Da Redação
Desde os primeiros passos na Maçonaria, o
número três se impõe como um dos seus mais marcantes e recorrentes símbolos.
Ele está presente de forma constante em nossos rituais, ensinamentos e
estruturas, revelando-se como um princípio ordenador que conduz o maçom à
compreensão gradual dos mistérios da Ordem.
Na Maçonaria simbólica, o três manifesta-se de
múltiplas formas: são três os Graus, três as Grandes Luzes da Maçonaria, três
as batidas distintas, três as Ordens da Arquitetura, além do Mestre e dos dois
Vigilantes que governam simbolicamente a Loja. Essa repetição não é casual. O
número três sempre foi considerado o número da perfeição, da harmonia e do
equilíbrio, sendo tradicionalmente associado à Trindade, conceito fundamental
em diversas ordens de inspiração cristã.
Essa mesma lógica simbólica estende-se aos
Altos Graus, em especial ao Real Arco. No Capítulo, encontramos três
Principais, três Sojourners, o Tríplice Tau e o triângulo — muitas vezes
representado de forma dupla — como um de seus símbolos centrais. Cada um desses
elementos reforça a ideia de unidade formada a partir da tríade, sugerindo que
a plenitude só é alcançada quando as partes se unem em um todo coerente.
Uma interpretação particularmente profunda
sobre o significado do número três no Real Arco é apresentada por George H.
Steinmetz, em sua obra The
Royal Arch, Its Hidden Meaning. O autor chama a atenção para um
detalhe ritualístico essencial: o número de candidatos no Grau do Real Arco
deve ser exatamente três. Essa exigência não é meramente formal ou
administrativa, mas carrega um simbolismo de grande alcance iniciático.
Ao serem exaltados juntos, os três candidatos
deixam de ser vistos como indivíduos separados e passam a formar uma unidade
simbólica. Eles representam, em conjunto, o homem completo, constituído por
três componentes fundamentais: corpo, alma e espírito. Essa união simboliza a
superação da fragmentação do ser humano e aponta para o ideal maçônico de
integração e aperfeiçoamento.
O objetivo maior desse processo é a busca pelo
“homem perfeito”, não no sentido de perfeição material, mas como aquele que
alcança a elevação espiritual. A exaltação no Real Arco representa justamente
essa ascensão ao plano espiritual, onde o iniciado passa a compreender verdades
mais elevadas e universais. Assim, o número três deixa de ser apenas um
elemento estrutural do ritual e torna-se um poderoso símbolo da jornada
interior do maçom.
Dessa forma, o estudo atento do número três
revela que ele não apenas organiza os trabalhos maçônicos, mas também ensina,
de maneira velada, que a verdadeira iniciação consiste na união harmoniosa das
partes do ser humano, conduzindo-o da individualidade fragmentada à unidade
plena e consciente.

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