Qual a maior de todas as virtudes?

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Por Dário Angelo Baggiere

Participando de um grupo de estudos filosóficos, foi aventada a pergunta:"*Qual a maior de todas as virtudes*"?

Assunto deveras interessante pois engloba uma gama de avaliações em todas as searas do aprendizado daquele que busca a evolução. Iniciando os debates citamos as sete virtudes humanas e seus significados são:

1) Humildade: Oposta à vaidade

2) Generosidade: Oposta à avareza

3) Integridade: Oposta à luxúria

4) Caridade: Oposta à inveja

5) Moderação: Oposta à gula

6) Resiliência: Oposta à ira

7) Plenitude: Oposta à preguiça

As virtudes humanas podem variar de acordo com a área de estudo e os autores dos trabalhos.

 Por exemplo, Aristóteles propôs nove virtudes morais, entre elas a sabedoria, a prudência, a justiça, a fortaleza, a coragem, a liberalidade, a magnificência, a magnanimidade e a temperança.

A Ordem DeMolay cultiva sete virtudes, que são:

Amor filial, Crença em Deus, Cortesia, Companheirismo, Fidelidade, Pureza, Patriotismo. Isso posto, para todos do grupo abre o debate, um sábio decano que, após citar inúmeros dons e virtudes, nos remete ao apóstolo Paulo que diz: “ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos” (1Cor 12,31). Esse caminho, método ou dom que supera em muito todos os outros se chama caridade. Em algumas Bíblias, utiliza-se a palavra “amor” buscando uma maior aproximação com o sentido original do texto. Por quê?

A “caridade” de que trata o texto não é somente aquela que hoje entendemos como “fazer o bem ao próximo”, “querer bem a todos” ou “suprir as necessidades materiais dos menos favorecidos”. A caridade, por excelência, é o amor que se tem a Deus. Daí vê-se que a tradução pela palavra “amor” também não traduz o sentido completo que o apóstolo queria explicitar.

A Caridade, antes de mais nada, refere-se à uma virtude teologal. Por ser uma virtude, trata-se de um hábito que tem a capacidade de aperfeiçoar o ser humano. Esse é o primeiro detalhe relevante: a caridade pode e precisa ser treinada, é necessário habituar-se a ela, ou seja, fazê-la parte da rotina diária, a ponto de ela se tornar uma atitude comum e constante. Isso é, fazê-la um hábito, isto é, torná-la uma virtude.

Quando ouvimos o jargão *“amor é decisão”*, é sobre essa característica que ele se assenta: um hábito que necessita de uma decisão firme, para ser incorporado à nossa vida. Não se trata, portanto, de um sentimento que vai e volta e permanece fora de controle. É algo decidido, treinado e incorporado. Assim, o que se quer dizer ao se referir que somente “amor” não é o sentido completo de caridade? Diferentemente de algumas formas de sentimentos que o nome “amor” também acabam recebendo indevidamente, como a paixão, atração sexual ou a fixação em algo ou alguém, a caridade é o amor ao supremo bem, à suprema bondade, ao próprio Deus. Como “Deus é amor” (1Jo 4,8), esse deleite gerado por Aquele que é (Ex 3,14), pelos seus supremos atributos espirituais, só pode ser gerado pelo próprio Criador e só pode direcionar-se a Ele. Tem-se aí o verdadeiro sentido do “teologal” atribuído a essa virtude: procede de Deus e só pode verter-se para Deus.

Outro Decano, complementa, e a virtude da Fé? onde ela entraria nesse contexto?  

A virtude da fé provoca o crescimento da virtude da esperança, e é esta esperança nos bens futuros e na realização das promessas de Deus que provoca o crescimento da caridade. Assim, sem esperança não existe caridade. Mas por quê?

Do mesmo modo que o conhecimento de Deus (virtude da fé) faz com que a inteligência encha a memória com seu modo de agir, essa memória do modus operandi de Deus, na história e na nossa vida, provoca a reflexão de que suas promessas são verdadeiras e que não só podemos, mas devemos, esperar sua concretização (virtude da esperança). Com o crescimento da esperança no ser humano, começa-se a perceber que somente no esperar já existe benefício, e que Deus já concede agora o que promete. Esse maravilhoso conhecimento da ação e realização de Deus no mundo e em nossa vida já é o amor d’Ele que se derrama em nós. Revigora-se, assim, Aquele amor que já existe em todo o ser humano, mas que permanece como que adormecido enquanto não é provocado pela esperança: a virtude da caridade. Outro dos decanos do grupo solicita um aparte relatando que essas listas, para definição das virtudes predominam as classificações das quatro Virtudes Cardeais (Prudência, Fortaleza, Temperança e Justiça) – consideradas fundamentais, porque orientam a conduta a partir da disciplina dos desejos; e das três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade) – dons próprios da relação com Deus. Acrescentando que elas foram uma oposição aos sete pecados capitais por Prudêncio, em seu poema épico Psychomachia, onde estabeleceu uma batalha entre as virtudes e os vícios, obtendo grande popularidade na Idade Média – e esta é a lista eleita para orientar cada segmento de exposição. Aí está a explicação da taça sagrada, onde nós é permitido provar do doce da bebida( as virtudes) para que possamos expurgar o amargor de seus restos( os vícios, os pecados), aprendendo a gozar os prazeres da vida com moderação. Assim, cada virtude combateria um vício, ou seja

1 Humildade (x Orgulho),

2 Caridade/Amor (x Inveja),

3 Mansidão (x Ira),

4 Diligência (x Preguiça),

5 Generosidade (x Avareza),

6 Temperança (x Gula), e

7 Castidade (x Luxúria

Após extensivos debates foi citado o grupo Legião Urbana que abriu uma série de shows, com a Virtude da Caridade – considerada o fundamento de todas as virtudes e também denominada Amor – o “amor a Deus, por amor dele e ao próximo por amor de Deus”, o amor que se doa sem esperar nada em troca e que, mesmo assim, permanece como “um nunca contentar-se de contente” e “um cuidar que se ganha em se perder”. Essa abordagem, bastante popularizada pelo grupo de músicos, na letra de Monte Castelo e eternizada no Soneto 81 das Rimas de Camões, foi consagrada por São Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade [amor…], não sou nada” (I Cor, 13, 1-2).

Assim se completa essa análise exegética, onde vivenciamos uma aula expositiva do que doutrina o espírito do ser humano, a prática de todas as virtudes, pois o crescimento e aprendizado é diário, contínuo e ratificado no templo de todas as virtudes: O nosso Coração.

Que sejamos sempre virtuosos, não de palavras, mas de atitudes!!!

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