Ir.’. José Ronaldo Viega Alves (*)
COMENTÁRIOS INICIAIS:
Após encerrarmos nosso estudo relativo
às associações monásticas na Parte VIII, ainda naquela mesma, vimos na sequência
iniciar-se uma nova etapa da série onde os objetivos se voltaram para dar ciência
do que teriam sido as confrarias leigas, as corporações e as guildas,
primeiramente, buscando obter uma descrição de cada uma delas.
Com os estudos que ainda deverão ter sua
continuidade agora nessa que é a Parte IX, e possivelmente na próxima, ou seja,
na Parte X, estaremos chegando ao fim dessa incursão pela história da Maçonaria
com ênfase para as suas origens e a sua evolução ainda como Maçonaria
Operativa, pois, completadas as dez etapas dessa série chegaremos ao momento aquele
da fundação da Grande Loja da Inglaterra, quando, como já sabemos, tem seu
começo oficialmente a Maçonaria Especulativa ou a Maçonaria Moderna, tal como a
conhecemos hoje.
A partir do momento em que teve início essa
série, vimos desfilar os colégios romanos, verdadeiros precursores, os quais deixaram
seu legado importantíssimo que teria chegado repercutido praticamente no âmbito
de aquelas organizações de construtores que lhes sucederam, pois, não foi
difícil quando se empreende um trabalho que abarque tanto constatarmos o quanto
perduraram suas influências na forma de conhecimentos, métodos, rituais e técnicas,
e que vieram contribuir para consolidar, à medida em que o tempo passava, o
arcabouço daquela que atingiu uma dimensão gigantesca no contexto da Idade
Média, e que veio a ficar conhecida como a Maçonaria Operativa.
Também pudemos certificarmo-nos, cada
vez mais, do grau de dificuldade que seria tentar estabelecer uma data precisa
para o começo da Maçonaria Operativa, aliás, pelo que é possível apurar, com
tantas variantes e com tantas organizações atuantes em períodos dos quais nada ficava
registrado no papel das atividades envolvendo a arte da construção e dos
construtores envolvidos, tal objetivo não pode ser concretizado.
Por outro lado, a luz no fim do túnel
surge quando podemos constatar que existem alguns documentos bastante antigos
que, a partir do momento em que soubemos da sua existência, puderam servir para
atestar uma idade aproximada para a Maçonaria, sim, aproximada, porque, os
documentos contam uma história que, certamente, já vinha de tempos. Uma história
anterior que vinha sendo repassada oralmente por décadas ou séculos, talvez,
virou algumas linhas, ou viraram lendas?
O ato de pesquisar, ler dezenas de
opiniões de especialistas, tomar notas, confrontá-las, organizá-las, tentar separar
o fato da ficção (é mesmo possível?) e finalmente pôr no papel uma história da
Maçonaria que abarque um período tão longo, faz com que em determinado momento
sejamos tomados pela nítida sensação de que esse quebra cabeça tem sim inúmeras
peças faltantes.
Será que a Maçonaria pelo fato de possuir
tantas lendas tem em algumas delas uma espécie de substitutas para as peças que
estão faltando? E o velho ditado que diz que toda a lenda tem um fundo de
verdade.
Por vezes, dependendo do assunto, e nesse
caso, sobre as suas origens especificamente, temos a impressão de que as
pesquisas todas que realizamos tendem a um continuum, onde nunca alcançaremos
o final mais convincente. Além do mais, quantas seriam as vezes em que, depois
de já haver percorrido um longo caminho, se torna necessário voltar ao ponto de
partida? Para a história das guildas, que será o nosso foco agora, há que se
revisitar alguns aspectos dessa história, sem dúvida.
Vamos rever então alguns pontos cruciais
daquilo que já havia sido mencionado na Parte VIII, e a partir daí dar
desenvolvimento ao tema.
