Aventalite: Uma Doença Maçônica e Suas Implicações

Por Rui Bandeira

A Maçonaria, com sua rica tradição e profundos ensinamentos, não está isenta de suas peculiaridades. Uma dessas curiosidades é uma doença conhecida entre os maçons como aventalite. Embora o termo possa parecer estranho, seus efeitos são bem conhecidos nas Lojas ao redor do mundo. Este artigo tem como objetivo explorar essa condição, seus sintomas, formas de tratamento e, mais importante, estratégias de prevenção.

O que é a Aventalite?

A aventalite é uma condição que pode afetar qualquer maçom, manifestando-se inicialmente de forma aguda, geralmente passageira e facilmente curável. Contudo, se não tratada adequadamente, pode evoluir para uma forma crônica, que se torna mais grave e difícil de curar.

Os sintomas da aventalite são claros: um inflacionamento despropositado do ego, uma sensação injustificada de superioridade e um sentimento perturbador de poder. Nos casos mais graves, o afetado desenvolve um comportamento inadequado em relação aos seus iguais, que são vistos como inferiores ou subordinados, simplesmente por não usarem aventais "XPTO".

Quem Pode Ser Afetado?

A aventalite não discrimina. Ela pode atingir Grandes Oficiais e dignitários de Altos Graus, independentemente da Obediência, seja em Grandes Lojas ou Grandes Orientes. A Doença não distingue entre aqueles que seguem uma orientação anglo-saxônica ou francesa, e pode atacar tanto homens quanto mulheres. No entanto, observações empíricas sugerem que a aventalite é mais comum entre os homens.

Tratamento

O tratamento para a forma aguda da aventalite é relativamente simples e geralmente eficaz, se aplicado nas fases iniciais da doença. A terapia inicial consiste em uma censura severa e sonora, acompanhada por uma solene declaração de que não se tolera "maneirices" de maçons que se acham superiores. É importante enfatizar a igualdade que deve imperar entre todos os maçons e relembrar que cargos em Grandes Lojas, Grandes Orientes ou Altos Graus são, em essência, serviços a serem desempenhados com zelo e humildade, e não honrarias que indicam superioridade.

Nos casos mais graves, pode ser necessário reforçar o tratamento com expressões mais contundentes e diretas, acompanhadas de avisos claros de que o comportamento inadequado deve cessar imediatamente, sob pena de isolamento ou afastamento.

Para formas leves da doença, onde o doente é de boa índole, um tratamento mais suave, geralmente com uma observação bem-humorada, pode ser suficiente para debelar a doença sem deixar sequelas. No entanto, recaídas podem ocorrer, exigindo novas intervenções, embora menos intensas.

Nos casos mais severos, onde a aventalite se prolonga ou o doente apresenta uma resistência ao tratamento, é indispensável uma abordagem mais enérgica e repetitiva, até que o maçom recupere o bom senso. Contudo, tratamentos mais agressivos podem resultar em efeitos colaterais indesejáveis, como amuos ou afastamentos permanentes. Em situações extremas e reincidentes, pode ser necessária a aplicação de uma "quarentena" simbólica, afastando o indivíduo do convívio maçônico até que ele esteja apto a retornar de forma saudável.

Prevenção: A Chave para Evitar a Aventalite

Além de tratar os casos já manifestados, é crucial que se implemente uma estratégia eficaz de prevenção para evitar novas infecções e recidivas.

Um dos pontos centrais da prevenção é a revisão das normas regulamentares e práticas que possam estar contribuindo para a propagação da aventalite. É recomendável que o uso dos aventais "XPTO" seja restrito a ocasiões e locais adequados. Nas Lojas, por exemplo, é fundamental que todos os obreiros sejam tratados como iguais, sem distinções que possam inflar egos desnecessariamente. Na sua Loja, o obreiro deve usar o avental correspondente ao seu grau e, quando necessário, a insígnia de sua função, independentemente de qualquer posição ou cargo que possa ter na Grande Loja ou Grande Oriente.

Este princípio também deve ser aplicado durante visitas a outras Lojas. Se a visita for a título pessoal, o uso do avental correspondente ao grau é o mais apropriado. Contudo, se a visita se dá no exercício de funções de Grande Oficial ou em representação do Grão-Mestre, o uso do avental "XPTO" é justificado.

Por fim, em Assembleias de Grande Loja ou Grande Oriente, o uso do avental "XPTO" é perfeitamente adequado, pois se trata de um ambiente onde seu uso é moderado e apropriado, não contribuindo para o risco de contágio pela aventalite

Conclusão

A aventalite é uma condição que pode ser incômoda, mas é inteiramente evitável e tratável com as devidas medidas. A prevenção é essencial para manter a harmonia e a igualdade dentro das Lojas, e garantir que todos os maçons lembrem-se do verdadeiro propósito de seus cargos e insígnias. Ao adotar uma postura de humildade e serviço, em vez de uma de superioridade, a Maçonaria pode continuar sendo um espaço de crescimento pessoal e coletivo, livre das armadilhas do ego inflado.

A bem da saúde dos maçons, é crucial que esta atividade de prevenção seja realizada com seriedade e constância. É uma prática saudável, amiga do ambiente maçônico e, acima de tudo, é uma prática verdadeiramente maçônica.

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