

O irmão de Aleijadinho, o Padre Félix Antônio Lisboa, foi acusado de idealizar em Congonhas um monumento a República, era conterrâneo de escola no Seminário de Mariana do Padre Francisco Vidal Barbosa, irmão do inconfidente Domingos Vidal Barbosa. O padre Felix foi um dos 9 sacerdotes intimados a depor em Vila Rica nos primeiros dias da devassa da Inconfidência Mineira. Coincidentemente ou não, a imagem do leão esculpida ao lado do Profeta Daniel é semelhante a esculpida pelo discípulo de Aleijadinho, ou seja imputada ao seu irmão Padre. Há também que entrelaça e atribuem os dizeres lastimosos em latim nas placas dos profetas ao Padre Felix. Sendo os 4 leões-de-essa esculpidos pelo Padre, para sustentarem urnas funerárias assemelham ao de Congonhas. Sendo assim associam e entrelaçam as ideias em caráter irrefutável de esculpir os fatos e realidades, registros de acontecimentos marcantes da época. São muitas evidencias e ligações.

As lápides sustentadas nas mãos de todos os Profetas, não condizem totalmente com os originais escritos nos livros sagrados, embora refletem a motivos bíblicos, mas atentam muito aos fatos ocorridos no Brasil colônia, verdadeiras reclamações e aclamações. Outro detalhe nas esculturas do Mestre, são 4 profetas imberbes e os demais com as barbas conotando semblantes que aparentam meia idade, outros mais joviais entre os com aparência de mais idade.

Faltaram nesta assembleia as esculturas dos profetas Miquéias, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Qual o proposito do Mestre ALEIJADINHO em optar não esculpir para este agrupamento os referidos profetas?

Alguns profetas estão investidos com os barretes sobre as cabeças e como no passado era necessário para abrir uma Oficina a presença de um cavaleiro Rosacruz, este não pode faltar no Adro do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. As atitudes e os gestos individuais de cada uma das estátuas se interligam como se fossem uma encenação teatral. As vestes têm profundidade e as dobras são bem aparentes, fazendo o jogo de luz e sombra

Esculpido de uma forma diferenciada dos demais profetas, Amos, apresenta rusticidade de um caboclo. Um dos vocábulos escrito no pergaminho em latim, existe o termo próceres, que não existe presente nos vocábulos escritos por este profeta. O termo significa os principais cidadãos de um estado ou os grandes de uma nação. Este possui sua calça dobrada como um Neófito e um dos pés avançando em marcha. Possuía na mão direita um “cajado” que foi roubado entre 1920 e 1930 inclusive danificando os dedos. Temos ai também a simbologia de um Mestre de Cerimônias bem como de um cajado do peregrino Rosa Cruz. Em um dos dedos deste profeta apresenta um sulco como um anel, que é associado por especialistas como uma doença degenerativa, assim como os dedos do próprio Aleijadinho. Em sua lápide registra: "Primo Equidem/Pastor Factus/ De inde Propheta, /In Vaccas Pin/Gues Invehor? Et Proceres./Amos/Cap.1". ("Feito primeiro pastor, e em seguida profeta, dirijo-me contra as vacas gordas e os chefes de Israel. Amós,cap.1"). Muitos historiadores o referem como a escultura do próprio Aleijadinho. , o profeta Amós encontra-se no ponto extremo do pátio à esquerda de quem olha para o Santuário. Traz uma aparência bem jovial, estando sem barba e com detalhe do queixo bipartido. Tem em sua mão esquerda um pergaminho, enquanto sua mão direita está de punhos fechados. Tem um semblante calmo, com vestes que equivalem a um homem do campo, com casaco de pele, trazendo na cabeça um gorro. Sua forma anatômica apresenta algumas deformidades principalmente quanto ao tamanho dos braços, seu nome significa “carregador de fardos.”

