“Ele levantou as colunas na frente do pórtico do templo. Deu o nome de
Jaquim à coluna do sul e de Boaz à coluna ao norte. Os capitéis no alto tinham
a forma de lírios. E assim completou-se o trabalho das colunas.”
(1 Reis 7:21–22 – Bíblia de Estudo Arqueológica NVI)
“Pôs estas duas colunas no pórtico do templo. Tendo levantado a coluna
direita, deu-lhe o nome de Jaquim; levantou do mesmo modo a segunda coluna e
deu-lhe o nome de Booz.”
(1
Reis 7:21–22 – Bíblia Sagrada)
INTRODUÇÃO
Este
artigo foi escrito e publicado pela primeira vez há cerca de dez anos. O título
recebe agora o acréscimo da palavra “Revisão”, pois, ao relê-lo e analisá-lo
cuidadosamente, tornou-se necessário corrigir imprecisões, aprimorar conceitos
e acrescentar novas informações.
Boaz
e Jaquim são os nomes das duas colunas de bronze que Salomão ordenou fossem
fundidas e colocadas à entrada do Templo de Jerusalém. Contudo, é comum
encontrarmos variações como Boaz/Booz e Jaquim/Jachin/Jakin, o que suscita
questionamentos: tratam-se apenas de grafias diferentes ou haveria também
diferenças de significado?
O
tema das colunas B e J é recorrente em estudos maçônicos e desperta constante
interesse, seja por sua simbologia, por suas dimensões, por sua localização no
Templo ou por seus ornamentos. O objetivo deste trabalho, entretanto, é
investigar a origem etimológica dos nomes atribuídos às colunas, analisando
grafias e significados à luz de estudos da língua hebraica.
AS TRADUÇÕES
As
passagens bíblicas apresentadas demonstram que as grafias dos nomes variam
conforme a tradução utilizada. Na Bíblia de Estudo Arqueológica NVI, por
exemplo, as notas de rodapé indicam:
Jaquim:
provavelmente significa “ele firma”;
Boaz:
provavelmente significa “nele há força”.
COMENTÁRIOS
O
uso do termo “provavelmente” revela prudência, pois o tema ainda é
objeto de debates acadêmicos. O hebraico bíblico possui particularidades, como
a utilização dos sinais massoréticos, que influenciaram a pronúncia e a leitura
das palavras ao longo do tempo.
Conforme
esclarece o Ir.: Rui Samarcos Lora, os textos atuais do Antigo Testamento
baseiam-se nos textos massoréticos, e a ausência ou má utilização desses sinais
pode gerar interpretações divergentes, sobretudo no uso das vogais.
“Uma
das hipóteses que justifica o mau uso das palavras ou pronúncias equivocadas
pode estar associada à falta da utilização dos sinais massoréticos.”
(Lora, 2014, p. 41)
BOAZ
OU BOOZ?
No
livro Quem é Quem na Bíblia, Boaz é apresentado como o marido de Rute,
sendo-lhe atribuídos significados como rapidez e nele há força.
Já na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, de R. N. Champlin,
Boaz é descrito tanto como personagem bíblico quanto como elemento
arquitetônico do Templo de Salomão, recebendo ainda acepções como felicidade
e rapidez.
Champlin
destaca também o caráter moral de Boaz e sua importância genealógica, sendo
ancestral direto do rei Davi e integrante da genealogia de Jesus Cristo (Mateus
1:5).
No
hebraico, a palavra Boaz é composta pelas letras Beth (B), Ain
(muda) e Zain (Z). A variação entre Boaz e Booz não se origina do
hebraico, mas de diferentes transliterações para outros idiomas.
Alguns
rituais maçônicos utilizam a grafia Booz, o que levou a debates. Contudo,
especialistas afirmam que BOAZ é a forma mais fiel ao idioma hebraico original,
enquanto BOOZ deriva das traduções grega e latina, especialmente da Vulgata de
São Jerônimo, mantida pela tradição da Igreja Católica.
A
Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, referência mundial em estudos maçônicos,
sempre adotou a grafia BOAZ em suas publicações desde 1886.
Dessa
forma, pode-se concluir que BOAZ é a grafia mais adequada do ponto de vista
etimológico, sendo BOOZ uma forma derivada de traduções posteriores.
CONCLUSÃO
PARCIAL
Até
este ponto, observa-se que a palavra BOAZ aparece na Bíblia tanto como nome
próprio quanto como designação de uma das colunas do Templo de Salomão,
mantendo significados associados à força e à prontidão. As variações gráficas
decorrem de tradições linguísticas e históricas, não de diferenças semânticas
no hebraico original.
CONTINUA…
NOTAS
(1)
Sinais massoréticos – Desenvolvidos por estudiosos judeus a partir do século V,
consistem em sinais vocálicos e anotações que preservam a pronúncia correta do
hebraico bíblico.
(2)
Vulgata de São Jerônimo – Tradução da Bíblia para o latim realizada no século
IV, baseada nos textos hebraico e grego, que exerceu profunda influência na
tradição cristã ocidental.


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