Participando
de um grupo de estudos filosóficos, foi aventada a pergunta:"*Qual a maior
de todas as virtudes*"?
Assunto
deveras interessante pois engloba uma gama de avaliações em todas as searas do
aprendizado daquele que busca a evolução. Iniciando os debates citamos as sete
virtudes humanas e seus significados são:
1)
Humildade: Oposta à vaidade
2)
Generosidade: Oposta à avareza
3)
Integridade: Oposta à luxúria
4)
Caridade: Oposta à inveja
5)
Moderação: Oposta à gula
6)
Resiliência: Oposta à ira
7)
Plenitude: Oposta à preguiça
As
virtudes humanas podem variar de acordo com a área de estudo e os autores dos
trabalhos.
Por exemplo, Aristóteles propôs nove virtudes
morais, entre elas a sabedoria, a prudência, a justiça, a fortaleza, a coragem,
a liberalidade, a magnificência, a magnanimidade e a temperança.
A
Ordem DeMolay cultiva sete virtudes, que são:
Amor
filial, Crença em Deus, Cortesia, Companheirismo, Fidelidade, Pureza,
Patriotismo. Isso posto, para todos do grupo abre o debate, um sábio decano que,
após citar inúmeros dons e virtudes, nos remete ao apóstolo Paulo que diz:
“ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos” (1Cor 12,31). Esse
caminho, método ou dom que supera em muito todos os outros se chama caridade.
Em algumas BÃblias, utiliza-se a palavra “amor” buscando uma maior aproximação
com o sentido original do texto. Por quê?
A
“caridade” de que trata o texto não é somente aquela que hoje entendemos como
“fazer o bem ao próximo”, “querer bem a todos” ou “suprir as necessidades
materiais dos menos favorecidos”. A caridade, por excelência, é o amor que se
tem a Deus. Daà vê-se que a tradução pela palavra “amor” também não traduz o sentido
completo que o apóstolo queria explicitar.
A Caridade, antes de mais nada, refere-se à uma virtude teologal. Por ser uma virtude, trata-se de um hábito que tem a capacidade de aperfeiçoar o ser humano. Esse é o primeiro detalhe relevante: a caridade pode e precisa ser treinada, é necessário habituar-se a ela, ou seja, fazê-la parte da rotina diária, a ponto de ela se tornar uma atitude comum e constante. Isso é, fazê-la um hábito, isto é, torná-la uma virtude.
Quando
ouvimos o jargão *“amor é decisão”*, é sobre essa caracterÃstica que ele se
assenta: um hábito que necessita de uma decisão firme, para ser incorporado Ã
nossa vida. Não se trata, portanto, de um sentimento que vai e volta e
permanece fora de controle. É algo decidido, treinado e incorporado. Assim, o
que se quer dizer ao se referir que somente “amor” não é o sentido completo de
caridade? Diferentemente de algumas formas de sentimentos que o nome “amor”
também acabam recebendo indevidamente, como a paixão, atração sexual ou a
fixação em algo ou alguém, a caridade é o amor ao supremo bem, à suprema
bondade, ao próprio Deus. Como “Deus é amor” (1Jo 4,8), esse deleite gerado por
Aquele que é (Ex 3,14), pelos seus supremos atributos espirituais, só pode ser
gerado pelo próprio Criador e só pode direcionar-se a Ele. Tem-se aà o
verdadeiro sentido do “teologal” atribuÃdo a essa virtude: procede de Deus e só
pode verter-se para Deus.
Outro
Decano, complementa, e a virtude da Fé? onde ela entraria nesse contexto?
A
virtude da fé provoca o crescimento da virtude da esperança, e é esta esperança
nos bens futuros e na realização das promessas de Deus que provoca o
crescimento da caridade. Assim, sem esperança não existe caridade. Mas por quê?
Do
mesmo modo que o conhecimento de Deus (virtude da fé) faz com que a
inteligência encha a memória com seu modo de agir, essa memória do modus
operandi de Deus, na história e na nossa vida, provoca a reflexão de que suas
promessas são verdadeiras e que não só podemos, mas devemos, esperar sua
concretização (virtude da esperança). Com o crescimento da esperança no ser
humano, começa-se a perceber que somente no esperar já existe benefÃcio, e que
Deus já concede agora o que promete. Esse maravilhoso conhecimento da ação e
realização de Deus no mundo e em nossa vida já é o amor d’Ele que se derrama em
nós. Revigora-se, assim, Aquele amor que já existe em todo o ser humano, mas
que permanece como que adormecido enquanto não é provocado pela esperança: a
virtude da caridade. Outro dos decanos do grupo solicita um aparte relatando que
essas listas, para definição das virtudes predominam as classificações das
quatro Virtudes Cardeais (Prudência, Fortaleza, Temperança e Justiça) –
consideradas fundamentais, porque orientam a conduta a partir da disciplina dos
desejos; e das três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade) – dons
próprios da relação com Deus. Acrescentando que elas foram uma oposição aos
sete pecados capitais por Prudêncio, em seu poema épico Psychomachia, onde
estabeleceu uma batalha entre as virtudes e os vÃcios, obtendo grande
popularidade na Idade Média – e esta é a lista eleita para orientar cada
segmento de exposição. Aà está a explicação da taça sagrada, onde nós é
permitido provar do doce da bebida( as virtudes) para que possamos expurgar o amargor
de seus restos( os vÃcios, os pecados), aprendendo a gozar os prazeres da vida
com moderação. Assim, cada virtude combateria um vÃcio, ou seja
1
Humildade (x Orgulho),
2
Caridade/Amor (x Inveja),
3
Mansidão (x Ira),
4
Diligência (x Preguiça),
5
Generosidade (x Avareza),
6
Temperança (x Gula), e
7
Castidade (x Luxúria
Após
extensivos debates foi citado o grupo Legião Urbana que abriu uma série de
shows, com a Virtude da Caridade – considerada o fundamento de todas as
virtudes e também denominada Amor – o “amor a Deus, por amor dele e ao próximo
por amor de Deus”, o amor que se doa sem esperar nada em troca e que, mesmo
assim, permanece como “um nunca contentar-se de contente” e “um cuidar que se
ganha em se perder”. Essa abordagem, bastante popularizada pelo grupo de
músicos, na letra de Monte Castelo e eternizada no Soneto 81 das Rimas de
Camões, foi consagrada por São Paulo, na Primeira EpÃstola aos CorÃntios:
“Ainda que eu falasse as lÃnguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade
[amor…], não sou nada” (I Cor, 13, 1-2).
Assim
se completa essa análise exegética, onde vivenciamos uma aula expositiva do que
doutrina o espÃrito do ser humano, a prática de todas as virtudes, pois o
crescimento e aprendizado é diário, contÃnuo e ratificado no templo de todas as
virtudes: O nosso Coração.
Que sejamos sempre virtuosos, não de palavras, mas de atitudes!!!
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