Baruc - Esculpido com os pés em esquadria, detalhes também esculpidos em sua vestimenta. "Não podem salvar ninguém da morte e nem podem livrar o fraco da mão do poderoso. Não são capazes de devolver a vista ao cego nem de livrar um homem do perigo; não têm compaixão pela viúva nem prestam qualquer ajuda ao órfão. Esses deuses de madeira prateada ou dourada parecem pedras tiradas do morro: quem se ocupa deles só vai passar vergonha. Como, então, pensar ou dizer que são deuses?" (Br 6:35- 39). Em seu filactério está gravado "AdventumChristi Im Carne/Postremaque/mund,/ Tempora/ Prædico,/" Præmoneo que/Pios. Baruc.Cap.1". ("Eu Predigo a vinda de Cristo na carne e os últimos tempos do mundo, e previno os piedosos, Baruc. Cap.1"). Baruc mesmo não fazendo parte da série dos profetas do Antigo Testamento de acordo com a Bíblia Almeida, ainda assim, aparece na versão da vulgata católica, sendo apresentado com um pergaminho em uma de suas mãos, vestido com túnica e calçado de botas, e representa um personagem jovem com um turbante na cabeça. Assim como as outras esculturas, a anatomia apresenta-se com algumas deformações, o que de certa forma faz parte da arte de Aleijadinho. Baruc,cujo significado de seu nome é “abençoado.”

Sua postura bem sugestiva, o pé direito exposto e o esquerdo sob o manto, braços em esquadria, mãos cerradas. Sua vestimenta com detalhes em alto relevo bordados, com símbolos sugestivos. Ezequiel é uma pessoa aberta a mudanças: de sacerdote passa a profeta; da atuação no meio da elite do templo passa a atuar junto aos deportados; do Deus da instituição do templo reconhece o Deus dos deportados. Ele sabe conciliar a missão profética e o espirito sacerdotal. Além disso, rompe com a ideia de que Deus esteja ligado ao santuário. Em sua cartela registra: "Quator In Mediis Describo Animalia Flammis Horribilesque Rotas Æthereumque Thronum C 1". ("Descrevo os quatro animais do meio das chamas e as rodas horríveis e o trono etéreo) Cap. 1. Ezequiel, conhecido como o profeta do exílio, aparece do lado oposto ao de Baruc. Sua anatomia apresenta-se muito próxima a de Jeremias, com barba curta, vestido de túnica longa, trazendo na cabeça uma cobertura. “Seu nome significa “Deus fortalece”.

 

IONAS (Jonas)

Jonas e a baleia, não possui em seus olhos a “íris esculpida” dando uma sensação de morto, o seu pescoço parece estar quebrado ou degolado e sua fixação em qual estrela? Seu pé direito novamente rompendo a marcha e a mão direita espalmada à frente do corpo com os dedos dilacerados nos remete a uma lembrança, uma encenação de basta. A maior parte do que sabemos sobre a história de Jonas é o que está narrado no livro a qual tem seu nome. De acordo com o livro de Jonas, Deus ordenou que o profeta fosse a NINIVE para clamar contra ela (Jn 1:1,2). (Interessante este capítulo bíblico). Em outubro de 1786, Thomas Jefferson, então embaixador dos Estados Unidos na França, recebeu uma correspondência oriunda da Universidade de Montpellier, assinada com o pseudônimo de Vendek. O missivista dizia ter assunto muito importante a tratar, porém queria que Jefferson recomendasse um canal seguro para a correspondência. Jefferson fê-lo imediatamente. Em maio do ano seguinte, 1787, a pretexto de visitar as antiguidades de Nîmes, Jefferson acertou um encontro com Vendek. Seu filactério sustentado pela mão direita "A Ceto Absor/Ptus Lateo No Tesqui Diesque/ Tres Ventre In/Piscis Tum Ni/Niuem Venio./Jonas/Cap.2". ("Engolido por uma baleia, permaneço três dias e três noites no ventre do peixe; depois venho a Nínive. Jonas, cap.2"). Jonas está em posição simétrica ao profeta Joel, do lado esquerdo. Essa escultura segue o mesmo padrão dos outros profetas como Jeremias, Ezequiel e Oséias. Quanto a sua fisionomia, apresenta pequena barba, boca entreaberta, e cabeça virada para o alto. Ele também traz deformidades em sua mão esquerda com dedos cortados. Suas vestes apresentam-se como algo semelhante a uma batina. Ela também apresenta uma expressão dramática. Jonas, cujo nome significa “pombo”.


