Por Mateus Hautt Nörenberg
O termo caveira é derivado do latim “calvaria”
ou “crânio”.
Carrega um misticismo com sua imagem, carregada
de alegria ou pavor, para muitos representa a morte, o azar, alguns demonizam a
imagem, muito utilizada em filmes de terror, o que de certa forma contribui
para a popularização vinculada com presságios ruins, por outro lado, os que
realmente possuem um entendimento mais abrangente, a entendem e inclusive a
difundem, esses agregam uma representatividade que contribui para que a imagem,
além de utilizada em ritos, seja aculturada em povos.
Dentro da cultura mexicana, é celebrado o dia
dos mortos, onde as caveiras coloridas lembram com alegria e festividade amigos
e familiares que já partiram, uma festa que tem por principal caracterização a
caveira. Na cultura nórdica, eram utilizadas caveiras em rituais pagãos,
normalmente representando a passagem da vida para a morte. Algumas tribos
indígenas cultivam uma tradição antiga em seus festivais, usando caveiras e
ossos como símbolo de conexão com seus ancestrais. Outra data também muito
conhecida e difundida, que hoje já se apresenta representada com mais formas,
não somente com a caveira, é o Samhain, data festiva que deu origem ao
Halloween, originária na Irlanda e disseminada nos Estados Unidos, onde se
celebra a transição para o inverno.
Na Bíblia Sagrada, algumas traduções apresentam
a palavra caveira como local onde Cristo foi crucificado, citado como monte da
caveira, um lugar onde os condenados eram mortos. No início do texto, trouxe a
origem do latim “calvaria”, por isso existe a definição conhecida por todos nós
como calvário, que lá Cristo entregou sua vida. Não à toa foi neste local onde
ocorreu o marco de sua história, seu último ato e suas últimas palavras, que
foram de fé e confiança: “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito.” Como
escrito no evangelho de Lucas 23: 46. Aqui faço uma ponte entre Cristo e a
caveira, onde ambos representam vida e morte, representam, pois, diante da
doutrina Cristã, todos creem no Cristo vivo, aquele que ressuscitou.
Na maçonaria, o primeiro contato que de fato
faz uma alusão técnica do que ela realmente representa é tido na câmara das
reflexões, ali o crânio representa a morte dos vícios, ali morre o profano, que
renasce maçom.
Para nós, maçons, a caveira continua se
mostrando ainda, tanto em imagem quanto em simbolismo, tanto na matéria quanto
no quinto elemento, muito mais latentes no grau de mestre, onde o renascimento
e elevação de nível da consciência é atingida, ou pelo menos deveria ser.
Uma das principais missões da maçonaria é
mostrar a todos os seus membros a igualdade, que independe de classe social,
bens etc. Somos todos iguais, isso pode soar confuso e ao mesmo tempo
esclarecedor, confuso para aqueles que não conhecem a forma que realmente é a
maçonaria e esclarecedor para todos nós, maçons, livres pensadores, pois temos
em nossa mente que a vida é uma passagem e a morte propriamente dita é o mais
inevitável destino.
O mais incrível de tudo é a transformação, de
matéria em pó, de vida em morte, a transcendência do corpo. Tolo aquele que
julga a morte, que julga a desigualdade sem praticar a benemerência, julga o
outro e crucifica as suas atitudes como se fosse um juiz que corruptamente se
vende por poder. O que mais contempla uma vida toda são os atos, pois eles se
tornarão lembrança, seja na vida de nossa família, na vida de nossos amigos, de
nossos irmãos ou na vida de estranhos que em nosso caminho ajudamos e
praticamos a honorabilidade.
Por fim, a “calvaria”, ensina e nos repreende,
mas ao mesmo tempo transmite a sincera mensagem de que a caveira é um símbolo
que transcende a vida. Ela é o único espelho que vai te mostrar a tua imagem
fiel. Nesse espelho, você não escolhe a imagem, não muda, não tem poder nenhum
que vá alterar a imagem final.
O grande médium Chico Xavier, na obra
Libertação, por André Luiz cita: “A morte é simples mudança de veste, somos o
que somos. Depois do sepulcro, não encontramos senão o paraíso ou o inferno
criado por nós mesmos.”
BIBLIOGRAFIA
• BÍBLIA
SAGRADA, Versão Almeida revista e corrigida.
• XAVIER, CHICO, Libertação Livro 6.
(*) Mateus Hautt Nörenberg
Mestre Maçom
Loja Hiran Abiff, 535
Oriente de Porto Alegre, RS
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