CONTOS
MISERÁVEL MESTRE!!!!
Tô falando... não param de me perseguir!
Estão sempre contra a minha pessoa, e ainda se dizem Irmãos. O negócio é que a
Loja estava um marasmo. "Tava um saco". Aliás, por falar nisso,
sempre preferi “AMASSARMARIA”, à Maçonaria, vocês sabem.
Só tem um negócio lá que atrai: “O PODER”!
- Foi aí que resolvi: quero ser
Venerável!
- Comecei a conversar com os “manos”,
mas eles me vieram com um papo de que era cedo, e que eu ainda não tinha sido
Secretário...!
- Função subalterna trabalha mais do que
fala.
- Jamais! Não tenho tempo pra isso...” QUERO MESMO É SER VENERÁVEL”!
- Mas tudo tem seu jeito.
- Os dias passaram, bati papo com uns e
outros, e fui enrolando.
- Fiz um leilãozinho de cargos. Pouco
trabalho e muita pose.
- As Vigilâncias vão pra dois alérgicos
ao trabalho.
- Nada de preparar instruções. Se elas
já estão escritas, quem quiser que leia, bolas. A oratória vai prum caso
patológico de exibicionismo que precisa de platéia
- vai ter sempre! E por aí continuei...
- Quanto àquelas condições de
elegibilidade, atropelei todas. Pra freqüência, atestado médico comprovando Mal
de Escroque. Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e
viajo no esoterês...
- Bons costumes? Não tem problema, eles
ainda não me conhecem direito...
- Capacidade administrativa? Bah,
administração é coisa pra jogar em cima do secretário. Meu negócio é bater
malhete e usar paramento.
- O resto, eu leio e só assino.
- Mas tem uma turminha que se acha dona
da Loja só porque não falta, arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece
no Tronco ou na obra de amor e outras besteiras dessas.
- Eles resolveram lançar um candidato
deles. Mesmo que ele não tenha chance, não custa pichar um pouco.
- Como dizia meu guru, "da
calúnia sempre fica alguma coisa...".
- Fui armando nos bastidores, fazendo
cabeças com minha grande capacidade de persuasão...
- Vocês sabem, ele é muito jovem, não
presta pra mandar... Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas
notas no Tronco (pô que desperdício).
- Prometi, bajulei e menti. Beijei
criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro.
- Enfim, tornei-me o candidato ideal.
- O outro boboca, coitado, nem fez
campanha.
- Apresentou um tal plano de trabalho
que fazia jus ao nome, só falava de trabalho.
- Argh! Ninguém deve ter gostado
- Chegou o grande dia da eleição, eu lá
tranquilo, já até pensando na reeleição. Aliás, preciso até ver quantas vezes é
permitido, de repente, dá até pra mudar o regulamento...
- Por falar nisso, será que Venerável é
como comprar toca-fitas: instalação é de graça? Não importa.
- Se não for, ponho na conta da Loja,
junto com as dos paramentos, que já mandei fazer, bordados a ouro.
- Enfim, o grande momento. Começa a
apuração. À Unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço... O que...?
Ganhou o outro? Não absurdo! É roubo! E o meu voto e as compras..., quero
dizer, correligionários?
- Heim...? Não tínhamos freqüência?
Vocês não me merecem.
- Vou fundar outra Loja, pra ser Venerável.
- Vocês ainda vão ver a VIGARICE &
PICARETAGEM em funcionamento ainda este ano.
- Quero meu Quite Placet!
- O quê? Tem de pagar? Deixa pra lá
então!
TFA.
Autor: Ir.·. Millôr Fernandes.
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HUMOR
“COMISSÃO
DEMOCRÁTICA”
Um irmão de uma Loja é hospitalizado.
Uma Comissão se reúne na Loja para
discutir a questão e decidiu em enviar uma carta ao Irmão no hospital,
desejando-lhe melhoras em breve.
O
secretário, um Irmão muito consciencioso, escreve a seguinte nota:
“Querido
Irmão, na reunião especial realizada nesta data, a Comissão da Loja, decidido
nosso desejo para que tenhas uma rápida e completa melhora. O texto votado
resultado no seguinte escore: “Seis votos favoráveis, Três contra e Uma
abstenção.”
É mole?
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“O ENGANO”
Após a sessão de iniciação do Irmão
Rogério, o Ágape estava tão festivo que se estendeu até bem tarde da noite.
Por isso, Xandi, assim carinhosamente
apelidado por sua mãe, quando chegou em casa o relógio marcava duas horas da
madrugada.
Numa espécie de código, quando Xandi
queria dormir até mais tarde, deixava sempre um bilhete para a sua querida Mãe.