Com os pés em esquadria, usando o barrete e a pena na mão direita nos lembra do secretário de uma Loja. A capa sobre a beca é nitidamente vista e os bordados em alto relevo em sua túnica resguardam símbolos. Sustenta em sua mão esquerda o pergaminho esculpido: "Explico Iudææ Qui Terræ Eruca Locusta Bruchus Hubigo Sint Paritura Mali./Loel/Cap.1V.4". ("Exponho à Judéia que mal hão de trazer à terra, a lagarta, o gafanhoto, o brugo e a alforra (ferrugem). Joel, cap.1,v.4"). Joel está à direita do profeta Oséias. Ele tem o seu olhar voltado para a direita de quem o vê. Sua fisionomia é de um homem viril, com barba e bigodes à moda bizantina. Sua vestimenta é cumprida, calçado com botas, trazendo na cabeça um turbante a semelhança de Jeremias e Baruc. Observamos que, quanto a sua anatomia, ela está mais simétrica. Joel, cujo nome significa “O senhor é Deus.”


Também chamado de Obdias na Bíblia católica, (em hebraico: עבדיה, Ovadyah, "Servo de Javé") é um profeta da Bíblia hebraica (na tradição cristã, parte do Antigo Testamento), considerado um dos "Profetas Menores" (o quarto, na ordem do cânone hebreu e na Vulgata, e o quinto na Septuaginta). Como um Cavaleiro, um Soberano Príncipe, anuncia aos céus que a Liberdade não tardia. O texto latino diz: “"Vos Ego Idu/Mæos Et Gentes/Arguo, Vobis/Nuncio Luctufi/Cum Providus/ Interium/

Abdias/Cap. 1” ("Eu vos arguo, Idumeos e gentios anuncio-vos e vos prevejo pranto e destruição.Abdias.Cap.1"). Abdias ou Obadias encontra- se entre os muros dianteiros e laterais na parte inferior do pátio, do lado esquerdo. Esse profeta também traz uma fisionomia jovial e sem barba, com o queixo bipartido. Ele veste um manto e uma túnica. Percebemos certa simetria em seus braços. Outro destaque está em seu braço direito levantado como que indicando para Deus como o portador da mensagem por ele anunciada. Abadias significa “servo” ou “adorador do senhor”.

 

Daniel e o leão – Daniel com ambos os pés escondidos, em seu barrete a coroação do louro, símbolo da vitória. Em sua túnica o colar, em estilo da joia do Grão Mestre. Uma meia faixa instalada em seu ombro esquerdo. O leão observado em detalhes, expõe o rosto de uma mulher de longos cabelos. Observa fixamente o chão, onde justamente existe uma pedra no piso diferenciada das demais em porte e ângulo. Que segredos ainda a descobrir? Os moldes da roupagem, relevos revelam símbolos como triângulos, compassos e esquadros. Na mão direita sustenta o pergaminho "Spelæo Inclu/Sus (Sic Rege Jubente) Leo/Num, Numinis Auxilio, Liberor/Incolumis./ Daniel/Cap.6". ("Encerrado (por ordem do rei) na cova dos leões, sou libertado incólume, com o auxílio de Deus. Cap.6"). Daniel encontra-se em frente do profeta Oséias, estando do lado esquerdo da entrada do Santuário. Tem aparência de um homem jovem, sem barbas. Daniel também está segurando um pergaminho desenrolado, tendo em sua cabeça uma espécie de turbante e com os joelhos levemente flexionados pisa em um leão, retratando aqui o episódio em que ele esteve na cova dos leões. O nome significa “Deus é meu juiz”.

