Da Redação
Na literatura espiritual, frequentemente
encontramos a ideia de que o sacrifício de Cristo não foi um evento isolado
ocorrido no Gólgota e consumado em poucas horas. Ao contrário, os nascimentos
místicos e as mortes de Jesus são percebidos como fenômenos cósmicos contínuos.
Esse sacrifício eterno é essencial para nossa evolução física e espiritual ao
longo das diferentes etapas do desenvolvimento humano. Com a aproximação do
nascimento do Menino Jesus, somos convidados a refletir sobre essa renovação,
permitindo que uma nova Luz se acenda em nossos corações, guiando-nos no
caminho da regeneração.
O Apóstolo João descreveu a Divindade de
forma sublime: “Deus é Luz”. Essa Luz, símbolo da natureza divina, também nos
ajuda a compreender o mistério da Trindade na Unidade. Segundo as Escrituras,
Deus é uno e indivisível. Contudo, assim como a luz branca sofre refração,
manifestando-se em três cores primárias — vermelho, amarelo e azul —, Deus
também se revela sob um aspecto tríplice por meio de Suas funções divinas:
Criação, Conservação e Dissolução.
Na Criação, Deus projeta, de forma
indireta, a fertilidade solar através dos satélites lunares, alimentando os
corpos em evolução nos diversos planetas. Na Conservação, irradia diretamente
os princípios do Amor, sustentando as criaturas e auxiliando-as a superar a
mortalidade e o egoísmo, conduzindo-as ao altruísmo e à eternidade. Já na
Dissolução, Deus nos chama ao Oriente Eterno, a Casa Celestial, onde
assimilamos os frutos das experiências vividas e do progresso espiritual
alcançado durante o ciclo de manifestação. Esse processo de dissolução, ou
retorno ao Criador, é conduzido pelo Sol espiritual invisível, que age como um
solvente universal.
Essas atividades divinas — criação,
conservação e dissolução — estão presentes em todos os aspectos da existência.
Elas nos revelam que, no mundo espiritual, não há eventos finitos nem condições
estáticas. Início e fim coexistem em um eterno presente. Do ventre do Criador,
emana uma irradiação contínua de sementes de vida e acontecimentos, que, ao
penetrar no plano do tempo e espaço, se cristalizam, tornando-se transitórios.
Essa cristalização exige, inevitavelmente, dissolução, abrindo caminho para
novas manifestações.
Assim como a água de um lago evapora
para o céu e retorna em forma de chuva, fluindo de volta ao mar, o Espírito do
Amor emana continuamente do Criador. Essa energia divina flui dia após dia pelo
Universo Solar, resgatando-nos do peso da matéria e guiando-nos rumo à
espiritualidade. Essa força é, literalmente, o Cristo recém-nascido que
celebramos com a chegada do Natal. Não é por acaso que o Natal se tornou o
evento mais significativo do ano para a humanidade.
Mais do que a celebração do nascimento
de Jesus, o Natal simboliza o renascimento do Amor e da Vida divina,
necessários para redimir o mundo do frio espiritual e material. Sem essa
renovação anual da energia divina, pereceríamos e nosso progresso estagnaria.
Por isso, é importante refletirmos sobre o verdadeiro significado do Natal,
aprendendo a enxergá-lo com a pureza de uma criança, que aguarda ansiosa pela
festa e pelos presentes prometidos.
Imaginemos, por um momento, se
recebêssemos os mesmos brinquedos quebrados do ano anterior. A decepção seria
inevitável. Mas nada disso se compara à catástrofe cósmica que ocorreria se o
Criador deixasse de nos ofertar o presente anual do Cristo do Natal. O Cristo
do ano que termina ofereceu sua Vida e seu Amor sem limites, até o último
instante. Agora, com confiança, aguardamos o nascimento místico do Cristo do
novo ano, trazendo consigo renovada Vida e Amor para suprir nossas necessidades
físicas e espirituais.
Essa renovação divina atinge seu ápice
no período natalino, quando recebemos o maior presente de todos: o Cristo do
novo ano. É nesse sentimento de Amor infinito que encontramos a força para
prosseguir, guiados pela Luz que ilumina o nosso caminho e renova a esperança
em nossos corações.

0 Comentários