Judaísmo Branco e Maçonaria: Entre Simbologias e Segredos


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A relação simbólica e histórica entre o chamado Judaísmo Branco e a Maçonaria é um tema que desperta curiosidade e controvérsia. A expressão, destacada por Borrow em sua obra A Bíblia na Espanha, associa o Judaísmo Branco a práticas consideradas heréticas sob a perspectiva religiosa de sua época, incluindo o Luteranismo e a própria Maçonaria. Essa conexão é apresentada com uma crítica velada, revelando o contexto de perseguições e tensões religiosas que permeavam o cenário europeu do século XIX.

A Dualidade do Judaísmo

A classificação do Judaísmo em duas vertentes – "preto" e "branco" – aponta para uma tentativa de categorizar práticas religiosas ou culturais divergentes da doutrina oficial da Igreja. O Judaísmo Preto é descrito como a observância estrita da Lei de Moisés em detrimento dos preceitos da Igreja Católica, uma prática que já havia sido marginalizada ao longo da história. Por outro lado, o Judaísmo Branco abrange um espectro mais amplo de ideias e sistemas simbólicos, incluindo o Luteranismo, a Maçonaria e outros movimentos considerados dissidentes. Essa divisão ressalta a visão dualista da época, que tendia a enquadrar qualquer prática ou pensamento divergente como herético ou perigoso.

O interessante nesse contexto é a inclusão da Maçonaria no conceito de Judaísmo Branco, sugerindo que a instituição compartilhava, aos olhos de seus detratores, um caráter subversivo ou desviante em relação às normas religiosas e sociais estabelecidas.

Maçonaria e os Segredos da Irmandade

Um excerto curioso, retirado das memórias de Jacob Casanova, ilumina ainda mais a percepção da Maçonaria como uma prática envolta em mistério e exclusividade. Casanova relata sua introdução à Maçonaria por Rochebâuron, de Lyon, e descreve a jornada iniciática como um processo de descoberta pessoal e progressiva. Ele destaca que nenhum homem conhece todos os segredos da Maçonaria, o que reforça a natureza esotérica e individual da ordem.

Casanova também aponta que, embora a Maçonaria seja vista como uma oportunidade de ascensão social e cultural, o candidato deve ser cauteloso na escolha de sua Loja e nas associações que forma dentro dela. Esse cuidado reflete uma preocupação com a preservação da integridade e do propósito simbólico da fraternidade, evitando que seja distorcida ou usada de maneira imprópria.

O segredo maçônico, como descrito por Casanova, é algo que não pode ser transmitido verbalmente ou adquirido superficialmente. Ele é descoberto de maneira introspectiva e assimilado pelo indivíduo que, ao alcançar esse conhecimento, se torna marcado e transformado. Esse segredo, inalienável por sua própria natureza, reforça a ideia de que a Maçonaria opera em um plano simbólico profundo, onde o aprendizado e a compreensão dependem do progresso pessoal do iniciado.

 

O Contexto Histórico

As referências ao Judaísmo Branco e à Maçonaria no século XIX refletem o contexto de intensa disputa religiosa e ideológica que marcou a Europa na época. Tanto o Judaísmo quanto a Maçonaria eram alvos de perseguição e críticas por representarem, aos olhos de seus opositores, uma ameaça à ordem social e religiosa estabelecida. Essa percepção, muitas vezes alimentada por preconceitos e teorias conspiratórias, contribuiu para o estigma e o mistério que cercam ambas as tradições até hoje.

Reflexões Finais

O Judaísmo Branco, como conceito simbólico, e a Maçonaria compartilham o espaço de ideias que desafiam o status quo, seja por meio da busca pela liberdade de pensamento, pela valorização do progresso individual ou pela preservação de tradições esotéricas e simbólicas. Esse paralelo, embora controverso, revela a profundidade das conexões entre sistemas simbólicos e o impacto que eles podem ter na construção de significados e identidades culturais.

Em última análise, a Maçonaria continua a ser uma ordem que inspira fascínio e mistério, convidando seus membros a uma jornada de autoconhecimento e descoberta que transcende os limites das convenções sociais e religiosas. Ao mesmo tempo, permanece como um lembrete do poder do simbolismo e da tradição na formação de comunidades e na preservação de ideais que resistem ao tempo.



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