Leões-de-essa. Usados para sustentação de urnas funerárias e esculpidos em cedro por Aleijadinho e o mesmo leão aos pés de Daniel, atribuídos ao Irmão carnal o artífice e Padre Felix. O profeta Daniel esta investido com a coroa de louros, pois como todas as plantas verdes no inverno da o simbolismo da imortalidade. Seu arbusto é consagrado a Apolo e na Grécia Pítia antes de profetizar mascava sua folha. Aleijadinho o coroou com folhas de louro.

O profeta traz consigo um filactério, no qual está inscrito: “Depois que o serafins celebravam ao Senhor, um deles trouxe aos meus lábios uma brasa tenaz.” Isaías, cap. 6. É o homem do silencio, possivelmente o embuçado que correu as ruas para avisar os inconfidentes que a delação havia acontecido. A inscrição latina fala sobre torturas. Cum Sera/Phim Domi/Num Celebras/Ssent, a Seraph/Uno Admota/Est Labris For/Cipe Pruna/Meis Isaiæ cap.6. (Depois que os serafins celebraram o Senhor, um deles trouxe aos meus lábios uma brasa com uma tenaz. Isaias cap.6). Entre todos destaca-se por ter o corpo totalmente coberto com um tipo de capa ou manto “o embuçado”. Conota em seu semblante um ar preocupado, testa franzida e sua barba aparenta chamas, como se fosse a fênix ressurgindo das cinzas. Como um guardião esta a esquerda do acesso a escadaria do templo. Isaías é apresentado à esquerda da escadaria de entrada do Santuário, estando com barba e cabelos abundantes, vestido de túnica curta e com um pergaminho desenrolado em sua mão apontando para o texto registrado nele. Sua anatomia segue o padrão desenvolvido por Aleijadinho com traços finos no nariz e rosto, e com semblante mais envelhecido, traz também erros anatômicos evidentes, como a desproporção entre as partes superior e inferior do corpo. Dentre os profetas é o único que usa uma capa ou manto para cobrir a cabeça como os demais. O nome Isaias significa “Deus é a salvação”.

Este profeta tem em sua cartela “Defleo Judaeae cladem Solymae que ruinam: ad Dominunque velint, quaeso, redire suum” ou “Eu choro o desastre da Judeia e a ruina e rogo eu queiram voltar ao seu Senhor”.

Sua face expressa placidez, seu cabelo é atado as costas como usavam os militares da época. Uma pena na mão esquerda, a bota em seus pés parecem estar ao avesso. Túnica pesada, cobre seu ombro direito como se fosse uma faixa, contendo símbolos bordados em alto relevo em suas extremidades. Jeremias esta como um guardião no pórtico externo do Templo, a direita de quem ascenderá a escadaria rumo ao Templo. Com aparência de meia idade, portando bigodes longos, a barba curta, composta de rolos frisados, à moda bizantina. Ele segura na mão direita um pergaminho desenrolado. Tem também um manto que atravessa do ombro direito até seu lado esquerdo. O seu nome significa “O Senhor enaltecido”.

Naum

Naum, cujo nome em hebraico significa "o consolador", é o sétimo dos Profetas Menores, a quem se atribui a autoria do Livro de Naum, que conta sobre a destruição de Nínive, capital da Assíria, a cidade que Jonas advertiu. Ele traz em sua mão direita o filactério: "Expono Nini/uen Maneat/Qua   Poena/Relapsam.Evertedam/Aio Funditus/Assyriam Nahum/C.1". ("Exponho que o castigo espera Nínive pecadora. Declaro que a Assíria será completamente destruída. Naum cap.1"). sua roupagem detém em alto relevo emblemas. Naum ou Nahum é o sétimo dos Profetas Menores a quem se atribui a autoria do livro bíblico que leva seu nome. Na Bíblia cristã seu escrito se localiza após o Livro de Miqueias, e antes do Livro de Habacuque. Naum encontra-se na extremidade direita do pátio. Seu tipo físico traz a aparência de um ancião com barbas longas. Suas vestes apresentam-se como algo semelhante a uma batina com partes bordadas, também carrega em sua cabeça um turbante. Ele segura em sua mão direita um pergaminho desenrolado, a semelhança dos outros profetas.

