Da Redação
A Bíblia ocupa um lugar de destaque dentro das
Lojas Maçônicas e é tradicionalmente chamada de “a Maior Luz da Maçonaria”.
Essa denominação não se refere a um privilégio religioso exclusivo, mas ao fato
de que ela simboliza a Vontade revelada do Grande Arquiteto do Universo,
irradiando seus ensinamentos em todas as direções — Leste, Oeste, Norte e Sul —
como luz de Verdade Divina.
Embora em muitos países a Bíblia seja o Volume
Sagrado mais comum, a Maçonaria nunca se prende a um único texto religioso. O
princípio maçônico é simples:
qualquer livro que expresse a Vontade do Grande Arquiteto do Universo para um povo pode ser usado sobre o Altar.
Por isso:
Lojas
compostas exclusivamente por judeus costumam colocar apenas o Antigo Testamento.
Maçons
turcos historicamente utilizam o Alcorão (Qur’an).
Para o cristão,
o simbolismo repousa nos Evangelhos.
Para o israelita,
no Pentateuco.
Para o muçulmano,
no Alcorão.
Para o brâmane,
nos Vedas.
Apesar das diferenças culturais, cada Volume
Sagrado transmite, em contexto maçônico, o mesmo significado simbólico: a
manifestação da Vontade Divina acessível ao ser humano.
(Nota histórica: a palavra inglesa “Musselman”,
hoje considerada arcaica para “muçulmano”, surgiu no século XVI a partir das
formas turca e persa de musliman, derivada do árabe muslim.)
Uma dúvida frequente entre estudiosos e irmãos
é sobre qual passagem deve estar aberta durante os trabalhos. Não existe regra
absoluta ou universal. Cada Loja ou Venerável Mestre pode adotar suas próprias
tradições.
No entanto, o renomado maçom e pesquisador Dr.
George Oliver sugeriu algumas passagens apropriadas para cada grau:
Primeiro
Grau
Salmo
123
Rute 4
Gênesis
21, 22 ou 28
2 Samuel
24
Segundo
Grau
1 Reis 6
2
Crônicas 3
Juízes
12
Terceiro
Grau
2
Crônicas 3 ou 4
Apesar dessas opções, na prática moderna
algumas passagens se tornaram preferidas em muitas Lojas:
Primeiro
Grau: Salmo 133
Segundo
Grau: Amós 7:7–8
Terceiro
Grau: Eclesiastes 12:1–7
Essas leituras são apreciadas por seu forte
simbolismo moral e espiritual, alinhado aos ensinamentos dos graus.
A presença de um Livro da Lei no Altar não é
apenas uma formalidade ritualística, mas a representação viva do princípio
maçônico da busca pela Verdade. Seja a Bíblia, o Alcorão, os Vedas ou outro
texto sagrado, todos cumprem a mesma função: inspirar o maçom a caminhar com
retidão diante do Grande Arquiteto do Universo.
A pluralidade de livros sagrados não divide a
Maçonaria — ao contrário, reflete sua universalidade e respeito à diversidade
espiritual, reafirmando que a Luz pode ser contemplada por vários caminhos, mas
sempre guiando o homem para valores elevados, ética e fraternidade.

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