Foi dito anteriormente que durante os
séculos XI e XII surgiu um novo tipo de associações que se constituíram fora do
ambiente dos conventos: as confrarias leigas. Essas confrarias eram uma
continuação, pode-se dizer, daquelas associações monásticas, e agora já num
processo de adaptação às novas necessidades. Uma das características que permaneceram,
ainda que passasse a ser composta por leigos, foi a de que o fundamento dessa
confraria era considerado sagrado, o que significa dizer em outras palavras,
que a religião e o clero continuavam a estar muito presentes.
Na verdade, esses mestres leigos haviam
sido alunos dos mestres eclesiásticos, sendo que, receberam durante o tempo em
que estiveram sob a tutela daqueles, vários segredos, além de uma tradição. Com o transcorrer do tempo, porém, esse saber
se vulgarizou e os mestres leigos acabaram ultrapassando em número aos eclesiásticos,
além de que, os conventos perderam seu status de terem sido centros
seguros de atividade e de ciência. Tais funções tinham acabado de ser
devolvidas às cidades.
Nessa época também é que começaram a
despontar, um outro tipo de associação: as guildas.
Como ainda há pouco foi mencionado: às
vezes é preciso voltar no tempo outra vez, pois, já havia registros de que a
partir do século VII teriam começado a aparecer essas guildas que eram religiosas
e sociais, num primeiro momento. A partir do século XII surgiriam as guildas de
mercadores e artesãos.
Tanto as confrarias como as guildas,
nasceram religiosas, porém, transcorrido um período, passaram a ser de proteção
e de mútua assistência. Pouco a pouco, foram assumindo mais atribuições, até
que, tiveram elevadas suas categorias e foram legitimadas como corpos
profissionais. Passaram assim a ser regradas pelas autoridades, e na França, no
ano de 1268, acabaram ganhando o apoio do poder régio. As confrarias
parisienses passaram a ser regidas pelos Livros dos Mesteres, ou seja, a
codificação dos seus estatutos.
Então, quando lemos que a Maçonaria tem
sua origem nas guildas, evidentemente não estamos nos referindo àquelas primeiras
guildas, ainda que, deva ter sobrado influências oriundas dessas últimas, às
quais teriam chegado até àquelas constituídas pelos mercadores e artesãos,
pois, todas tiverem em comum, como pudemos bem observar, uma natureza
religiosa, entre outras coisas.
Agora, voltando aos tópicos que foram
tratados dentro da Parte VIII, um dos pontos que mereceu um esclarecimento de
vez, e assim foi feito, era com respeito à terminologia utilizada para designar
essas organizações surgidas pós-associações monásticas, o que sempre acabava confundindo
um pouco.
Vimos também que na França, a partir do
momento em que a profissão se organizou o termo utilizado era confraria.
Depois de um tempo, passou a haver distinções entre a confraria, que tinha
função religiosa e social, e o mester, organismo profissional. No
entanto, o mester sempre terá a acompanhá-lo uma confraria. Por
isso, mais tarde será chamada de comunidade de mester, e então, no
século XVIII, passará a se chamar corporação.
E falando na França, o pesquisador Paul
Nadon, cita este outro termo que é Compagnonnage, bastante conhecido de
nós Maçons, pois, costuma aparecer sempre entre as diversas corporações que
deram origem à Maçonaria. Nadon faz alusão ao mesmo dizendo que esse termo não
teria aparecido antes do século XVI e tal como o nome indicava, reunia tão somente
companheiros ou operários.
Com relação à Grã-Bretanha, primeiro vamos
encontrar o termo geral guilda, depois os termos companhia e fraternidade.
No ano de 1376, já é citada a Companhia dos Pedreiros de Londres e no ano de
1472 é citada a Fraternidade dos Pedreiros de Londres.
Quando nos reportamos ao livro do Ir.’.
Ambrósio Peters vimos que ele chega a afirmar que na época do rei Athelstan já
existiam as guildas de Maçons.