Seu semblante apresenta ser de idade mais madura. Seu pé esquerdo rompe em direção as capelas dos passos.


Habacuque

Como se estivesse da posse de um punhal apontado aos céus reclama na terra por justiça divina. Habacuque significa "abraço", e está incluso na subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Menores, sendo um livro de apenas três capítulos. O texto latino diz: "Te Babylon, Babylon,Te te/Chaldæe te/Arguo: Te in/Psalmis Te Deus/Almecano. Habacuc/Cap.1". ("Ó Babilônia, Babilônia, eu te arguo ó tirano da Caldéia: mas ti, ó Deus benigno; canto em salmos. Habacuc, cap.1"). Em seu manto estão esculpidas grandes palmas e de sua mitra pende uma borla na parte posterior da estátua. Sobre o peito aparece um fitão contendo duas pontas terminadas com duas borlas. A borla é o símbolo do grau doutoral. Habacuque está em posição semelhante à de Obadias, estando no lado direito do pátio do Santuário. Tem sua mão esquerda apontando para o Céu e a mão direita segurando um pergaminho. Ele traz na sua cabeça um turbante e suas vestes apresentam-se como uma espécie de batina, com golas ornadas. Também apresenta uma anatomia mais uniforme. Possui também uma barba suave e bem trabalhada. Habacuc, cujo nome significava ”abraço”.

Oseias

O mais importante dos profetas  menores, ocupa no  lugar sobre o pedestal que arremata o parapeito de entrada do adro. Pena na mão direita como Joel, e o pé esquerdo rompendo como uma marcha. Os bordados em relevo de sua túnica resguardam detalhes do alfabeto maçônico. A gola de sua camisa expressa o teorema pitagórico. Sua roupagem revelam triângulos em forma e ângulos. Seu pergaminho sustentado a mão esquerda contém os seguintes dizeres: "Accipe Adul/Teram, Ait Do/Minus Mihi: Id/Exsequor: Illa/Facta Uxor, Pro/Les Concipt./Atque Parit./Osee Cap.1". ("Toma a adúltera disse-me o Senhor: eu o faço: ela, tornando-se minha esposa, concebe e dá luz. Oséias, cap.1"). Oseias foi um dos poucos profetas do reino do norte (Israel) que deixou profecias escritas. O livro usa muitas metáforas e simbolismos que ilustram a amplitude do amor de Deus por Seu povo. Uma das metáforas centrais da mensagem de Oseias é o casamento. Oséias está em frente do profeta Daniel e ocupa lugar de destaque na entrada do Santuário, vestindo um casaco curto, tendo prendido em sua cintura uma faixa. Em sua cabeça há uma cobertura com uma espécie de chapéu pequeno sem abas. Ele tem na mão esquerda um pergaminho e na mão direita uma pena. Quanto a sua anatomia, o que segue como característica das obras de aleijadinho podendo ser observado uma discrepância quanto ao tamanho dos braços do profeta. Seu nome significava “Salvação.”

O pórtico do Templo do Santuário de B.:J.:M.:?



O pórtico é a comunicação do instrumento oculto, do utensilio secreto. Para quem for entrar pelo pórtico, segue em direção a luz, e quando no Oriente estiver em plena vibração do sol, volta-se para a única saída entre as colunas do templo. É pelo pórtico que se tem acesso a chave de abertura das portas. O Mestre Lisboa, trabalhou muito nas pedras brutas para a construção destes portais, cada qual mais rico de simbologias do que outros, mas todos arquearam as entradas dos templos.

Curiosamente ao visitarmos este Santuário de Congonhas, mirando das capelas dos passos para o pórtico do templo, observaremos que o Mestre Lisboa fez uma brincadeira. O Anjo coroado que sobrepõe quando visto a distancia apresenta a face do Cristo com a Coroa de espinhos e isto ocorre em várias Igrejas em que esculpiu o pórtico do templo.