E foi o que fez antes de ir se deitar.
Colocou-o no criado-mudo, junto com o
embrulho que deveria conter um par de luvas que o Venerável Mestre lhe
entregara, com a recomendação de que deveria oferecer àquela que mais estima.
Aconteceu, entretanto, que o irmão
Arquiteto, encarregado de adquirir os itens para a sessão, foi às pressas para
o bazar de armarinhos, e a moça encarregada do pacote confundiu-se,
entregando-lhe outro embrulho contendo uma calcinha, ao invés de um par de
luvas.
O pacote estava tão bonitinho que
ninguém ousou abri-lo.
E assim estava escrito o bilhete do
Xandi:
- “Querida mãezinha: Passei por um
cerimonial maravilhoso na Maçonaria. Todos os Irmãos são muito legais. Até
pediram que lhe entregasse este presente. Eles sabem que você, assim como a
maioria das mulheres, não tem mais o costume de usar, mas é um hábito antigo de
assim presentear à pessoa merecedora do seu maior afeto. Se não for do seu
tamanho, não liga não, será ainda melhor, pois os dedos ficarão mais à vontade.”
Beijos
do seu filinho Xandi.
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“ESPOSA
DO VENERÁVEL”
Um Mestre que diligentemente aceitava todas
as funções e encargos que lhe eram destinados estava tendo dificuldades para
explicar isso à sua esposa, que lhe disse:
- “Tudo o que o seu Venerável precisa
fazer é estalar os dedos e você corre a fazer o que ele lhe manda. Eu queria
ser seu Venerável!”
O marido pensou um pouco e calmamente
respondeu:
- “Quem me dera querida, assim fosse; Só que lá nós trocamos de Venerável a cada dois anos!”
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Para enriquecimento cultural daqueles que
se interessam pelas curiosidades existentes em nossa Ordem, trazemos aqui o
interessante “BALAUSTRE Nº 67”, colhido da “ARLS PHILANTROPIA E LIBERDADE” do
Oriente de Gaucho”.
Aos
18 dias do mês de Setembro de 1835 da E.'.V.'., e 5835 da V.'.L.'., reunidos em
sua sede, sita à Rua da Igreja, n 67, em lugar claríssimo, forte e terrível aos
tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do zênite, aos 30º Sul e 5ºde
Latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro
do Rio Grande, nas dependências do gabinete de leituras onde funciona a Loj.'.
Maç.'. PHILANTROPIA E LIBERDADE, com o fim de, especificamente, traçarem as
metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes
pretendem resgatar os brios, os direitos e dignidade do povo Riograndense. A
sessão foi aberta pelo Ven.'. Mestre Ir.'. Bento Gonçalves da Silva.
Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr.'. José Mariano de
Matos, ex-Ven.'. Mestre, José Gomes de Vasconcellos Jardim, Pedro Boticário,
Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antônio de Souza Neto e Domingos José
de Almeida, o qual serviu como secretário e lavrou a presente ata. Logo de
início o Ven.'. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos
da presente reunião de caráter extraordinário, informou a seus pares que o
movimento estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida é o dia Vinte de
Setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome
do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina
no país. Na ocasião, ficou acertada a tomada da capital da província pelas
tropas do IIr.'. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar
desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim
quanto Onofre Pires, ao serem informados responderam que estariam a postos
aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir.'. Vicente da
Fontoura, que sugeriu o máximo cuidado, pois certamente, o Presidente Braga
seria avisado do movimento. O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e
rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir.'. Tes.'. Pedro
Boticário. Por proposição do IIr.'. José Mariano de Matos, o Tronco de
Beneficência foi destinado à compra de uma Carta de Alforria de um escravo de
meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade. Foi realizada
poderosa Cadeia de União pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo
Riograndense, lutariam pela Liberdade, Igualdade, e Humanidade, pediam a força
e a proteção do G.'.A.'.D.'.U.'. para todos os IIr.'. e seus companheiros que
iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos
foram encerrados, afirmando o Ven.'. Mestre que todos deveriam confiar nas
LL.'. do G.'. A.'. D.'. U.'. e, como ninguém mais quisesse fazer uso da
palavra, foram encerrados os trabalhos, do que eu, Domingos José de Almeida,
Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos
tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens livres e de bons
costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o
reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens,
localizada no extremo Sul de nossa querida Pátria. Oriente de Porto Alegre, aos
dezoito dias do mês de setembro de 1835 da E.'.V.'., 18º dia do sexto mês Tirsi
da V.'. L.'. do ano de 5835.
(*) Aguinaldo Fritoli Vieira é Grão-Mestre Adjunto Honorário do Grande Oriente do Brasil - ES
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