Baseado em que um rei com tal histórico,
que foi um grande legislador, administrador e organizador dos serviços públicos,
certamente esse rei não poderia ter deixado de organizar também na forma de
associações específicas os numerosos talhadores de pedra que faziam parte do
seu reino, ou seja, os Maçons.
Na sequência, o Ir.’. Peters perguntou se
não seriam essas as guildas dos Maçons às quais o Manuscrito Régio fazia referência. A partir daí cita o historiador
Will Durant que, em seu livro “A Idade da Fé”, escreveu sobre os antigos collegia,
os quais são mencionados nas leis de Dagoberto (631), nas capitulações de
Carlos Magno (779-789) e nas ordenanças do arcebispo Hincmar, de Reims (852).
Além disso, na “Enciclopédia Britânica”,
consta que as guildas se desenvolveram em quase todos os países que compunham a
Europa, no entanto, as primeiras evidências, aquelas que puderam ser devidamente
corroboradas ocorreram na Inglaterra.
E em outro livro de sua autoria
intitulado “Maçonaria Verdade e Fantasias” o Ir.’. Peters menciona que entre os
séculos X e XIX, período em que se estava emergindo da barbárie e, portanto, de
uma reestruturação em sua fase inicial, foi onde se deu o surgimento das primeiras
guildas maçônicas dos operários construtores.
É a partir daí que reiniciaremos nossos
estudos sobre as guildas, complementando o que se fizer necessário para
entender a sua história.
AS GUILDAS INGLESAS: A VERDADEIRA ORIGEM
DA MAÇONARIA?
Ainda há pouco foi dito que para contar
a história da Maçonaria, seria necessário voltar no tempo, pois, o fato de ter
de lidar com tantas variáveis, tantos autores, teorias, versões e
interpretações, obriga-nos a repensar, a rever ou mesmo complementar até o que já
tínhamos dado por encerrado. Além do mais, será que é possível pesquisar sobre
a Maçonaria usando somente de fontes maçônicas? Se fosse assim, a depender do assunto,
em algumas situações não obteríamos muita coisa não. Mais adiante, veremos um
pouco mais sobre essa questão, trazida à luz por um pesquisador brasileiro.
No caso da história da Maçonaria, a Inglaterra,
ainda que, este país já tenha sido mencionado inúmeras vezes ao longo deste
trabalho, somente agora, por ocasião desse estudo que irá tratar mais
diretamente guildas é que veremos a Inglaterra emergindo como o principal cenário
onde as últimas adquiriram um grau fundamental de importância quando se trata de entender a história da
Maçonaria para remontá-la em suas origens mais próximas daquele que passou a
ser o consenso dos historiadores e pesquisadores maçônicos.
Vejamos a opinião de alguns
pesquisadores, no tocante à história das guildas e da Maçonaria na Inglaterra.
Do livro de autoria do Ir.’. Ambrósio
Peters, “Maçonaria História e Filosofia”, no capítulo que trata dos Maçons
Operativos, retiramos as seguintes passagens, onde poderemos perceber também
algumas das suas úteis observações sobre a fontes utilizadas quando se trabalha
com este tipo de pesquisa:
“Dispondo de escassas e pouco
informativas fontes maçônicas para nossas pesquisas sobre o rei Athelstan,
dirigimos nossa atenção para fontes não maçônicas onde encontramos amplas
referências (...) (aqui o autor cita o nome de várias enciclopédias). Tivemos
assim através das enciclopédias Britannica e Chamber’s também um primeiro
contato com as crônicas anglo-saxônicas iniciadas ao final do século IX pelo
rei Alfredo. Já lamentávamos a impossibilidade de acesso a essas crônicas
citadas como fontes primárias nas enciclopédias consultadas, quando
inesperadamente nos chegou uma preciosa informação, através de dois trabalhos
de autores ligados à Loja Quatour Coronati, os Irmãos Wallace Mcleod e S. C.