DISPOSIÇÃO DAS ESCULTURAS NO ADRO E DETALHES ARQUITETONICOS.

Para facilitar a identificação da posição das estátuas, confira o croqui abaixo:

Isaías,

Jeremias,

Baruc,

Ezequiel,

Daniel,

Oseias,

Joel,

Amós,

Abdias,

Habacuc,

Jonas

Naum

As esculturas “Os Doze Profetas” de Aleijadinho vão seguir o padrão de seu trabalho como escultor, entalhador, carpinteiro e arquiteto do Oriente ao Ocidente.

A Loja seguindo a tradição de utilizar os materiais dos pedreiros como modelo simbólico, a loja representaria o alojamento destes. Seria o local onde os pedreiros guardavam suas ferramentas de trabalho, faziam suas reuniões e descansavam. Portanto a Loja só existe quando uma coletividade definida tem a sua vida propria, podendo ser chamadas tambem de oficinas, so existem quando os operarios estiverem reunidos, deixando de existir tão logo encerre os trabalhos. Loja não é o templo, mas poderiam ser demarcadas com um giz no chão como nos canteiros de obras. Loja (Ioga) em sanscrito quer dizer mundo. O templo é a realização material do quadro da Loja. Limitando os espacos norte, sul, oriente, ocidente. Loja é material e templo espiritual. Ai esta um dos legados de Aleijadinho, uma Loja ao céu aberto o mundo sendo o limite.

O eterno zigue-zaguear na ordem de colocação das 12 estátuas dos profetas no adro da igreja de Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo. Com maestria, estão dispostas como se orquestrassem muitas informações e presságios.

Para a visitação das Capelas dos Passos, seguindo a via crucis necessitamos realizar debaixo para cima sentido ao templo um grande esforço e sacrifício em zigue-zaguear sentido a todas as estações que deveriam ser 7 e foram construídas apenas 6 para hospedar as 66 imagens esculpidas  pelo  Mestre  artífice  do  maço  e  do  cinzel,  Aleijadinho.


MANTOS, COLARES, FAIXAS, TUNICAS, BARRETES, TURBANTES DOS PROFETAS.

Todos estão emblemados com muitos desenhos em seus filactérios sendo que alguns símbolos destes nos lembram castiçais de 3, 5, 7 velas, outros nos apresentam como uma cruz contendo em seu centro um círculo (como se fosse uma Rosa Cruz), como o que está esculpido na base da roupagem de Habacuc. No manto de Abdias temos estampado um selo envolto em um anel diferente de todos moldados nas demais túnicas. Curiosamente uns estão estampados nas faixas que cortam os corpos e outras nas barras das vestimentas. Muitas dobras de roupas nos apresentam símbolos que nos lembram o compasso, esquadro, nível, triângulos. E sobre as cabeças, todos “cobertos” como o elmo simbolicamente protegendo os Mestres, limitando o homem na capacidade de compreender o criador. Ora adornados por turbantes, ora por “solidéus” apenas um com um capuz ou capa do anonimato e do mistério, símbolo da metamorfose. O manto de Elias deixado a Eliseu, significa que o discípulo continua a tradição espiritual recebida pelo seu Mestre, se beneficiando de todos os seus dons e ensinamentos. Capa também que vemos em uma das Capelas dos Passos, o manto sagrado.

 

Barretes diferentes em cada cabeça dos profetas.

As figuras geometrias, esferas, espirais, triângulos, cone, cruz, são mais de cinquenta mil e são pejadas de significações em todas as áreas culturais e principalmente nas religiões anicônicas, que se mostram pelo temor da idolatria as mais hostis à representação figurativa dos seres vivos. Em tudo que Aleijadinho exprime, impregnada de valores simbólicos, imagens, ideias e emoções nos revela uma linguagem e ele achou uma forma de linguagem delegando vestígios destas letras esculpidas. FAÇA A LUZ....

 

Símbolos foram esculpidos nas vestes dos Profetas.

