A busca pela Verdade sempre esteve no centro da
jornada maçônica. Porém, na era digital — marcada por excesso de informações,
notícias distorcidas e debates acalorados — esse caminho tornou-se ainda mais
desafiador. Nunca tantos falaram sobre a verdade, e nunca pareceu tão difícil
encontrá-la.
Para compreender essa complexidade, vale
distinguir dois conceitos frequentemente confundidos: verdade e Verdade.
Verdade
e verdade: diferenças que importam
Chamemos de verdade aquilo que percebemos,
entendemos ou acreditamos ser correto com base em nossa experiência pessoal. É
uma convicção individual, moldada pelo que vemos, vivemos ou aprendemos. Por
isso, é subjetiva — embora possa, em alguns casos, ser compartilhada por muitos.
Já a Verdade refere-se ao que é universal,
imutável e aplicável a toda a humanidade, independentemente de cultura, época,
crença ou contexto. Não depende da perspectiva individual nem da interpretação
de um grupo. É perene, profunda e transcende o mundo físico.
A confusão entre esses dois níveis — o
individual e o universal — produz debates confusos. Expressões como "minha
verdade" são comuns, mas carregam essa mistura. Há minhas verdades, mas
não existe minha Verdade. A Verdade universal não é propriedade pessoal.
A
Maçonaria e a busca pela Verdade
A Maçonaria se fundamenta justamente na busca
pelas Verdadeiras Leis Universais. Não as verdades subjetivas, mas aquilo que é,
independentemente da interpretação humana. Essa procura não ocorre por meio de
doutrinas rígidas, mas pela reflexão simbólica, filosófica e espiritual.
Nossos símbolos são a ponte entre o visível e o
invisível. Ainda que cada Irmão possa interpretar nuances de um símbolo de
maneira pessoal — pois todos olham o mundo através de lentes distintas — seu
significado essencial permanece. Um compasso pode inspirar diferentes insights,
mas dentro da Ordem ele possui um sentido fundamental que orienta a compreensão
de todos.
Assim, a Maçonaria oferece um vocabulário
simbólico comum, capaz de revelar fragmentos da Verdade universal sem se
prender às fronteiras de religião, cultura ou época histórica.
O
perigo da confusão moderna
Exemplos simples ajudam a ilustrar essa
confusão. Costumamos dizer que o sol nasce no leste e se põe no oeste — uma verdade
que descreve nossa percepção cotidiana. Contudo, a Verdade é outra: o sol não
nasce nem se põe; é a Terra que gira.
A percepção é subjetiva, mas os princípios
universais são independentes dela. Da mesma forma, verdades culturais,
históricas ou religiosas podem ser significativas, mas não são universais.
A Maçonaria trabalha justamente para que o
Irmão aprenda a distinguir entre percepção e essência, entre o que acredita e o
que realmente é.
O
papel dos símbolos na descoberta da Verdade
Os símbolos maçônicos atravessam civilizações e
eras. Embora possam variar em forma ou nuance conforme o espírito do tempo,
nunca perdem seu núcleo de significado. Eles não dizem “tudo”, nem podem
significar “qualquer coisa”. Mas sua profundidade permite múltiplas camadas de
compreensão.
É nesse ponto que verdade e Verdade se
encontram:
a
verdade individual nasce da experiência pessoal com o símbolo;
a
Verdade universal surge quando conectamos nossas percepções ao conjunto maior
da sabedoria humana.
É por isso que estudar símbolos não é um
exercício intelectual vazio; é um caminho para elevar a consciência.
Somos
todos buscadores
Cada Irmão, ao viver um lampejo profundo sobre
a natureza do universo, percebe algo da Verdade — algo que não pertence apenas
a ele, mas a todos. Quando compartilhamos nossas reflexões, quando usamos
palavras imperfeitas para descrever insights profundos, contribuímos para o
grande mosaico que aproxima a humanidade da Verdade.
A jornada maçônica é isso: irmos juntos, cada
um a partir de sua própria verdade, rumo à Verdade que é única, universal e
eterna.



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