Aston. Essas fontes cruzadas, as maçônicas e as profanas, nos trouxeram no
conjunto um cabedal de seguras informações sobre essa figura ímpar que foi o
rei Athelstan e, de sobejo, também sobre a Lenda de York, o príncipe Edwin e a
Grande Assembleia de Maçons, e isso confirmou nossa convicção de que não se
pode escrever sobre história da Maçonaria sem recorrer também às fontes profanas.
Concluímos ainda, que tanto as guildas de benemerência como as guildas dos
maçons operativos merecem um estudo à parte das demais guildas de artes e
ofícios e das guildas de mercadores da Idade Média. A partir daí nos
convencemos de que a história de uma primeira regulamentação das guildas dos
maçons no reinado de Athelstan, a que os manuscritos e referem com muita
definição, tem bases históricas seguras, ainda que a multissecular tradição
maçônica possa ter-lhe acrescentado algumas fantasias. Outra constatação que
fizemos foi de que os documentos mais antigos que se referem à Maçonaria não
são os primeiros manuscritos dos Antigos Deveres, como por vezes se pretende,
mas sim as crônicas anglo-saxônicas iniciadas no tempo do rei Alfredo, avô de
Athlestan, isto é, no final do século IX. Não se pode, no entanto, deixar de
considerar que foram esses manuscritos que introduziram nas tradições maçônicas
a noção de sua antiguidade. Essas considerações iniciais nos mostram uma
profunda relação entre o surgimento da Maçonaria Operativa e o despertar do
Reino Unido da Inglaterra no final do século IX e início do século X. (Grifo
meu!)” (Peters, 1999, págs. 64-66)
Como pudemos perceber, desembarcamos na
Inglaterra do século IX, e a partir daí, trouxemos toda uma história de volta,
a história da Maçonaria no lugar aquele onde os pesquisadores, apontam como possuidor
do maior número de probabilidades sobre o surgimento da Maçonaria. No decorrer
do trabalho ainda veremos outros tantos detalhes dessa história que vai englobar
o rei Athelstan, o Príncipe Edwin, a Lenda de York, os Colideus e as guildas
inglesas.
Em
alguns estudos são citados durante o decorrer dos episódios, por parte de alguns
historiadores uma participação dos Colideus. Aproveitamos para fazer uma pesquisa
relativa a eles: Quem eram? Qual o papel exercido por eles nessa história? Começaremos
citando o Ir.’. António Rocha Fadista, quando numa passagem do seu artigo “Origens
Religiosas e Corporativas da Maçonaria”, trouxe esse nome à luz:
“Uma destas associações monásticas, a
dos Colideus, relacionou-se com o rei Athelstan, que iria ter papel decisivo na
história da Maçonaria. Em sua origem, os Colideus eram um pequeno grupo de
cristãos. Foram os primeiros a introduzir o cristianismo na Inglaterra e em sua
organização adotaram os princípios dos Colégios Romanos, existentes na Inglaterra
até a saída dos romanos da ilha britânica.”
COMENTÁRIOS:
As referências aos Colideus, só
vão aparecer mesmo, a partir do momento em que a pesquisa estiver voltada para
os primórdios da Maçonaria Operativa na Inglaterra, se é que aparecem. Pelo
fato de serem citados como um “pequeno grupo de cristãos”, tal como acabamos de
ler, de imediato recorri logo à “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia”,
de R. N. Champlin, mas, nada foi encontrado ali, nem mesmo quando pesquisando
acerca de outros verbetes próximos que são relacionados. Bem, até podem estar
lá, afinal a enciclopédia possui 5.200 páginas.
Já no clássico “História Concisa da
Maçonaria”, de Robert Freke Gould, essas referências surgem quando o autor cita
os “Culdeus”, o que, na verdade, é a mesma coisa que “Colideus”.
Vamos agora tentar estabelecer as
ligações que se fazem necessárias para a construção da história da Maçonaria na
Inglaterra.