 

Quem será este Santo e escultor com o maço na mão São João de Stoc (bem sugestivo).

Se os conjurados eram ou não iniciados na Maçonaria, pouco importa, “pois age melhor um profano com ideias maçônicas do que um maçom com ideias profanas” (Guimarães).

 

(*)  ELTON BELO REIS M.’. M.’. FR+C _e_ S.:.I.:.

Membro da ARBLS LUZ DAS VERTENTES 141 –BARBACENA MG- GOMG – COMAB-

Membro da Ordem Rosacruz AMORC. Membro da Tradicional Ordem Martinista.

Bibliografia-

Profetas ou Conjurados – Isolde Helena Brans Venturelli – Câmara Brasileira do livro – SP – 1982.

Tiradentes Face a Face – Isolde H. Brans – Biblioteca Reprográfica Xerox – Rio de Janeiro 1993.

Negócios de Minas – Antônio Henrique Duarte Lacerda – FUNALFA Família, fortuna, poder e redes de sociabilidades os Ferreira Armond (1751 A 1850).

Anais da Biblioteca Nacional, volume 61/1939).

Gonzaga um poeta do Iluminismo –Adelto Gonçalves – Editora Nova Fronteira S.A Edição 1999.

Sumário do Rito Brasileiro – Professor Lysis Brandão da Rocha – Conclave dos Servidores da Pátria (Supremo Conclave Autônomo – Cataguases MG – Edição 1985.

Coletânea Maçônica – Compilada por Lysis Brandão da Rocha – Conclave dos Servidores da Pátria (Supremo Conclave Autônomo) Cataguases MG – Edição 1987.

Dicionário de Símbolos – Juan Eduardo Cirlot – Editora Moraes – Edição de 1984.

História Secreta do Brasil – Gustavo Barroso – Agencia Minerva – Edição de 1937 – Volumes 1-2-3-4-5-6-

Aleijadinho (Iconografia Maçônica) Marilei Moreira Vasconcellos – Editado por Industria de Artes Gráficas Atlan Ltda – Editora Espirita Edição de 1988.

Confidencias de um Inconfidente – Marilusa Moreira Vasconcelos - Editora: Editorial Espírita Radhu Ltda; 22º edição (25 janeiro 2013).

História de Minas Gerais – João Camilo de Oliveira Torres - Difusão Pan-Americana do Livro – Belo Horizonte MG volumes 1-2-3-4-5

Autos da Devassa da Inconfidência Mineira – Câmara dos Deputados Governo de Minas Gerais – Volumes 1-2-3-4-5-6-7-8-9-10 – Imprensa Oficial de Minas Gerais ano de 1978.

Site do GOB -

O Aleijadinho de Vila Rica –Waldemar de Almeida Barbosa – Editora Itatiaia Ltda. – Rio de Janeiro – Volume 1.

Consultas ao historiador André Candreva de Congonhas MG – Associado efetivo do IHCG.

O movimento da Inconfidência Mineira no arraial de Congonhas do Campo –Yutube – Por André Candreva.

O segredo dos Doze Profetas – Rogerio Silva Araújo – Editora Amada – ano de 2018.

A Nação Oculta parte1 – de onde vieram os inconfidentes – Rogério Silva Araújo – Editora Cartas Mineiras –Ano 2023.

A Nação Oculta parte 2 – O congresso de Vila Rica – Rogério Silva Araújo – Cartas mineiras – Belo Horizonte 2024.

Doenças e Mistérios do Aleijadinho – Dr. Geraldo Barroso de Carvalho – Editora Graphar de Ouro Preto 3ªEdição- 2011.

 

Consultas       a      Wikpédia -       https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P

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Liberdade essência de Minas PDF –

Tese sobre gestos, encenações, mimicas- por Carlos Alberto Silva.

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto – Dalton A. Raphael.

Sociedade dos Pedreiros Livres: Uma infame seita tão perturbadora quanto execrável – tese de Virgínia Maria Trindade Valadares. Artigo cientifico em PDF –

 

 

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