O PELICANO
Por Carlos
Armando Molinaria
Examinando as páginas do Grande Dicionário
Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a seguinte
descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo pelicano
derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria, na
antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador".
Este simbolismo tem por base uma antiga
superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se acreditava nela,
o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o seu sangue pela
Igreja e pela Humanidade.
A esta interpretação teológica, os místicos
aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como símbolo do
próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas posses, as
nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos a nossa
vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo que, à
medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações que
perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que fizemos.
Entre os alquimistas, o Pelicano foi um
utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo.
Tratava-se de um alambique de vidro circular,
de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado, do qual partiam
dois tubos opostos e encurvados, formando asa.
Estes tubos voltavam a entrar lateralmente no
bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente dentro dele. Não se
sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos alquimistas ao aparelho por
causa de sua forma que se parecia com esta ave, ou pela função do aparelho,
destinado a alimentar constantemente e manter a vida, com o produto de suas
entranhas, o "franguinho" do alquimista, ou seja, a "obra"
que ele procurava realizar.
Nas várias fases por que passava a grande
"obra", a matéria tomava diferentes cores, tornando-se sucessivamente
preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc., simples transições entre as
cores principais. Estas tinham os seus símbolos: o preto simbolizava um
cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco geralmente por um cisne; o
vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma fênix, um Pelicano ou um
jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico.
O Pelicano é sempre representado quando se abre
as suas entranhas para alimentar seus filhotes, sempre em números considerados
sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o DEUS alimentando o seu Cosmos com
a própria substância.
Por isso na Joia dos Cavaleiros
"Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do compasso,
que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu ninho.
No simbolismo maçônico, o Pelicano é o emblema
mais característico da caridade.
É como tirar de suas entranhas o alimento de
seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do amor materno.
Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido
como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas
qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos
esplendores da ave.
O Espírito Santo bafejava sobre o povo, assim
como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal como naquela
passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão. Saindo das águas,
o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma pomba.
Seria Lenda?
Superstição?
Seria Verdade?
Não podemos questionar.
E isso porque o pássaro era o símbolo da
maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau máximo.
Então, o Pelicano possui uma espécie de bolsa,
logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de regurgitação,
deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando desse trabalho,
enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava, servindo assim
seus próprios filhos.
A ave procedia dessa forma para a manutenção
dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o Pelicano
arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou extraísse o próprio
sangue que alimentava os rebentos.
O Pelicano não serve de sua carne, não serve de
seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que era vedado aos
primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a semelhança ficou, o
símbolo permaneceu.
E o Pelicano é para nós, realmente o emblema
mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe comum realiza todos os
sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar seus rebentos para propagar
a própria espécie.
Não estranha, pois, que a Maçonaria dos Altos
Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau de Cavaleiro Rosa
Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente cristão, fazendo-o,
outrossim, o símbolo do amor paterno e materno.
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