OS COLIDEUS OU CULDEUS - AS ORIGENS
Quando dos nossos estudos a respeito das
Ordens Monásticas (Parte VII), ficamos sabendo que a Ordem dos Beneditinos foi
fundada no ano de 529, que logo se expandiram com muita rapidez e que no ano de
597 já haviam chegado à Inglaterra.
Também, que entre os de 856 e 1307 d.C. foram
diversas igrejas e catedrais que foram construídas na Inglaterra por
associações monásticas de construtores.
O Ir.’. António Rocha Fadista em seu
trabalho já citado, em dado momento faz referência aos colideus e comenta
que, originalmente, eles teriam sido os primeiros a introduzir o cristianismo
na Inglaterra, e na sua organização interna adotaram os princípios dos Colégios
Romanos. Estes últimos como sabemos, estiveram presentes naquele país até a queda
do Império Romano do Ocidente.
No Capítulo I do livro “História Concisa
da Maçonaria”, de Robert Freke Gould, é que veremos outra referência aos culdeus,
que é o termo que esse pesquisador utiliza e como foi traduzido:
“Quando Santo Agostinho veio à
Grã-Bretanha no século VI, com o propósito de converter os nativos ao
cristianismo, ele encontrou o país já ocupado por um corpo de sacerdotes e seus
discípulos, que se distinguiram pela pura e simples religião apostólica que
professavam. Estes eram os culdeus, e embora o nome real não apareça até o
século VIII, visto que, os monges da Igreja Celta eram o único clero no país, é
evidente que não era necessário nenhum epíteto especial para qualificá-los.
Eles foram virtualmente fundidos
na Igreja Romana após o final do século XII, embora vestígios de sua existência
sejam encontrados em uma data muito posterior. Sua origem se perde na
obscuridade. Algumas autoridades supõem que vieram da Fenícia, enquanto outros
afirmam que eles acompanharam as legiões romanas até a Grã-Bretanha. Sua sede
principal parece ter sido em Iona, onde (de acordo, com uma terceira conjetura)
St. Columba, o fundador da seita procedente da Irlanda com doze irmãos - 563 d.
C. – estabeleceu seu principal mosteiro.
É bastante claro, de fato, que
Iona não era o local original mais do que era a única sede dos Culdeus. Havia
ministros da religião chamados por esse nome na Grã-Bretanha do Norte e do Sul,
na Irlanda e no País de Gales.
Os culdeus eram o clero oficiante
da Igreja catedral de São Pedro em York, em 936, e suas orações foram invocadas
pelo rei Athelstan, naquele ano, em seu próprio nome e de sua expedição contra
os escoceses.
Retornando vitorioso de sua campanha,
o rei ofereceu agradecimentos na Igreja de São Pedro e concedeu aos Culdeus e
seus sucessores um cesto de milho de cada terra arada na diocese de York, para
que pudessem por algum tempo ajudar os pobres, exercer os deveres de
hospitalidade e continuar a realizar as obras de piedade tão bem conduzidas por
ele no passado.” (Gould, 2022, págs. 17-18)
Ainda em seu texto, Gould diz que tem
sido sustentada a ideia de uma conexão entre os Collegia Romanos e os
Culdeus, onde expõe até mais detalhes, assim como, dá uma orientação a todo
aquele que quiser saber mais sobre “os princípios notáveis e costumes
peculiares que foram atribuídos aos Culdeus”: deverá ler o livro Druidas
Celtas e Anacalpypsis de Godfrey Higgins, além de uma série de
artigos de Algernon Herbert, que foram publicados na Revista Britânica (vol.
XXVI). Com relação a este último, ele sugere ao leitor que, se não encontrar ali
argumentos sólidos, poderá ao menos encontrar algo com que divertirá sua
fantasia.
COMENTÁRIOS:
Na verdade, sobre os culdeus ou colideus
é mais sensato dizer que há aqueles que defenderam a ideia de que era possível existir
uma ligação entre os Collegia Romanos e os culdeus, onde, estes últimos teriam
chegado a organizar como parte do seu sistema, colégios de construtores. Por
outro lado, há os que defendam também que os culdeus raramente teriam atuado
como construtores, pois, se preocupavam mais com a educação da humanidade. Já o
historiador Collier, em sua História Eclesiástica, se referiu à história dos culdeus
como sendo um mistério, além de que, assim é que ela permanecerá para sempre.
SÉCULO X, INGLATERRA: O INÍCIO DA
MAÇONARIA?
Segundo o Ir.’. Ambrósio Peters, a
história da Maçonaria deve ser estudada considerando-se dois períodos
distintos: o dos maçons operativos, o qual tem início no século X com o rei
Athelstan e o período dos Maçons modernos, que começa a contar oficialmente a
partir da fundação da Grande Loja de Londres no início do século XVIII.
Ainda: os Maçons operativos foram os
mestres e os operários construtores da Idade Média, e que estavam associados em
guildas. Esses, foram os que ergueram as majestosas catedrais românicas e
góticas, os grandes castelos, as fortificações, etc.
As guildas medievais podem ser
comparadas aos sindicatos modernos, eis que, tinham como finalidade principal proteger
os interesses da classe a que pertenciam os artistas construtores.
Essas duas Maçonarias, ou os dois
períodos distintos que foram citados, são diferentes em sua essência e em seus objetivos
sociais, e embora uma não seja a sucessora da outra, o seu estudo deverá ser
feito em conjunto, já que a Maçonaria Especulativa preservou as tradições
culturais da Maçonaria Operativa, e aqui poderiam ser citados como exemplos: os
deveres dos associados, os regulamentos, os rituais, os simbolismos, o
sentimento de solidariedade e de fraternidade.
As primeiras referências sobre a existência
das guildas são provenientes da Inglaterra do século IX. Para o Ir.’. Peters as
pesquisas deverão partir desse século, e se concentrarem nos estudos das
guildas dos maçons (operários construtores). (Peters, 1999, págs. 63-64)
Considerando o século IX ou o século X,
como sendo aqueles mais prováveis onde situar um começo para a Maçonaria
Operativa, seria possível atribuir uma idade aproximada de 1000 anos então para
a Maçonaria?
O POEMA RÉGIO, A LENDA DE YORK
O rei Athelstan é mencionado no Poema
Regius ou Manuscrito de Halliwel.
Vejamos o que diz o “Vade-Mécum
Maçônico”, em um trecho referente ao verbete POEMA REGIUS:
“Buscando a origem da Maçonaria
chegamos a 1390, época em que se supõe tenha sido escrito o Poema Régio - o documento mais velho e o mais
importante dos primórdios da Maçonaria. Provavelmente tenha sido escrito por um
monge ou frade com acesso a documentos maçônicos mais antigos. A tradição oral
remonta a Maçonaria à criação do mundo e vai incluindo a maioria dos grandes
ensinadores como Maçons. No entanto, o Poema Régio é um ponto inicial a todos
aqueles que preferem uma história mais científica. (Grifo meu!) É um poema
tosco, escrito em 64 páginas de pergaminho muito bem encadernado. Constitui-se
de várias partes, a saber:
_ Euclides ensina a Geometria a
partir do Egito.
_ O rei Athelstan institui regras
e normas na Inglaterra.
_ Os deveres dos Mestres em
quinze artigos.
_ Os deveres dos operários em
quinze pontos.
_ A história dos quatro mártires coroados.
_ A história da Torre de Babel.
_ As sete artes liberais.
_ Etiqueta à missa.
_ Etiqueta social.“
(Girardi,
2008, pág. 507)
CONTINUA...
(*) Ir.’. José Ronaldo Viega Alves
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Oriente de S. do Livramento – RS.
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